São Paulo ganha Parque da Consciência Negra
Novembro 23, 2009

Os moradores de Cidade Tiradentes ganharam um presente na última sexta-feira (20/11): o Parque Municipal da Consciência Negra. O nome é uma homenagem à população local, formada em boa parte por descendentes de negros. Além de entregar o parque, o prefeito de São Paulo também deu início à segunda fase do Programa de Recuperação de Crédito 1.000, da Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (Cohab), que renegocia as dívidas de moradores de Conjuntos Habitacionais.

"No dia da Consciência Negra, nada melhor do que entregar este parque, que leva seu nome", disse o prefeito. "Se tem algo que podemos lamentar, é a histórica falta de um número adequado de parques em São Paulo. Hoje, é mais difícil fazê-los, pois a cidade está ocupada e as áreas livres são mais caras. Mas vamos continuar", concluiu o prefeito, que relembrou o compromisso de deixar a Cidade com 100 áreas verdes.

O novo parque tem mais de 162 mil m² e está localizado a 200 metros da nascente do córrego Itaquera, que cruza sua área ainda preservada de Mata Atlântica. O local possui também uma mata de reflorestamento. Integra, ainda, o programa 100 Parques para São Paulo.

No local, foram construídos quiosques, uma ciclovia de 600 metros, pista para caminhada, parque infantil e um grande terreiro para a prática de capoeira, danças e apresentações culturais. Futuramente serão colocados em vários pontos do parque totens com informações sobre grandes brasileiros de origem africana, como o poeta Castro Alves e o engenheiro e geógrafo Teodoro Sampaio.

Durante a cerimônia, o prefeito plantou um baobá, árvore de origem africana de grande longevidade. A festa de inauguração do parque contou com apresentação de roda de capoeira, grupo de percussão e dança e exposição de máscaras africanas, confeccionadas com argila do parque.

Entre as obras de construção do parque está a revitalização do córrego, feita pela Sabesp. "Isto aqui era um rio de esgoto. Muitos meninos aqui nunca viram um rio limpo. Isto é o que fazemos, graças ao programa Córrego Limpo", afirmou o secretário do Verde e do Meio Ambiente, que também destacou a acessibilidade do parque.

As opções de lazer eram poucas na região, como bem sabem os moradores. "A comunidade é isolada, tudo é distante. Se os meninos não tiverem um espaço cultural como este, podem se envolver com coisas erradas. Este parque é um grande apoio para nós", afirmou Antônio José Vieira, o mais antigo mestre em atividade em Cidade Tiradentes.

Mestre Antônio ensina 120 crianças acima de 5 anos a treinar capoeira, da confecção dos instrumentos às danças. "Levei uma vez as crianças para o Parque do Carmo, em Itaquera. Muitos nunca tinham ido a um parque. Agora quero trazê-las aqui, porque elas gostaram bastante", afirmou.

Alívio para os moradores

Durante a inauguração, teve início a 2ª fase do Programa de Recuperação de Crédito 1.000, cujo objetivo é renegociar as dívidas de moradores de Conjuntos Habitacionais, começando pela Cohab Cidade Tiradentes. Os débitos poderão ser parcelados em até 25 anos, com parcelas que variam de R$ 97 a R$ 186. Há desconto de 15% para quitação à vista.

Em Cidade Tiradentes, estão concentrados mais de 50% dos inadimplentes da Cohab. São cerca de 42 mil mutuários inadimplentes do total de 160 mil unidades financiadas pela Companhia. Para marcar o lançamento desta segunda fase, o prefeito entregou o primeiro contrato de renegociação de dívida ao morador Davi José Gomes de Lima.

Davi, 44 anos, tem uma história similar àquela de outros participantes do programa. "A prestação estava muito alta. Eu fiquei, em 2001, um tempo desempregado e parei de pagar. Começou a chegar multa, e aí não deu mais para reverter a situação", afirmou.

Quando ele e a mulher conseguiram novos empregos, tentou renegociar a dívida, mas mesmo assim não poderia pagar a parcela de R$ 537. Foi quando a filha Ester soube no Telecentro do Programa 1000. "No dia seguinte, corri até o Telencentro e fiz a adesão. Já até paguei a primeira parcela, de R$ 97", conta a esposa de Davi, Maria Júlia.

Criado em maio de 2008, o Programa foi aperfeiçoado para se adequar à realidade financeira dos mutuários: por causa do longo período de inadimplência, sobre o qual recai multa e juros, o saldo devedor desses apartamentos chegava a ser cinco vezes o valor do próprio imóvel. A solução encontrada foi substituir o contrato original por um novo.

Os moradores devedores que não sejam os mutuários originais (a maioria, 75%) e não possuam documento de propriedade podem, além de saldar as dívidas, regularizar sua situação e ter o imóvel em seu nome, enfim, com tranqüilidade.

"Eu nem sei o quanto devia. A gente tem família. Se não tivermos um lar, como é que faz? Particularmente, estava ficando desesperado", afirmou Davi, agora confiante para, "se Deus quiser", completar o pagamento.

Cidade Tiradentes, no extremo leste da capital, está situada a 35 quilômetros do marco zero na Praça da Sé, e é considerada o maior complexo de conjuntos habitacionais da América Latina, abrigando cerca de 40 mil unidades. Possui uma população estimada em 254 mil habitantes.
 

Fonte: Prefeitura de São Paulo

Compartilhe: