Inauguração de ponte avança ligação com a
Imigrantes e re-urbaniza parte da zona Sul
Maio 12, 2008.
A Prefeitura da Cidade de São Paulo inaugurou sábado (10) a Ponte Estaiada
Octávio Frias de Oliveira, nova etapa da Operação Urbana Água Espraiada, cujo
objetivo é re-urbanizar a área de influência da avenida Jornalista Roberto
Marinho e estabelecer uma ligação com a rodovia dos Imigrantes, que liga a
capital paulista à Baixada Santista. A avenida Jornalista Roberto Marinho será
estendida até a avenida Pedro Bueno, onde será construído um túnel até a rodovia
dos Imigrantes. As obras da ligação até a avenida Pedro Bueno serão iniciadas
até o final deste ano. A Operação Urbana Água Espraiada está sendo executada por
intermédio de intervenções coordenadas pela Empresa Municipal de Urbanização,
EMURB, com o objetivo de implantar melhorias e transformações urbanísticas,
sociais e ambientais em uma das regiões que mais crescem na cidade, com mudanças
viárias, habitacionais e no transporte coletivo. O nome da ponte é uma homenagem
ao empresário e publisher do grupo Folha da Manhã Octávio Frias de Oliveira
(1912-2007).
A região também ganhará uma linha de metrô, o
chamado "metrô leve", que utiliza veículo leve sobre trilhos (VLP). A primeira
etapa ligará a estação São Judas, da Linha 1 - Azul, ao aeroporto de Congonhas e
deverá estar concluída em 2010. Também serão construídos conjuntos habitacionais
para as famílias que vivem em moradias precárias na área da ponte. No lado do
Jardim Edith serão construídas 550 unidades habitacionais - e demais
equipamentos urbanos -, e no lado do Real Parque serão construídas 750 unidades.
Após retomar as obras do Complexo Viário Real
Parque, a EMURB concluiu em março de 2006 as duas alças de acesso José Bonifácio
Coutinho Nogueira.
A ponte Octávio Frias de Oliveira é um marco na arquitetura nacional, pois foi
construída com um formato único no mundo: duas pontes em curva formando um X e
sustentadas por estais ligados a um único mastro.
O "X" da ponte
O mastro da ponte Octávio Frias de Oliveira, com 138m de altura, tem formato de
um X, com largura transversal máxima (na base) de 76m; largura transversal
mínima (no topo) de 35,30m; e largura longitudinal 12,90m. A altura do mastro
equivale a de um prédio de 46 andares. O acesso para manutenção do mastro será
feito por escadas fixas de aço, com patamares a cada 6m.
Os Estais
A sustentação das pontes é feita por estais, que são feixes de cabos que variam
de 15 a 25 cordoalhas de aço, revestidas por uma bainha de polietileno amarelo,
cuja finalidade é proteger os estais da chuva, do vento e dos raios do sol. São
492 toneladas de aço, que se fossem colocadas lado a lado daria para percorrer
378 mil metros, equiparável à distância entre a cidade de São Paulo e a de
Ourinhos (370m). O maior estai tem 195m e o menor 78m. A distância entre os
estais é de 7m do lado do rio, e de 6,5m do lado do sistema viário. Conforme o
arquiteto João Valente, projetista da ponte estaiada, "a cor amarela dos estais
foi escolhida por razões estéticas. A idéia foi montar uma espécie de 'rede de
luz' no meio do céu".
As pontes
O comprimento das pontes é de 2.887m. Os vãos estaiados possuem 290m, com 16m de
largura, sendo 10,5m para as três faixas de rolamento.
A ponte mais alta, sentido avenida Jornalista Roberto Marinho para a Marginal
Pinheiros, tem um vão de 23,4m de altura, e a mais baixa, sentido Marginal
Pinheiros para avenida Jornalista Roberto Marinho, tem 12m.
O asfalto utilizado nas pontes é da categoria SMA (Stone Mastic Asphalt), mesmo
tipo usado no Autódromo Luis Carlos Pace (Interlagos). Essa pavimentação
apresenta alta resistência a impactos e a cargas em movimento. Também permite
maior drenagem e evita deformações do asfalto.
Nos 290m estaiados de cada lado foram colocadas placas de alumínio chamadas de
"narizes de vento", utilizadas para dissipar o vento nas pistas. Tanto as pontes
quanto o mastro são pintados com um verniz antipichação que permite até quatro
lavagens consecutivas.
As pontes possuem um sistema de drenagem de águas pluviais que faz com que a
água passe por caixas de passagem antes de ser lançada ao solo, o que evita a
sujeira nas pistas.
A ponte estaiada virou ponto de referência na cidade antes mesmo de ficar
pronta. Durante a construção, diversas equipes de revistas, televisões e
agências de publicidade de todo o país usaram a obra como pano de fundo para
fotos de catálogos de moda, e gravações de propagandas comerciais. Alunos de
engenharia e arquitetura de universidades paulistanas também visitaram a ponte.
Iluminação
A ponte Octávio Frias de Oliveira possui iluminação especial, fornecida pela
empresa Philips. Durante a noite, a parte interna do mastro contará com
iluminação colorida, por meio de projetores ColorBlast, equipados com Led,
sistema que torna possível a troca de cores, especialmente em datas ou eventos
especiais, e consome 53% menos de energia do que os sistemas comuns. As pistas e
as alças de acesso também receberão iluminação especial.
O projeto
Em 2003, a Prefeitura da Cidade de São Paulo, por intermédio da Empresa
Municipal de Urbanização (Emurb), iniciou licitação para a construção de duas
pontes estaiadas sobre o rio Pinheiros. O projeto inicial traria um impacto
urbanístico maior, além de ser mais caro. O arquiteto e urbanista João Valente
Filho teve a idéia de fazer duas pontes menores, em forma de 'X', e sustentadas
por estais ligados a um único mastro. Valente desenvolveu a idéia juntamente com
o engenheiro Catão Ribeiro. O formato escolhido resolveu os problemas
urbanístico e financeiro, pois a obra ficou menor e mais barata, afirma João
Valente.
Uma maquete, nas mesmas proporções das pontes, passou por testes de vento na
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRS. O teste mostrou que as pontes
suportam ventos de até 220Km, ou um furacão de nível quatro (escala de um a
cinco).
As equipes que participaram do projeto são constantemente convidadas para
participar de congressos sobre pontes em várias partes do mundo, devido ao
formato único e inovador da obra.
Certificados de Potencial Adicional de Construção
O investimento para a construção da ponte estaiada foi de R$ 260 milhões. A
maior parte do valor foi financiada pela venda de CEPACS (Certificados de
Potencial Adicional de Construção), que permitem ao pode público financiar obras
de operações urbanas sem o endividamento do município, e também possibilitam a
construção, em algumas regiões, de imóveis com tamanho maior do que o previsto
para o local.
Histórico
A execução das obras de melhoramento viário da Operação Urbana Consorciada Água
Espraiada, referentes ao Complexo Viário Real Parque, foi iniciada em 2003, após
o Decreto de Utilidade Pública (DUP) que delimitou a área de intervenção.
Inicialmente foi construída a avenida Jornalista Roberto Marinho, e erguidos
parte dos pilares das alças de acesso da avenida sentido Santo Amaro e
Pinheiros. As obras caminharam lentamente até maio de 2005, quando foram
retomadas, após avaliação do custo/benefício.
Viadutos José Bonifácio Coutinho Nogueira I e II
Os dois viadutos, juntos, possuem 1.668m de comprimento, com duas faixas de
tráfego por viaduto, de 3,60m de largura cada uma delas. Foram construídos com
64 vigas pré-moldadas de concreto protendido de 33,20m de comprimento, pesando
cada uma 117 toneladas, e 94 vigas pré-moldadas em concreto armado com 23,20m de
comprimento pesando cada uma 86,2 toneladas.
As vigas foram lançadas sobre os pilares com a ajuda de dois guindastes, um com
capacidade para levantar 45 toneladas e outro com capacidade para suportar 60
toneladas.
Fonte: Emurb.
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