Festival Cultural Pangeia começa no dia 1 de dezembro

Novembro 30, 2020

O Festival Cultural Pangeia, promovido pelo coletivo MisturArte, chega a sua 3ª edição, de forma totalmente online neste ano, e acontece entre os dias 1 e 13 de dezembro. O evento que traz o tema "Conexão Américas e África", tem como principal objetivo mostrar que, apesar das barreiras continentais e culturas distintas, também temos uma grande conexão com a cultura de outros povos. O festival consiste em promover ações artísticas, culturais e educacionais da periferia para a periferia, com trabalhos de artistas da quebrada, imigrantes e refugiados.

Por conta da pandemia do Covid-19 a organização abraçou o desafio de transferir todas as atrações para o meio virtual, o que acabou se tornando uma grande oportunidade de expandir o alcance do evento, como conta a diretora do Festival Pauliana Reis: "Tínhamos tudo preparado para o formato tradicional e de repente nos vimos em um grande desafio de mudar completamente, alterar cronogramas e adaptar as apresentações, os cursos, os debates e as exibições dos curtas-metragens. Ao mesmo tempo que foi trabalhoso está sendo muito gratificante ver o empenho de todos para o festival dar certo e o tamanho do alcance das ações".

Várias atividades compõem o Festival Cultural Pangeia neste ano. São elas: Exposição Origens #3, mesas de debates, apresentações artísticas e a primeira edição do FIC Pangeia (Festival Internacional de Curtas Pangeia), que exibirá 12 vencedores entre as categorias voto do júri, popular e menção honrosa. Selecionados entre os 130 curtas inscritos e recebidos de todas as regiões do Brasil, Chile, Equador e Argentina, além de países africanos como Moçambique.

A Exposição Origens #3 acontece em formato totalmente virtual, com mais de 50 obras de 5 artistas que refletem os resultados da diáspora africana nas realidades periféricas em que vivem. Com curadoria de Priscila Magalhães, os trabalhos são compostos por pinturas e fotografias e ficarão expostos no site do festival durante todo o evento, com acesso gratuito. Os artistas são: Isabela Alves "Afrobela", Cauã Bertoldo, Cassimano, Paulo Chavonga e Ione Maria.

Além da exposição, também será possível acompanhar mais de 20 apresentações artísticas na Mostra Memórias Subterrâneas, que exploram as mais variadas formas de linguagens da arte como: performance, dança, música, teatro, contação de histórias e recital de poesia. "O Festival Pangeia apresenta memórias subterrâneas que emergem e criam pontes além mar. Identidades sociais, culturais e simbólicas, distâncias e proximidades entre dois continentes. Permita-se, e deixe cada poro se inundar nesse mar de artes afrodiaspóricas", filosofa a curadora da mostra Priscila Obaci.

O FIC Pangeia (Festival Internacional de Curtas Pangeia) traz em sua primeira edição 12 obras relacionadas com o tema do festival, que conectam os povos das Américas e África em um mesmo local, mostrando o dia a dia das nações que, mesmo distantes, possuem inúmeras coisas em comum. O festival recebeu mais de 130 inscrições de curtas-metragens de vários países da América do Sul e da África, entre documentários, ficção, animação, experimental ou híbridos. As obras possuem no máximo cinco minutos e apresentam temáticas sociais, questões de gênero, preocupação ambiental, inclusão social e combate ao racismo.

Além dos 10 filmes finalistas do FIC, mais cinco produções de convidados e três trabalhos escolhidos pelos jurados compõe o evento. Na mostra estarão os vencedores nas categorias: Voto do Júri "É Exatamente Isso!" de Rubia Bernasci e Voto Popular "Trava Gira" de Jonas Junior, além dos cinco que receberam a Menção Honrosa. Todos os 18 curtas-metragens estão disponíveis para o público, de graça, na plataforma Todesplay (www.todesplay.com.br), o durante o mês de dezembro.

Durante o festival, a artista Ione Maria fará uma Live Paint que usará como inspiração a exposição, as apresentações na construção da obra. No encerramento do festival, a artista revelará a sua arte.

No dia 10 de dezembro ocorre a Mesa de Debate que poderá ser acompanhada pelo público de forma gratuita, através da página do Facebook do Festival Cultural Pangeia, que tem como tema: "O que alimenta nossas africanidades". O evento começa às 20h, com as participações de Ana Koteban, Suieidê Kintê e Lenna Bahule, e conta com a mediação de Douglas Araújo.


Crédito: Cassimano

Programação

1/12 – Terça – das 19h às 21h
19h – Abertura Mostra Memórias Subterrâneas | Exposição Origens #3
Apresentadora do Festival - Ana Cacimba

19h20 – Arlete Alves - Performance - Traços de Exu: A performance 'Traços de Exu' procura representar uma pequena parte do infinito universo do Orixá – Exu, guardião dos nossos caminhos e responsável pelos movimentos. Idealizada como referência a um ritual, representamos: defumação, saudação, abertura dos trabalhos, dança e finalizamos com a representação do trabalho como oferenda. Unimos elementos, cores e símbolos do Orixá junto a dança e a pintura, para além de homenagear e reverenciar Exu, desmistificar seu nome e imagem. Para assim fortalecer a representação e o espaço das religiões de raiz africana.

19h30 - Flip Couto - Dança - Okó: Partindo de movimentos do cotidiano Flip Couto reflete sobre corpos de homens negros em diaspora gerando imagens que pulsam e ondulam acompanhando poemas de Alex Ratts e vestimentas de Zebu.

20h10 - Apresentação da atração

20h15 – Nave Gris Cia Cênica - Dança - Mu Ntûnda: A Nave Gris Cia Cênica apresenta "Mu Ntûnda". Desenvolvido neste período de isolamento social causado pela pandemia, o trabalho interpretado por Kanzelumuka concebe a casa como um ventre que pode gerar e gestar novos futuros, assim como a potência do próprio corpo ao comportar outro corpo.

21h - Encerramento do dia com a apresentadora Ana Cacimba e a diretora do Festival Pangeia Pauliana Reis

04/ 12 – Sexta – das 18h30 às 21h
18h30 - Apresentação da atração

18h45 – Luana Bayô – Música Cantora |Educadora |Compositora| Produtora| En-cantadeira.

19h45 - Apresentação da atração

19h50 - RAS SOTO – Música - Show Ras Soto World Wide: O Show Ras Soto World Wide propõe uma viagem pelo mundo através do reggae music. Em sua performance acompanhado pelo DJ Magrão, apresenta toda a versatilidade desse estilo musical.

05/12 – Sábado – das 18h às 20h20
18h - Apresentação da atração

18h15 – Zeferina – Música - Bahia de Dentro: Live show acústico minimalista da cantora e compositora Zeferina: "Bahia de Dentro". As composições presentes aproximam o ouvinte à rítmica afro-brasileira, como o samba e a musicalidade das tradições populares, a partir da forte referência da oralidade matricial que carregam, propondo uma conexão de nossos corpos à ancestralidade-mãe comum, uma ligação umbilical ao passado.

19h15 - Apresentação da atração

19h20 – Mayara Rosa – Dança - D[entre] Tantas: Uma pesquisa em andamento, da construção de um solo da artista, onde traz questões que atravessam o corpo de uma artista negra, comparando e trazendo relações, quase que metafóricas com a pedra "Turmalina Negra". Pedra essa conhecida por sua beleza e poder, que se energiza a luz do sol, e não é muito utilizada para confecção de jóias.

19h35 - Apresentação da atração

19h40 – Ilu Egbá – Música - Toques e cânticos aos Orixás: O grupo Ìlú Ẹ̀ gbá nasce em 2012 e vem da tradição musical do candomblé de nação Nagô – Nagô Ẹ̀ gbá (Pernambuco) e o Nagô Ketú (Bahia). Tem como principal foco difundir e preservar a tradição dos tambores e dos atabaques, através dos toques sagrados dos orixás. Por ser o principal meio de comunicação com o mundo sagrado, o toque dos tambores, somado aos cânticos, manifestam a dança e materializam o axé, desmistificando os preconceitos em torno da cultura do candomblé.

06/12 – Domingo – Das 17h à 19h45
17h – Apresentação da atração

17h15 – James Bantu – Música - Afrô: as sementes que me germinam: Um repertório poético-musical, baseado em histórias que dialogam com o cotidiano das pessoas, com músicas influenciadas pela cultura hip hop, mas também de MPB e música negra. Propõe discutir a construção das identidades negras.

17h55 - Apresentação da atração
18h – Anomia Coletivo – Teatro - Corre Menino: trabalho cênico adaptado para a estrutura online, permeado por canções, poesia e dança, que investiga a presença e a resistência do corpo brasileiro negro e marginalizado. O "Menino Fato" é assassinado a caminho da escola e toda a peça se passa enquanto ele, agora transformado em "Menino Possibilidade", reflete e questiona a vida na cidade de São Paulo, a função da Polícia Militar e a justiça aplicada nos tribunais brasileiros.

18h30 - Apresentação da atração

18h35 - Lamine - Música
Adiara (que faz bem na língua malinke): O repertório desta apresentação fala de coisas que fazem bem e da saudade que temos destas coisas neste momento: os encontros, a amizade, a prática coletiva da música e da dança, as vivências comunitárias

09/12 - Quarta – das 19h às 19h30
19h – Ana Cacimba - Música mãe, mulher negra e multiartista periférica de origem quilombola. É cantora, compositora, batuqueira e brincante da cultura popular tradicional.

10/12 – Quinta-feira – das 20h às 21h30
5ª MESA DE DEBATE DO PROJETO "CONEXÃO AMÉRICAS E ÁFRICA"
TEMA: O que alimenta nossas africanidades? CONVIDADES: Ana Koteban, Sueidê KintÊ e Lenna Bahule
MEDIAÇÃO: Douglas Araújo

11/12 – Sexta – das 19h às 20h30
19h - Apresentação da atração

19h15 – Rose Mara Kielela – Performance - Lobi: que em lingala significa ontem, hoje e amanhã, dependendo do contexto da frase, tem como tema a circularidade do tempo que se materializa nos encontros que transitam o corpo da pessoa afrodiaspórica, ou seja, aborda a materialização da história no corpo de sua criadora, e aborda a existência a partir da afirmação e da celebração dos encontros históricos que acontecem no corpo. O vídeo é montado a partir das filmagens das exibições de Lobi nos diversos espaços por onde passa (Marrocos, Angola, Brasil) , permitindo à audiência refazer a performance no tempo e espaço, reafirmando a ideia de existência no tempo e no movimento do corpo pelo espaço/mundo.

19h45 - Apresentação da atração

19h50 – Cássio Duarte, Gabriel Cândido e Glenda Nicácio – Performance Repertórios Sobre Vivência I: Este vídeo foi produzido a partir de registros da residência artística "Repertórios Sobre Vivências", de Gabriel Cândido, realizada para o Sesc Santana. Na ação, o artista investiga as noções de seu corpo, da sua ancestralidade, da sua memória e de seu território, tendo a palavra "cuidado" como mediadora de encontros e desencontros afetivos na contemporaneidade. A partir das imagens produzidas na imersão em sua residência, Gabriel provocou/convidou a cineasta Glenda Nicácio para dar continuidade nesse processo de experimentar a elaboração de imaginários sobre os conteúdos propostos.

12/12 – Sábado – das 18h às 20h40
18h - Apresentação da atração

18h15 – Agblá Conta - Contação de Histórias - Histórias Pretinhas!: Agbalá Conta é uma cabaça mágica que guarda todas as histórias das nossas ancestralidades pretas, quando encantada ela se abre e revela histórias que valorizam nossa identidade e nossas histórias de origem; Devolvendo a dignidade, a humanidade, a sabedoria, e as belezas contidas em nossas heranças ancestrais. Venha encantar a cabaça com a gente e descobrir a história que a cabaça vai nos entregar.

18h45 - Apresentação da atração

18h50 – Sol Almeida - Teatro e Dança - Atriz & dançarina & tia da biblioteca no umoja, no coletivo desvelo e no capão redondo

19h20 - Apresentação da atração + LIVE PAINT com Ione Maria

19h30 – Denise Alves – Música - Cantora/MC, Compositora, Intérprete, Geminiana "A música tem o poder de curar almas e corações e este é meu propósito, vem me ouvir."

13/12 – Domingo – das 16h30 às 19h
ENCERRAMENTO DA MOSTRA MEMÓRIAS SUBTERRÂNEAS
16h30 - Apresentação da atração

16h50 – Mariana Camará - Música e Dança - Yigui: O trabalho de Mariana Camara representa a difusão da diversidade cultural africana, a imersão no conhecimento da história da Diáspora da África do Oeste, realiza-se de forma pedagógica e performática com o tripé dos movimentos corporais, cantos e toques de ritmos que nos permitem a releitura de significados ancestrais que são transmitidos de geração em geração nas aldeias e nos balés da Guiné.

17h20 - Apresentação da atração

17h25 – Ermi Panzo – Poesia africana e suas narrativas performáticas: Ermi Panzo (ANGOLA) Escritor, Poeta, palestrante, bailarino performer, especialista em anatomia do livro e estruturação de textos literários; ativista e articulador internacional da arte e cultura africana diaspórica. Atualmente, desenvolve no Brasil projetos de culturas da ancestralidade africana, através de performances, palestras e outras ações literárias de mulheres escritoras negras.

17h40 - Apresentação da atração + Live Paint Ione

18h- Indy Naíse – Música - É Questão de Cor: Batuques, hip hop, eletrônico e uma boa dose de ancestralidade são alguns dos temperos que a cantora Indy Naíse reuniu em seu primeiro álbum, "É questão de cor". De forma precisa e necessária ela dá o tom sobre temas como o genocídio da juventude negra, racismo estrutural, feminismo negro, sexualidade e o desastre ambiental de Mariana. Conta ainda com a participação de artistas como Rincon Sapiência, Yasmin Olí e Camila Trindade. Guiadas pela voz forte da cantora, as oito faixas reunidas no álbum constroem possibilidades de imaginário, trazem refúgio e pujança para quem as escuta.

19h - Encerramento do evento com a apresentadora Ana Cacimba e a diretora do Festival Pangeia Pauliana Reis

Serviço
Festival Cultural Pangeia
Data: 1 a 13 de dezembro
www.festivalpangeia.com.br
www.facebook.com/festivalpangeia