Futebol
por Luiz Fernando Bindi

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Procurando por culpados

Oi, gente! Tudo bem? 

E o Brasil perdeu de novo. Dessa vez, para o Uruguai. Eu lembro quando, em 93, o Brasil foi ridiculamente derrotado pela altitude boliviana, em dois frangos de Taffarel, de triste memória. 

Houve um pandemônio nacional. Como o país do futebol poderia ser derrotado pelos bolivianos? Parreira quase caiu, a Seleção teve que ir jogar em Recife e Romário foi chamado para resolver. No auge da forma técnica, o Baixinho resolveu (e ganhou a Copa de 94 praticamente sozinho). 

A derrota para o Uruguai nem parece que causou tanta celeuma. Parece que o brasileiro se acostumou a perder. Eu sempre imaginava como seria a vida de um torcedor polonês, por exemplo: apaixonado por futebol, mas com uma Seleção que nem sempre disputava Copas do Mundo. Devia ser uma vida meio-vivida. Afinal, tem maior momento na vida de um torcedor de futebol que uma Copa? 

Pois querem saber? A Seleção Brasileira não desperta (nem nunca despertou) uma paixão similar às paixões por Palmeiras, Corinthians, Flamengo, Inter de Porto Alegre ou mesmo Guarani, América Mineiro... 

O brasileiro que realmente ama futebol só torce pelo Brasil em Copa do Mundo. Copa América? Sub-20? Olimpíadas? Eliminatórias? Torneios de menor expressão, ainda mais para a Pátria de Chuteiras. Que os chilenos valorizem a Copa América e os africanos torçam nas Olimpíadas, pensa o brasileiro. 

Dessa forma, o que envolve o brasileiro hoje é a assustadora possibilidade de não ver a Seleção no Mundial. Muitos ainda pensam: “...os juízes na hora agá vão dar um jeito...”, “...a FIFA não quer ver o Brasil fora da Copa...” ou “...imaginem o prejuízo com o Brasil de fora...”. O que eles esquecem é que Argentina, Itália, Inglaterra e Alemanha já ficaram fora de Copas do Mundos e nem por isso elas foram fracassos. 

Agora, quando o Brasil se encontra na chamada “bacia das almas”, estamos cheios de teóricos que acham culpados aqui e acolá. Uma hora é o técnico, depois é Rivaldo. Até em Galvão Bueno e em FHC há quem coloque a culpa. 

Precisamos abrir nossos olhos costurados pela arrogância de melhores do mundo e vermos que nossos jogadores são fracos e os nossos técnicos são de fato todos iguais. 

Não podemos considerar um jogador mediano como Cafu um titular absoluto e indiscutível. É muito pouco ver em Jardel uma referência num ataque que já teve Tostão, só para citar um dos tantos gênios que povoaram as áreas adversárias. Acho Romário genial, mas quando uma seleção nacional crê na imprescindibilidade de um jogador de 35 anos é porque algo está errado. 

Mas eu tenho um culpado. Um não, uma classe social culpada. Uma casta tão inútil quanto nociva: os dirigentes. Desde muito tempo eles vêm tentando destruir nosso futebol. Muitos dirigentes (que, via de regra, não entendem coisa nenhuma do esporte), trabalham apenas em benefício próprio, sem se preocupar com os milhões de apaixonados por futebol. 

Não podemos mais agüentar a sujeira que está levando nosso futebol pelo esgoto adentro. Os jogadores são medianos? Sim. Os técnicos são clones intelectuais? Sim. Mas eles são marionetes na mão de artistas incompetentes. 

A classe dirigente precisa ser limpa com desinfetante, com cloro em estado puro. São campeonatos esdrúxulos, tapetões que ascendem times grandes rebaixados, contratos mais do que suspeitos, formação de cartéis com organizações jornalísticas, passaportes falsos, dinheiro fácil e inteligência curta. 

Quem sabe ficar fora da Copa de 2002 não seja uma dura faxina? 

Pílulas de Idéias 

# Felipão (por quem torço demais), errou contra o Uruguai. O time uruguaio é medíocre e jogava desesperado pela vitória. Para o Brasil, o empate nem era tão ruim. Então, deveríamos nos resguardar no meio-de-campo e puxar o contra-ataque contra os uruguaios. Certo? Pois Felipão desguarneceu o meio-campo, partiu para o ataque  e abriu para o Uruguai. 

# Ter muitos atacantes ou poucos volantes não é sinônimo de ofensividade. Pelo contrário, o buraco no meio-campo cria um vácuo na ligação com o ataque e a bola não chega na frente. Tanto que Romário teve atuação apagada, mas voltou para receber a bola na intermediária, quando não tem mais físico para isso. 

# Jogar com três zagueiros é muito interessante, pois pode tornar o meio-campo mais criativo. O terceiro zagueiro precisa ser técnico e bem colocado (vejamos o exemplo de Mauro Galvão no Grêmio). O nome ideal? Antônio Carlos, que assim joga na Roma. Felipão pôs Roque Júnior na posição. O experiente zagueiro bateu cabeça com o medíocre Cris e Roque Júnior foi um fiasco na distribuição.

# Émerson se salvou (aliás, como sempre). Mas Roberto Carlos e Cafu foram péssimos. Rivaldo, para variar, se escondeu e fugiu da luta e Juninho Paulista ciscou sem muita vantagem. Élber foi uma negação e Romário esteve sumido, certamente pela inexistência da criatividade de Rivaldo.

# Junto de um atacante parado, como Romário, é preciso um jogador veloz (o mais indicado seria Euller, que se entende muito bem com o veterano vascaíno). Élber é bom, mas joga como Romário: não cabem no mesmo time.

# O Brasil, no Mundial Sub-20 (para jogadores com menos de 20 anos), foi eliminado por Gana. Independente de Gana ser folcloricamente chamada de “Sub-35” (como se não houvesse “gatos” no Brasil). A Seleção não é ruim. Mas um enxame de empresários encheram a cabeça de alguns dos meninos brasileiros (caso de Robert, do Botafogo de Ribeirão e Adriano, do Flamengo). Estar numa Seleção de base do Brasil deve ser um orgulho para os jogadores e nunca um trampolim para transferências milionárias. 

# Na Segunda (dia 2), a Confederação Sul-Americana marcou a Copa América para janeiro de 2002. Na quinta (dia 5), confirmou a data para 11 de julho (!?), daqui a alguns dias. Copa América não é Solteiros x Casados! Pelo jeito, a falta de seriedade não é nossa exclusividade. 

# Etti-Jundiaí e Santo André subiram para a 1ª Divisão do Campeonato Paulista. Mas, com esse ridículo calendário lançado na semana passada, qual é a valia dessa vitória inesquecível? Mesmo assim, parabéns aos dois times.

Etti-Jundiaí  Santo André

# Vasco e Cruzeiro querem disputar a Copa Mercosul de 2002. O São Caetano entrará na Justiça para jogar o Novo Rio-São Paulo e o Remo ganhou o direito de jogar o Brasileirão desse ano. Acreditar no novo calendário do futebol é acreditar no Saci-Pererê vestido de Papai Noel com os pés virados para trás...

# Pela primeira vez na história, um time do interior potiguar venceu o Campeonato do Rio Grande do Norte. O feito coube ao Corinthians, de Caicó, cidade a 300 quilômetros da capital Natal. Leia a ficha do Campeão:

Atlético Clube Corinthians
Fundação: 25/01/1969

Endereço: Rua André Sales, s/no., Caicó (RN), CEP 59300-000
Telefone: (0xx84) 421-2298

Estádio: Dinarte Mariz
Capacidade: 25000 pessoas

Fala, Internauta!

# O leitor Joaquim Dutra, com medo, me pergunta: o Brasil vai se classificar para a Copa? Eu creio que sim. Mas que não se pense que a classificação virá com alguma ajuda extra-campo. Se raciocinar assim, o Brasil cai fora.  

# Marco Aurélio Klein me diz para não perder tempo com o Calendário do Futebol. Segundo ele, o Calendário “não é sério e é natimorto”. Eu concordo plenamente com isso, mas creio que sempre devemos mostrar indignação com esse “establishment” que enche nosso futebol de imundície e incompetência. 

# O novo site do Rio Branco de Andradas, simpático time do interior de Minas Gerais, merece uma visita. O endereço é: www.riobranco-andradas.esp.br. O site é muito bem feito, de simples acesso e muito informativo. Vale a pena. 

# Peço aos amigos leitores que, ao enviarem mensagens, coloquem seus nomes, para que eu possa lhes responder convenientemente. Agradeço às manifestações enviadas. Um abraço aos leitores Vanessa Marinelli, Eliana Gonçalves, Carlos Roberto Marques, Sílvio Luiz, Gisele Niquine e Alberto Piñeda. Assim caminharemos juntos. 

# Nesta segunda, é dia 9 de julho (leiam o Especial sobre a data). Não poderia deixar de fazer uma homenagem a um ex-combatente, Dr. Francisco Manuel Raposo de Almeida, um dos homens mais honestos e íntegros que conheço. Dr. Raposo: parabéns pelo idealismo, coragem e hombridade. 

# Até semana que vem.

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