Fundação Seade divulga pesquisa que mostra
mudanças no perfil dos paulistanos
Janeiro 21, 2010
A Fundação Sistema
Estadual de Análise de Dados (Seade) divulgou uma pesquisa que mostra as
mudanças no perfil dos paulistanos nos últimos 60 anos. Com aproximadamente 11
milhões de habitantes, a capital paulista é de longe a maior cidade brasileira,
em termos demográficos e econômicos, concentrando 5,7% da população residente no
País e 26,2% no Estado de São Paulo.
Hoje a população cresce a taxas de 0,59% ao ano, o que representa 10% daquela
registrada na década de 1950, quando correspondia a 5,58%. O crescimento no
passado foi intensamente influenciado pelo componente migratório, uma vez que o
dinamismo econômico da cidade até os anos 1980 atraía pessoas originárias de
todo o país, e pelas altas taxas de fecundidade de suas mulheres. Ao longo de
todos esses anos, diversas características se alteraram e o perfil do paulistano
mudou sensivelmente.
A densidade demográfica, representada pela relação entre número de habitantes e
área do município, quintuplicou entre 1950 e 2010, ao passar de 1,44 mil
habitantes por quilômetro quadrado para 7,26 mil habitantes por quilômetro
quadrado. Nesse período, o número de domicílios ocupados na capital paulista
elevou-se em oito vezes (de 455 mil para 3,6 milhões), mas a média de pessoas
por domicílio diminuiu de 4,8 para 3,1, como reflexo da redução do tamanho das
famílias.
As mulheres, tradicionalmente, compõem a maioria da população paulistana. Ao
longo dos últimos 60 anos, porém, a sua participação se ampliou sensivelmente.
Em 1950, havia 100 mulheres para cada 97 homens residentes na capital paulista.
Hoje essa relação é de 100 para 90. A faixa etária em que estas diferenças se
ampliaram é a que concentra a população idosa, com mais de 60 anos. Em 1950,
havia 80 idosos para 100 idosas; agora tal relação corresponde a 70 para 100, o
que reflete o aumento mais intenso do contingente feminino nesta faixa etária.
Ao longo desses anos, o padrão etário da população ficou mais maduro, dobrando a
participação dos idosos no total da população e diminuindo em 5% a dos jovens
com menos de 15 anos. A idade média dos habitantes da Capital elevou-se em seis
anos, ao passar de 27 para 33 anos. Em 1950, metade do contingente populacional
encontrava-se nas idades inferiores a 24 anos, revelando uma população bem
jovem. Hoje, tal concentração ocorre em idades até 32 anos, indicando uma
população mais adulta. Tais mudanças se refletem, também, na relação entre a
quantidade de idosos para cada 100 jovens, que subiu quase três vezes, de 18
para 49.
Diariamente, nascem, em média, 476 crianças de mães residentes no Município de
São Paulo. Em 1950, esse número era de 169. Contudo, o indicador que relaciona
número de nascimentos e de mulheres em idade fértil (entre 15 e 49 anos) - a
taxa geral de fecundidade - apresentou redução relevante: passou de 94 para 57
nascidos vivos para cada mil mulheres nessa faixa etária, apontando importante
redução na fecundidade.
Em 1950, os homens casavam-se, em média, com 27 anos e as mulheres, com 24.
Hoje, a idade média ao casar elevou-se em cinco anos, tanto para os homens (32
anos) quanto para as mulheres (29 anos). Além disso, a relação entre o número de
casamentos e a população residente na capital paulista (taxa de nupcialidade)
diminuiu de nove para seis casamentos por mil habitantes.
Atualmente, morrem na capital paulista, em média, 180 pessoas por dia,contra 61
em 1950. No entanto, a relação entre o número de óbitos e a população residente
(taxa de mortalidade) diminuiu de forma expressiva: de dez para seis óbitos por
mil habitantes.
Há 60 anos, os óbitos infantis correspondiam a 25% do total de mortes em São
Paulo. Hoje essa proporção não passa de 3%. Ao lado da mudança do perfil etário
da população, tal retração se explica pela substancial queda da taxa de
mortalidade infantil no período: de 90 óbitos de menores de um ano por mil
nascidos vivos, em 1950, para 12 por mil, em 2008.
Em 1950, apesar de a população residente na cidade já ser redominantemente
brasileira, ainda existia importante participação de pessoas de outras
nacionalidades em sua composição. Naquele ano, do total de casamentos ocorridos
em São Paulo, 12% incluíam pelo menos um cônjuge estrangeiro. Hoje, tal
proporção é de apenas 2%. Nessa mesma direção apontam outros indicadores. Por
exemplo, a proporção de mulheres estrangeiras que tiveram filhos em 1950 sobre o
total de nascimentos ocorridos naquele ano foi de 8,0%, contra os atuais 1,4%;
ou a proporção de óbitos de estrangeiros no total de óbitos, que passou de 24%
para 7%. Essas cifras mostram a progressiva e intensa redução na participação de
estrangeiros na população paulistana.
Maria ainda é o nome preferido pelos pais
A pesquisa do Seade traz também algumas curiosidades. Entre 1950 e
2010, os pais foram mudando a preferência nos nomes escolhidos para seus filhos
nascidos na capital. Na metade do século XX, uma em cada quatro meninas nascidas
era chamada de Maria - dessas 10% chamavam-se Maria Aparecida. Os outros nomes
mais frequentes eram Tereza ou Terezinha, Ana, Aparecida, Marlene, Neuza,
Antonia, Josefa, Francisca e Luíza.
No final da primeira década do século XXI, a escolha de nomes das meninas passou
a ser outra. Embora Maria continue na liderança, concentra apenas 8% do total.
Maria Eduarda aparece agora em metade dos nomes compostos com Maria, mas Maria
Aparecida já não está entre os preferidos. O segundo nome feminino mais
escolhido pelos pais é Ana, com participação de 7,4%, que também era um dos
preferidos no passado. Porém os demais nomes que os pais atuais escolhem para
suas filhas são totalmente distintos dos de antigamente: Júlia, Isabela,
Beatriz, Sofia, Giovana, Iasmin, Vitória e Mariana.
Também para os meninos essa seleção mudou. Há 60 anos, os nomes preferidos para
os filhos eram José, com 13% dos nomes masculinos, seguido por Antonio, João,
Luiz, Francisco, Manoel, Carlos, Pedro, Paulo e Nelson. Hoje, desse rol,
mantêm-se apenas os nomes Pedro e João, que disputam as preferências dos pais
com Gabriel, Gustavo, Mateus, Lucas, Guilherme, Vitor, Artur e Davi.
Dados econômicos
A cidade responde, hoje, por 12% do Produto Interno Bruto e por mais de
35% do que é gerado no Estado de São Paulo. O PIB paulistano é superior ao de
qualquer Estado brasileiro, exceto o do próprio Estado de São Paulo.
Há 60 anos, o Município de São Paulo ainda não era o maior do País, mas já
disputava a primazia econômica e demográfica com o Rio de Janeiro, então capital
federal. Foi ao longo da década de 1950 que São Paulo assumiu a liderança
econômica e passou a ser o município mais populoso do Brasil - em 1950, a
população paulistana já atingia 2,2 milhões de pessoas, representando 4,2% dos
brasileiros e 24,1% dos paulistas, e o valor de sua produção industrial
correspondia a quase um quarto da brasileira.
Fonte: Seade
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