Visões Urbanas permanece online em sua 14ª edição

Outubro 08, 2021

O 14º Visões Urbanas – festival Internacional de dança em paisagens urbanas, que acontece entre 15 e 24 de outubro, com a participação de artistas brasileiros de São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Bahia e Minas Gerais, e dos EUA, México, Cuba e Espanha, ainda será online, tendo em vista o cenário que se mantém complexo diante da pandemia, contrariando as expectativas criadas no primeiro semestre, quando da edição anterior do Festival.

Mas mesmo impossibilitados de retornarem às ruas com suas criações, artistas inventam lugares e o VU pode, novamente, trazer uma amostra de como a arte da dança continua pulsante. Casas, quintais, ruas, praças, estúdios de gravação, travessias, paisagens e horizontes serão compartilhados em criações que alimentam a imaginação e dão materialidade a sonhos, revoltas, incertezas e desejos.

A intensa programação prevê espetáculos, oficinas, conversa e os tradicionais Urbaninhas, com ações dirigidas ao público infanto-juvenil, e a Mostra Internacional de Videodanças, com trabalhos do festival Invisible Shadows, realizado em Lisboa – Portugal, e exibições diárias de vídeodança na hora do almoço (12h) e lanche da tarde (17h). Tudo gratuito e transmitido online no canal do YouTube da Cia. Artesãos do Corpo e nas redes sociais de espaços culturais e portais parceiros.

A noite de abertura, no dia 15 (sexta-feira), às 20h, traz "Quando todas as folhas caem", obra que celebra os 30 anos de trajetória autoral de Ciça Ohno, do núcleo Fu Bu Myo In, baseada em seu livro homônimo de haikais, e, na sequência, Marcos Tó, que dança "Antes D+ Nada" na vermelhidão do solo mineiro, constantemente ameaçado.

A exibição de outras 12 performances, todas criadas a partir do contexto pandêmico em que vivemos, tem continuidade no sábado e domingo e no fim de semana seguinte, apresentadas sequencialmente, a partir das 20h, além de quatro dentro da programação do Urbaninhas, a versão do Visões voltada para crianças e adolescentes, nos dois sábados e domingos, às 15h.

Três trabalhos estreiam no Festival: "Ilhas", série realizada por artistas do Laboratório Corpo e Arte, da UNIFESP, que retrata as travessias cotidianas de cinco mulheres da Baixada Santista, para acessar trabalho, saúde, cultura ou educação (dia 18/10); "Amparo", solo de Ana Beatriz Pérez (Espanha/Cuba) em homenagem às operárias das fábricas de tabaco na luta contra abusos e desigualdades, retratadas no romance "La Tribuna", de Emilia Pardo Bazan, a maior escritora espanhola do século 19 (dia 22); e "A Torre", criação de Vinícius Dantas interpretada por Janette Santiago, do Estúdio Aya+, que invoca a figura da torre para falar de permanência e isolamento (dia 23).

As oficinas acontecem nas manhãs dos sábados e domingos (das 10h às 13h), ao vivo online pela plataforma Zoom, com inscrições antecipadas no link https://linktr.ee/festivalvisoesurbanas e número limitado de vagas para participação. Na primeira, "Txondaro - corpo e espírito na cultura guarani", o músico e dançarino tradicional tupi-guarani Renato kwaray O´ea vai transmitir a técnica da dança ancestral para fortalecimento e auto avaliação de nossas condições físicas e espiritual. Em "No Embalo da Dança do Coco", Thiago Soares irá partilhar elementos que estruturam a brincadeira da Dança do Coco do Litoral Cearense; "Corpo Artesão", com Mirtes Calheiros propõe a criação de movimentos a partir de sensações, percepções e possibilidades em observação ao ambiente e as condições dadas; e "Enraizar, Fluir, Mover - Yoga como preparação do corpo cênico", proposta por Ederson Lopes tem como intenção pesquisar a yoga como um treinamento para ativar a sensibilidade do corpo no silêncio, na permanência e na pausa.

Na tarde de sábado (dia 16, às 15h), "Gotas de Vento Faíscam a Terra", de Carolina Novelleto, protagonizado por 16 crianças e uma jovem, traz o ambiente da natureza como possibilidade de reencontro e encantamento, depois de meses de confinamento pela pandemia. À noite, serão três trabalhos, começando com "Vertigem", da Cia. Gente, do Rio de Janeiro, que leva à cena um lugar de estranhamento dentro da estética do desequilíbrio; em seguida, de Trairi, cidade do litoral cearense sempre presente com seus artistas no Festival, Victor Jesus dança o forró conectando o presente a um passado ancestral; e a Cia. paulistana Mó Missão Dance reflete sobre o mover para além das margens do tempo, em "Atemporal".

Mais quatro criações coreográficas habitam o domingo (17): no Urbaninhas (às 15h), o Lagartixa na Janela apresenta "Sobre as Coisas – Coreo-infância em tempos de espera", que vem do impulso da criança de transformar as coisas ao seu redor. A partir das 20h, outras três: "Estio__rito em lapso", investigação do coletivo baiano Nii/Colaboratório, sobre possíveis danças que emergem de um estado distópico; a carioca Violeta Vilas Boas que dá espaço, corpo, movimento e som ao seu texto poético "Pisando Ovos"; e "iLhas", uma série de vídeo-performances realizada por artistas do Laboratório Corpo e Arte, da UNIFESP-Santos, retratando travessias cotidianas de mulheres que moram na Baixada Santista.

De segunda a sexta (18 a 22), sempre às 12h e às 17h, acontece a Mostra de Videodança, com criações de diversos países exibidas nos canais do YouTube e Instagram de seis espaços culturais parceiros - Oficina Cultural Oswald Andrade, Portal MUD, Centro de Referência da Dança, Ocupação Artística Canhoba, Laramara e Ver Com Palavras -, sustentando, mesmo que de modo virtual, a proposta original do Festival Visões Urbanas de ocupar, com dança, espaços públicos, históricos e simbólicos da cidade. Todos os trabalhos terão recurso de audiodescrição.

Ainda na segunda, às 20h, Luis Arrieta é o convidado da Conversa Artesanal, numa tentativa de reconstruir uma cartografia dançante e afetiva por meio de imagens, memórias e vestígios dos espaços habitados e tocados pela sua dança em edições do Festival Visões Urbanas - Pátio do Colégio, MIS, Praça das Artes, Museu de Arte Sacra, Instituto Italiano de Cultura, Casa das Rosas, Sesc Santo Amaro e Instituto Tomie Ohtake.

A Mostra Internacional de Videodança – Invisible Shadows, realizada em Lisboa-Portugal, parceira do VU de longa data, exibe na quinta (22), a partir das 21h, 11 filmes de vários lugares do mundo que, direta ou indiretamente, surgiram como manifestações da experiência artística em tempos de confinamento, revelando imagens de espaços que se manteriam invisíveis, não fosse a resiliência criativa dos seus autores.

As transmissões dos espetáculos retornam na sexta-feira, dia 22: a Entremans, companhia espanhola formada por bailarinos cubanos residentes na Galiza, apresenta "Amparo", solo de Ana Beatriz Pérez, inspirado no romance "La Tribuna", de Emilia Pardo Bazan, em homenagem às trabalhadoras de fazendas de fumo que lutaram por liberdade, direitos e justiça; e a Cia Dual, de São Paulo, apresenta "Pavão Misterioso", uma co-produção com artistas mexicanos, inspirada no cordel "O Romance do Pavão Misterioso", que mescla dança, animação de bonecos e linguagem audiovisual para refletir sobre o narcisismo, a construção narrativa e a criação artística na contemporaneidade.

No sábado (23), a artista queer afro-indígena da Califórnia de descendência guatemalteca, que reside em Salvador há nove anos, Nefertiti Charlene Altan, dança "Entre distâncias e silêncios", improvisação realizada em março deste ano, no "Brooklyn Basin", construído nas ruínas do terminal portuário em territórios não cedidos dos povos Chochenyo e Ramaytush Ohlone (Oakland, Califórnia, EUA). No segundo trabalho da noite, "A Torre", do Estúdio Aya+, Janette Santiago alerta para as estruturas capitalistas de ordenamento do corpo e para tragédias decorrentes da estratificação socioeconômica, da exploração e de desdobramentos contemporâneos das violências coloniais no Brasil.

No domingo, 24, o último dia do Festival, o Grupo Flying Low celebra a amizade em momento de máxima urgência com "Even in the trash grows flowers", interpretada por Lee Anderson e Koide Ura. O encerramento do Visões Urbanas fica a cargo da Cia. Damas em Trânsito e os Bucaneiros com "Tempo Submerso", criação de 2021, resultado de residência artística que reuniu 28 pessoas, artistas ou não, de faixas etárias distintas, e trouxe a temporalidade como foco, compreendendo o corpo em constante movimento e transformação.

O Festival

Criado pelos artistas e pesquisadores Ederson Lopes e Mirtes Calheiros e realizado pela Cia. Artesãos do Corpo, o festival Visões Urbanas é um encontro artístico tendo a dança e a cidade como focos principais de sua programação. Já participaram do festival ao longo de suas 13 edições, artistas de vários estados do Brasil e diversos países: Portugal, Espanha, França, Argentina, Uruguai, Colômbia, Turquia, México, EUA, Cuba, Alemanha, Bélgica, Itália, Japão, Moçambique e Ucrânia.

A 14ª edição do Festival Visões Urbanas foi contemplada pelo Proac, programa da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo.

Serviço
14º Visões Urbanas – Festival Internacional de Dança em Paisagens Urbanas
Espetáculos, mostras de vídeodança, oficinas e conversas transmitidos online.
15 a 24/10 – vários horários.
Grátis.
Link de acesso para espetáculos e videos: https://www.youtube.com/artesaosdocorpo (sessões abertas sem necessidade de inscrição).
Link inscrições antecipadas para oficinas: https://linktr.ee/festivalvisoesurbanas

Confira a programação completa nas redes do Festival e da Cia Artesãos do Corpo:
https://www.instagram.com/festivalvisoesurbanas/
https://www.facebook.com/artesaosdocorpo
https://www.youtube.com/artesaosdocorpo