Se você, leitor, diz que o seu chefe é mentiroso e o processa, o que te acontece? Você continua na empresa, exercendo sua profissão com a mesma calma e eficiência ou é sumariamente demitido por justa causa? Provavelmente será demitido. Pois com o goleiro Rogério Ceni e Paulo Amaral, seu chefe (e presidente do São Paulo Futebol Clube), isso não ocorre.

Há dois meses, o ótimo goleiro apresentou um fax onde alegava estar recebendo uma proposta de interesse no seu passe. O time seria o Arsenal, da Inglaterra, e o valor seria de 4 milhões de dólares. Com o fax e o suposto interesse, Rogério tentava forçar um aumento de salário.

A diretoria do São Paulo (inclusive o presidente Paulo Amaral) negou o aumento e rechaçou o interesse, que seria falso. Criou-se um impasse, que ao contrário do que tradicionalmente acontece no Morumbi, vazou para a opinião pública.

Na imprensa, em entrevistas diárias e contundentes, Rogério Ceni e Paulo Amaral, acusaram-se mutuamente e apresentaram as suas verdades. Como se sabe, se existem duas verdades, uma das duas é falsa. Então, o goleiro disse que o diretor é mentiroso e pouco digno de confiança e Paulo Amaral disse que Rogério falseou a verdade e que simulou contusões para não jogar contra o Grêmio pela Copa do Brasil. Enfim, uma situação absolutamente desagradável, que pouco tem a ver com o futebol.

Movida pela antipatia generalizada contra dirigentes esportivos, a tendência da torcida foi ficar ao lado de Rogério Ceni, pois este é um grande atleta, tem onze anos de São Paulo, é um são-paulino autêntico... e Paulo Amaral foi tachado de incompetente para baixo.

O goleiro contratou a advogada Gislaine Nunes, que vem ganhando fama (e dinheiro) às custas de libertar jogadores da maldita escravidão do passe, com a qual pretende pedir uma retratação judicial do presidente do São Paulo devido às declarações emitidas pelo dirigente.

Caso explicado. Mas quem Rogério Ceni pensa que é? É um goleiro excepcional que passa pela meta do São Paulo, como foram Zetti, Valdir Perez, José Poy, King e tantos outros. Isso sem falar De Sordi, Raí, Oscar, Pedro Rocha, Leonardo, Leônidas, Müller, Falcão, Bauer, Sastre, Careca, Darío Pereyra, Canhoteiro...

O São Paulo é um clube de quase 80 anos de uma história gloriosa, recheada de títulos (dois mundiais, inclusive), dono da quarta ou quinta maior torcida do Brasil.

O manto tricolor é mil vezes mais importante que qualquer craque, por melhor que seja. E Rogério Ceni precisa respeitar isso. Se nenhum clube se interessou por ele, nem pode pagar os seus salários, que jogue com a competência de sempre e pare de tentar manchar o clube. Inclusive, fontes da Coluna Futebol garantem que o presidente do São Paulo tem sofrido grandes pressões para negociar o goleiro.

# O Remo bate o pé e pretende disputar o Brasileiro. O C13 (novo nome do Clube dos Treze) não aceita e ameaça criar a Liga Brasileira, com times convidados e toda a espúria que disso decorreria. Foi isso que aconteceu no ano passado com o Gama, e acabamos suportando a pífia Copa João Havelange. Enquanto estiver na mão dessa gente, o nosso futebol não tem futuro. E o Calendário, lançado com tanta pompa, passa para a História como aquele que foi sem nunca ter sido.

# O Brasil joga de camisa azul ou amarela? Mas que bobagem, tanta coisa mais útil para se pensar! O Brasil está com um futebol medíocre e decadente e se preocupam com a cor do uniforme? Que infantilidade...

# No dia 18 de julho de 1971, Pelé se despediu da Seleção Brasileira num empate contra a Iugoslávia no Morumbi. O gênio parou e Édson Arantes do Nascimento apareceu para o mundo separado de Pelé. Pena que sem a mesma competência.

# O dia 19 de julho é o Dia do Futebol Brasileiro. O dia escolhido foi esse por ser a data de fundação do clube de futebol em atividade mais antigo do Brasil, o Rio Grande. Leia a ficha do chamado Vovô (agradecimentos a Marco Aurélio Klein).

Sport Club Rio Grande

Fundação: 19/julho/1900

Endereço: Av. Itália, 1815
CEP 96203-000
Rio Grande, RS

Tel.: (53) 232-1900
Site oficial: www.sportclubriogrande.com.br

Estádio: Arthur Lawson (5000 pessoas)

Títulos: Campeão Gaúcho em 1936 e 1939

# A respeito do texto “O Gol de Denílson”, o jornalista Luciano Dorin (da Rádio Bandeirantes), analisa: temos que ter jogadores habilidosos na frente e zagueiros de fazenda, o que segundo Dorin, tem sido o “rascunho” tático da Seleção Brasileira. Eu creio que podemos ter bons jogadores em todas as posições, basta procurar. E de fato, a seleção tem um rascunho e não um desenho.

# Ricardo Pandolfi (jornalista da Editora Abril), também a respeito do texto sobre Denílson, diz que o importante é manter a posse de bola. Segundo ele, de nada adianta termos um time habilidosíssimo se a bola fica sempre com o adversário. Eu concordo, mas como diz o próprio Pandolfi, se tivéssemos jogadores do quilate de Rincón, Simeone e Verón (volantes com passe de qualidade) não seríamos obrigados a suportar Galeano, Rochemback, Eduardo Costa, Amaral e outras “coisas tristes”.

# Pandolfi aproveita para dar sua seleção ideal: Marcos; Cafu, Antônio Carlos, Juan e Júnior; Émerson, Ricardinho (Cruzeiro), Juninho Paulista e Alex; Ronaldinho Gaúcho e Romário. A escalação é excelente, mas Ronaldinho Gaúcho não me agrada (para mim, é mais um jogador que depois de dois ou três dribles vira gênio) e Romário é uma incógnita, pois é um craque indiscutível, mas e a sua condição física, merece confiança?

# Já Marco Aurélio Klein não gosta do futebol de Denílson. Klein o considera um peladeiro, que só joga contra marcações frouxas, que não sobrevive ao futebol moderno, de forte marcação e organização tática. Marco Aurélio: será que esse futebol moderno não é uma fuga dos europeus, que incapazes de jogarem como os brasileiros e argentinos investiram na preparação física hercúlea? Será que a habilidade não pode vencer os robôs? Estou sendo saudosista ou utópico?

# Klein diz que “...o problema maior do nosso futebol - dentro do campo - é responsabilidade de treinadores de pouca capacidade, que para preservar seus cargos e altos salários vivem de jogos trancados e de pernas de pau (...) agora chamados volantes de contenção (...) incapazes de criar e até mesmo de dar os passes mais óbvios...”. Concordo plenamente!

# O simpático leitor Felippe A.B. envia sua seleção ideal, com a análise de cada jogador: Rogério Ceni (“goleiro mais ofensivo que já vi”); Belletti (“comete poucos erros”), Edmílson (“zagueiro que lança”), “não existe outro zagueiro no Brasil” e Serginho (“o melhor lateral do Brasil”); Vágner (“volante mais habilidoso do Brasil”), Alex (“genial”), Juninho Paulista (“bom meia”) e Marcelinho Carioca (“o melhor lançador do Brasil”); Denílson (“Habilidade 100”) e França ou Romário (“finalização e inteligência 100”). Segundo Felippe, é só por em campo e falar: “joga”. Não gosto de Edmílson, que considero um jogador mediano e vejo em Juan e Lúcio dois excelentes zagueiros; creio que Serginho seja muito bom, mas Júnior é bem melhor; Vágner (ex-Santos e São Paulo) é ótimo, mas não pensa com o cérebro; Marcelinho Carioca eu não comento e não vejo nada de interessante em França (aliás, o Brasil tem péssimos atacantes).

# Peço aos amigos leitores que, ao enviarem mensagens, coloquem seus nomes, para que eu possa lhes responder convenientemente. Agradeço às manifestações enviadas. Um abraço tanto aos anônimos quanto aos leitores Eliana Gonçalves, João Wiegerinck, Elisa Mendes, Rogério de Andrade e Walter Barbosa Júnior. Assim caminharemos juntos.

# A querida jornalista Vanessa Marinelli começa a trabalhar na produção da Rádio Capital. Desejo a ela toda a sorte do mundo.

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