Sinopse: O Jarro Lua surgiu na Coreia no início do século XVIII, quando o país vivia um período de paz após quase dois séculos de sucessivas invasões japonesas e chinesas. Feito de porcelana branca, ele é conhecido pela superfície leitosa, sem desenhos, e pela forma esférica de grandes dimensões. Devido ao tamanho, o jarro é feito manualmente em duas partes que nunca serão exatamente iguais. Sua beleza serena e austera, de individualidade contida e resignada, é identificada com o confucionismo. Em Trajetos de identidade, Bel Ysoh apresenta uma série de esculturas inspiradas nesta técnica centenária, juntamente com pinturas, desenhos, fotografias e vídeos. Os trabalhos remetem a ícones culturais coreanos – Jarros Lua, cerimônia do chá e regras de comportamento – para confrontá-los. No caso dos objetos tridimensionais, a artista aplica uma camada de pasta de porcelana branca sobre a cerâmica, mas de modo que a peça rejeite o material e descasque. Outros processos de descamação e raspagem constituem as obras expostas, muitas delas retratos e autorretratos. As pequenas fraturas aludem à violência de certas normas morais, sobretudo, aquelas que ditam “bons modos” ao corpo feminino, sobre as subjetividades.
