Mostra de Tarsila do Amaral está até março na Pinacoteca
Sábado, 19 de Janeiro de 2008 às 12h21
Tarsila do Amaral é uma das artistas que melhor representa a arte brasileira.
Suas obras modernistas causaram polêmica nos anos 1920 e um de seus quadros,
Abaporu, inspirou o Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade, que comemora 80
anos. Com o passar do tempo, surgiram novas abordagens e reflexões sobre a obra
da artista. Tarsila Viajante, mostra em cartaz até 16 de março na Pinacoteca do
Estado, aborda a influência das viagens que a pintora realizou em seu trabalho.
Estão expostas 35 pinturas e 120 desenhos, incluindo Abaporu, A negra e
Antropofagia.
Tarsila do Amaral nasceu em Capivari, interior de São Paulo, em 1886. Entre 1920
e 1933, período mais significativo de sua produção, visitou diversas vezes a
Europa, e conheceu também o Oriente Médio e a Rússia. Os intervalos dessas
viagens passou numa fazenda no interior de São Paulo. Toda essa vivência
influenciou diretamente na sua produção artística.
Tendo essas viagens como tema, a exposição foi divida em seis partes:
1. Anos de formação:
Em 1920, Tarsila leva a filha a um colégio interno em Londres. Em seguida, vai a
Paris, matricula-se na tradicional Académie Julian e, logo depois, passa a
freqüentar a academia de Emile Renard, de perfil mais livre. Durante esse
período, viaja diversas vezes a Londres para visitar a filha, vai à Espanha
(1921) e, antes de retornar ao Brasil, passa por Veneza. São dessa época as
pinturas Grande Avenida, Vista do Hotel de Paris e Rua de Segóvia.
2. Ensaios modernistas:
Quando regressa a São Paulo, em junho de 1922,
Tarsila conhece os artistas e intelectuais que haviam participado da Semana de
Arte Moderna, realizada no início do mesmo ano. A partir de então, aguça seu
olhar para a arte moderna. Em dezembro de 1922, retorna a Paris e, no início de
1923, viaja a Portugal e Espanha em companhia de Oswald de Andrade. De volta à
França, estuda com os mestres cubistas Lhote, Gleizes e Léger. Em meados de
1923, o casal passa pela Suíça e faz um tour pela Itália. No final do ano,
voltam ao Brasil. São dessa época as pinturas Pont Neuf, de influência cubista,
e Rio de Janeiro, vista estilizada da Baia de Guanabara, além de cadernos de
registros e desenhos dos locais visitados.
3. O “descobrimento” do Brasil:
Em 1924, Tarsila passa o Carnaval no Rio de Janeiro, acompanhada pelo poeta
franco-suíço Blaise Cendrars e por um grupo de modernistas paulistas. O mesmo
grupo segue na Semana Santa para as cidades históricas de Minas Gerais, onde a
pintora se encanta com as raízes coloniais brasileiras. Resulta dessas viagens
uma série de pinturas, nas quais Tarsila registrou elementos das paisagens
carioca e mineira: Carnaval em Madureira, E.F.C.B.,Morro da Favela, Palmeiras e
O Mamoeiro. Além das paisagens e arquitetura barroca, tarsila interessou-se por
elementos da cultura popular, que originaram pinturas como O Vendedor de Frutas,
Feira I e Feira II, Anjos, Religião Brasileira e Romance. A capital paulista é
tema das pinturas São Paulo (Gazo) e São Paulo, sendo esta uma estilização do
Parque do Anhangabaú, no Centro da cidade.
4. Viagem ao Oriente Médio:
No final de 1925, Tarsila retorna a Paris. Em
janeiro de 1926, embarca com um grupo de amigos para uma viagem pelo Oriente
Médio. Munida de caderninhos de anotações, registra diversas paisagens do Egito,
Grécia, Chipre, Israel, Turquia e Líbano. A exposição Tarsila Viajante
apresentará cerca de 20 desenhos inéditos que fazem parte desse conjunto.
5. Brasil mágico:
A busca de brasilidade iniciada em 1924 ganha outro viés a partir de 1928,
quando Tarsila busca inspiração nas histórias de assombrações, lendas e
superstições ouvidas na fazenda onde passou sua infância. Surgem então as
“paisagens antropofágicas”, habitadas por seres fantásticos e vegetação
exuberante. São dessa fase as pinturas Cartão-postal,Sol poente, O lago, A lua,
Manacá, O sono, Antropofagia, Abaporu e A Negra, além de uma série de desenhos
com o mesmo conteúdo.
6. Viagem à Rússia:
Depois da quebra da Bolsa de Nova York, em 1929,
e a conseqüente crise do café, as luxuosas viagens de Tarsila chegam ao fim –
assim como seu casamento com Oswald de Andrade. Em 1931, Tarsila vende alguns
quadros de sua coleção particular para levantar recursos para uma viagem à União
Soviética com seu novo companheiro, o psiquiatra Osório César. O casal viaja a
Moscou, Leningrado e Odessa. Na volta à Paris, passa por Ialta, Sebastopol,
Constantinopla, Belgrado e Berlim. Tarsila registra estas cidades em diversos
desenhos, mas não produz quadros inspirados na paisagem russa. No entanto, as
experiências vividas nesta viagem – e a convivência com Osório César – dão
origem a pinturas com motivos sociais, entre as quais Operários e Segunda
classe.
Serviço
Tarsila Viajante
Em exposição até 16 de março de 2008.
Pinacoteca do Estado
Praça da Luz, 2 – Luz.
(11) 3229-9844. Terça a domingo, das 10h às 18h. R$ 4 e meia-entrada.
Grátis aos sábados.
Fonte: Secretaria Estadual da Cultura
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