HC alerta sobre os cuidados para evitar
acidentes domésticos
Agosto 18, 2009
De acordo com dados do Ministério da Saúde, acidentes ou lesões não-intencionais
representam a principal causa de morte de crianças e adolescentes de 1 a 14 anos
no Brasil. Cerca de 6 mil pessoas de até 14 anos morrem e 140 mil são
hospitalizadas anualmente. O pediatra Roberto Tozze, do Hospital das Clínicas,
conhece muito bem essa estatística. Ele relata diversos casos de acidentes
domésticos de pequenos pacientes que procuram o Pronto-Socorro do Instituto da
Criança do HC, onde trabalha há 15 anos: "É comum ingestão de alfinete, moeda e
aspiração de pedra, botão e pequenas peças de brinquedo".
Quem engole objeto estranho enfrenta obstrução intestinal, vômito e salivação.
Nesse caso, o médico recomenda não seguir receitas caseiras (como beber água ou
outro líquido) porque isso acarreta mais danos à saúde. Se a criança aspirar
algo, é comum sentir dificuldade respiratória e expelir secreção escura
avermelhada de odor desagradável. "Nunca tente remover o objeto do nariz porque
a tentativa possivelmente facilita o deslocamento da peça para regiões mais
profundas do organismo. Se for aspirado para os brônquios resultará em
insuficiência respiratória", alerta o pediatra.
A bateria de relógio, pequena e semelhante a uma pastilha, é um perigo. "É
material corrosivo e leva à perfuração intestinal", alerta o pediatra. Nas
residências mais humildes, ele diz que é frequente a queda da criança de laje.
Dependendo do caso, o acidente pode resultar em trauma cranioencefálico,
paralisia cerebral e retardo mental. "A criança vê o personagem voando no
desenho animado e acha que tambaém é capaz", alerta.
Tozze relata ainda que atende casos de paciente infantil acidentado no tanque de
lavar roupa mal fixado na parede. "O pequeno se apoia para brincar e cai. Pode
sofrer trauma de tórax, insuficiência respiratória e até morrer", alerta. O
recém-nascido também pode ser vítima fatal da falta de cuidado ou
desconhecimento dos pais. "Estatísticas confirmam que ele deve dormir de costas,
com a barriga para cima", recomenda o pediatra. E completa: se algo obstruir a
respiração do bebê, ao dormir de bruços, não haverá o que fazer para conter a
sufocação. O HC também recebe casos de queimadura devido à desatenção dos
responsáveis. Ao encher a banheira, não percebem que a água está muito quente,
resultando em lesão de segundo ou terceiro grau no corpinho do bebê.
Outra situação comum, explica o pediatra e toxicologista Anthony Wong, é
acidente com andador. Dependendo da intensidade da queda, as sequelas variam de
simples luxação até fratura de crânio, braço e perfuração dos
olhos. Intoxicação por produto de limpeza é outro problema comum entre crianças
e adultos.
Wong afirma que o HC tem um servico telefônico (08000-148110) que funciona 24
horas para esclarecer como agir em casos de intoxicação. É direcionado à
população, médicos, profissionais de saúde e indústrias químicas.
Uma das principais causas de intoxicação entre adultos é causada pelo removedor
de ferrugem. A pessoa passa o produto a seco na roupa e se esquece de enxaguar
antes de usá-la. O suor em contato com a peça provoca queimaduras. No caso de
crianças, é frequente o consumo de água sanitária, confundida com água comum.
Rico em soda cáustica, gera efeito corrosivo na boca e esôfago. "Nessa situação,
não se deve provocar vômito, tomar remédio por conta própria e nem beber água ou
leite. No caso dos líquidos, o problema é que espalham o agente químico do
estômago e ampliam a extensão da área queimada", orienta o toxicologista. É
melhor ligar para o 0800 e procurar o médico imediatamente. "A conduta
inadequada é pior para o organismo do que não fazer nada", frisa.
A automedicação é também considerada acidente doméstico comum. Pode ocorrer com
doentes que tomam diversos remédios por dia e acabam ingerindo, por engano,
doses excessivas. Wong alerta e ilustra alguns efeitos da má utilização dos
produtos farmacêuticos: analgésico e anti-inflamatório levam a problemas de
fígado, rim e coração. Antigripal provoca sonolência. "Se a pessoa dirigir nesse
estado pode provocar acidente", destaca. Antidepressivo sem orientação médica
resulta em sonolência, agitação e alteração cardíaca. "Até fitoterápico,
homeopático e floral mal-empregados provocam danos ao organismo", sustenta o
especialista.
Fonte: Agência Imprensa Oficial
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