Hospital Universitário da USP oferece
tratamento contra tabagismo
Julho 18, 2011
Se você é fumante de qualquer idade, mora em São Paulo (preferencialmente na
região do Butantan, zona oeste) e pretende largar o vício, inscreva-se no Grupo
Antitabágico do Hospital Universitário (HU) da USP. As inscrições estão abertas
e o tratamento gratuito de um ano começa dia primeiro de agosto.
A iniciativa existe desde 2004 e inicialmente atendia somente os funcionários do
HU. Depois, foi ampliado para a comunidade uspiana. Hoje, o serviço é oferecido
a qualquer cidadão. Em mais de seis anos de existência, já atendeu quase 1,6 mil
pacientes. Dos matriculados, em média, 45% param de fumar, o que o pediatra João
Paulo Becker Lotufo, idealizador e coordenador do projeto, avalia como ótima
estatística em termos mundiais. Ele informa que o programa oferece 30 novas
vagas por mês, mas tem capacidade para superar esse número.
No entanto, Lotufo lembra que o serviço não visa a atender toda a população:
"Nossa meta, como universidade pública, é atuar na área de ensino e pesquisa no
tratamento de tabagismo". Ele lembra que o tema é abordado no curso de pediatria
da Faculdade de Medicina da USP.
"Fissura"
Desde 2007, o HU é credenciado pelo Ministério da Saúde e recebe medicamentos
para reposição de nicotina e antidepressivo. O interessado no tratamento assiste
a quatro palestras num grupo de acolhimento. Lotufo informa que esse é o período
mais difícil do tratamento, quando há a crise de abstinência. Os profissionais
ensinam técnicas de como se afastar do cigarro ou dificultar o acesso a ele.
Após esse período, o paciente tem acompanhamento individual de psicólogo durante
um ano. Dependendo do estágio do vício, o paciente não precisa comparecer ao HU
toda semana. O médico diz que essa assistência psicológica contínua, algo
inédito no tratamento de fumantes, é fundamental para diminuir as recaídas.
O programa também se destina a quem interrompeu a assistência ou reside em
outros bairros da cidade. No entanto, é necessário que a pessoa tenha facilidade
para o deslocamento periódico à USP. Rosângela Rodrigues Pereira, funcionária da
Veterinária, fumava desde os 11 anos de idade. Chegou a participar do projeto há
três anos, mas voltou a fumar. Hoje, reiniciou o tratamento e já conseguiu
reduzir de um maço por dia para meio cigarro.
Para acabar com a "fissura" (vontade extrema de fumar), é recomendado
medicamento como a vareniclina, que inibe a vontade de fumar ao bloquear os
centros receptivos de nicotina no cérebro. Outra alternativa é o adesivo -
repositor da nicotina no sangue.
Mais depressão
Durante a desintoxicação, goma de mascar e pastilha são bem-vindas para
compensar a ausência de nicotina. "Existem outras técnicas, como tomar água
gelada, banhar-se ou caminhar", aconselha o médico. Ele informa que após três
minutos, a fissura não existe mais.
Depois do tratamento químico, o paciente está livre da dependência da nicotina.
Porém, mesmo após anos de vício, a dependência psicológica ainda persiste. "Há
remédios para parar de fumar, mas não existe remédio que impeça as recaídas.
Essa é nossa preocupação", frisa.
Quem deixou o cigarro de lado volta ao hospital uma vez por mês para garantir a
manutenção e quem ainda é tabagista retorna ao ambulatório do HU uma vez por
semana.
A dependência psicológica pode ser comportamental ou emocional. A primeira é a
dependência do hábito, em que o fumante pega o cigarro sem perceber. Os gatilhos
também são inimigos de quem está tentando parar. São ações que vêm seguidas do
fumo, como dirigir, almoçar ou tomar café.
Já na dependência emocional, o cigarro é usado como calmante. A presença de
depressão entre fumantes é duas vezes maior do que na população comum. O cigarro
é usado como antidepressivo porque libera hormônio do prazer, a dopamina. Lotufo
lembra que o tabaco foi difundido na Europa pela rainha Catarina de Médici que
se dizia curada da enxaqueca por causa dos seus efeitos.
O produto é a principal causa de morte evitável no mundo. A Organização Mundial
da Saúde (OMS) estima que 1,2 bilhão de pessoas são fumantes. Entre 2005 e 2010,
o governo brasileiro investiu R$ 86,2 milhões no tratamento nessa área. "Hoje
sabemos que o tabagismo é a droga mais viciante que existe e pode ser o
iniciador de drogas ilícitas. O adulto tabagista passivo tem 25% a mais chance
de infarto e câncer de pulmão. Além disso, as crianças tabagistas passivas
apresentam mais otites, bronquites e asma. Registra-se até o dobro de morte
súbita em bebês, cujos pais são fumantes", alerta o médico.
Perfil dos fumantes atendidos
- Dos 1,6 mil pacientes atendidos, 49% são funcionários da USP, 24% da
comunidade do Butantã, 10% de outras regiões e 3% são alunos da Universidade. Os
dependentes representam 9% da assistência.
- Cerca de 65% dos inscritos são mulheres e 35% homens. A maioria tem entre 41 e
50 anos (38%), seguido dos fumantes com idade entre 51 e 60 anos (26%). Entre
eles, fumaram em média por 31 a 40 anos (35%) ou de 21 a 30 anos (30%).
- Parcela considerável dos pacientes do grupo iniciou o vício ainda jovem, com
idades entre 11 e 15 anos (41%) ou 16 a 20 anos (34%).
- Metade dos participantes fumou entre 11 e 20 cigarros por dia e 19%, de 21 a
30.
- Quase metade das pessoas (48%) apresenta média dependência ao tabaco e 24%
possuem elevada dependência.
- Maioria (80%) dos participantes já tentou parar de fumar, 27% tentaram uma vez
e 22% mais de quatro vezes.
- Cessação de tabaco ocorreu em 22% dos casos sem uso de medicação e em 45%, com
algum remédio.
Serviço
Interessados em se inscrever para o tratamento no HU devem preencher ficha no
site www.hu.usp.br, link pare de fumar, saiba como e aguardar por e-mail a
confirmação. Outra opção é comparecer às segundas-feiras, das 8 às 11 horas, no
ambulatório do Grupo Antitabágico do HU, que fica na Av. Prof. Lineu Prestes,
2565. Cidade Universitária. Outras informações pelo telefone (11) 3091-9337 ou
site www.tabagismo.hu.usp.br.
Fonte: Assessoria de Comunicação do Governo do Estado de São Paulo
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