HC trata pessoas com transtorno
explosivo
Julho 08, 2008.
Em situações que geram raiva, como você reage? Tem pavio curto, perde o
controle, xinga, briga, bate, quebra objetos e depois se arrepende? Cuidado! Se
você não consegue controlar seus impulsos agressivos e tem dificuldade de lidar
com a raiva, isso pode ser sinal de doença emocional de nome complicado:
transtorno explosivo intermitente.
O Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas acaba de criar ambulatório,
pioneiro no Brasil, para estudar e tratar portadores da enfermidade. O
Ambulatório de Transtorno Explosivo Intermitente convoca pessoas com esse perfil
para tratamento e controle dos sintomas.
As coordenadoras Christina Lahr e Vânia Calazans conceituam o transtorno como
incapacidade em controlar impulsos de agressividade. As conseqüências advindas
do mal são diversas: instabilidade familiar, sensível piora do convívio
cotidiano, perda do emprego, exclusão familiar e escolar, dificuldade nos
relacionamentos interpessoais, problemas financeiros e hospitalizações
decorrentes de lesões geradas em brigas ou acidentes.
“No portador do transtorno, o impulso para agir agressivamente é mais rápido que
o seu pensamento, diferente de um indivíduo nervoso, não-doente, que consegue
controlar seu impulso de agir”, esclarece a psicóloga Paula de Menezes Karam, do
Instituto de Psiquiatria.
Vergonha – O comportamento de uma pessoa acometida pelo transtorno explosivo
intermitente, apesar de não ser premeditado, acarreta sentimento de culpa,
vergonha e arrependimento. Se não for tratado gera depressão, ansiedade, abuso
no uso de substâncias químicas, isolamento social e outras doenças psíquicas.
“Como o paciente não consegue conter a agressividade, prefere manter-se isolado
e recluso para não manifestar seus impulsos”, explica a psicóloga.
Os interessados em integrar o tratamento passarão por triagem, para avaliar se o
diagnóstico é positivo. Os casos confirmados terão tratamento de 20 semanas (uma
vez por semana) que inclui psicoterapia em grupo com psicólogos e psiquiatras. A
psicóloga adianta que os pacientes conhecerão a abordagem conceitual da doença e
suas conseqüências. O intuito da assistência é incentivar as habilidades sociais
necessárias para que o doente aprenda a agir de forma assertiva e a lidar melhor
com os seus impulsos.
A doença é ocasionada pela predisposição física, fatores psicológicos e sociais.
Em relação às causas psicológicas, Paula destaca duas situações: aumento de
estresse e comportamentos agressivos no meio familiar, os quais são reproduzidos
pelos filhos.
Alguns bebês nascem com predisposição para desenvolver o transtorno. Dependendo
de fatores ambientais, no decorrer da vida, podem ou não adoecer.
Impulso do amor – O serviço que está sendo criado é uma subdivisão do
Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso (Amiti) do Instituto de
Psiquiatria. Lá, são assistidos os pacientes com diversos transtornos de
impulso, entre eles tricotilomania (arrancam tufos de cabelo impulsivamente),
cleptomania (furtam impulsivamente, independentemente do valor) e amor
patológico. “Faltava conhecer o transtorno explosivo intermitente, bastante
estudado nos Estados Unidos”, informa a psicóloga.
O Amiti do Instituto de Psiquiatria é ligado ao Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP).
Perfil do possível portador do transtorno
. Nos momentos de raiva, não consegue conter seu comportamento e acaba perdendo
o controle: xinga, berra, ameaça, destrói objetos, ataca fisicamente as pessoas
. Apesar de não premeditar, depois desses ataques percebe que exagerou nas
atitudes e sente vergonha, culpa e arrependimento
. Seus ataques de raiva nada têm a ver com o uso de álcool ou de drogas
. Apesar desses comportamentos, o possível portador do transtorno não tem
problemas com a Justiça
. Geralmente, na família há pessoas que apresentam o mesmo problema
Serviço:
Interessados no tratamento devem se inscrever para triagem, preferencialmente,
às quartas-feiras, das 10 às 16 horas, pelo telefone (11) 3069-6975.
Fonte: Agência Imprensa Oficial.
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Comentários registrados para esta reportagem
Em 08 de Agosto de 2008 Cristiane Faria(São Gonçalo/Rj) escreveu: Infelizmente eu sofro dessa doença, não sei se na cidade onde eu moro exista algum hospital que tenha esse tratamento, pois preciso muito me curar.
Um abraço e parabéns por esse bela matéria.
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