Futebol
por Luiz Fernando Bindi
Agosto 24, 2001
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Ricaço Teixeira

Oi, gente, tudo bem? 

Na sexta-feira, dia 17, o Globo Repórter veiculou reportagem em que disparava críticas e acusações sobre o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira. 

Em elucidativa reportagem, as suspeitas da CPI do Futebol (que aliás, recomeça seus trabalhos no próximo dia 28) foram transformadas em acusações, muitas delas com uma clareza assustadora, apesar de absolutamente não ser novidade tudo que era dito. O relatório da CPI é público, basta consultá-lo (leia em www.senado.gov.br, site do Senado). 

Antes de analisar as acusações, quero citar Juca Kfouri. Numa entrevista ao ótimo programa Bola da Vez, da ESPN Brasil, veiculado no sábado, dia 18, mas gravado no dia 14, Juca antecipava: Ricardo Teixeira não emplaca 2002 no comando da CBF. 

Alvissareiras notícias, se bem que revestidas de um otimismo invejável. Juca previu (ou simplesmente julgou, pois leu o relatório da CPI) que o presidente da CBF seria desmascarado e não suportaria as pressões. 

E eis que surge o programa com as denúncias sobre as irregularidades cometidas por Ricardo Teixeira, fundamentadas na própria CPI, como já disse, e também em apurações feitas pelo jornalista Marcelo Rezende. Entre as inúmeras citadas, vale a pena mostrar algumas:

1.    lavagem de dinheiro

2.    desvio das verbas da Seleção Brasileira

3.    evasão fiscal

4.    desvio de verbas dos Campeonatos Nacionais

5.    apropriação indébita

6.    perjúrio, ou seja, mentir sob juramento

7.    contas secretas no exterior

8.    evasão fiscal

9.    sonegação de impostos

Na terça, dia 21, o advogado da CBF, Luís Roberto Barroso, deu entrevista coletiva onde pensava-se, defenderia o presidente da entidade. No entanto, Barroso deixou claro, desde o início, que não iria defendê-lo, mas sim à CBF. Inclusive, repetiu várias vezes, que não estava autorizado a falar em nome de Teixeira. Também repetiu o surrado (apesar de legal) argumento que a CBF, por ser um empresa privada, não pode ser investigada nem sofrer sanções por parte do governo. A CBF é particular, mas trata de um bem nacional, o futebol. 

O advogado leu nota enviada por Ricardo Teixeira, onde o presidente, que está sob uma suspeitíssima licença médica, tenta se defender. Ele disse que irá processar a Rede Globo por ter divulgado dados confidenciais, como sigilos bancário e fiscal. Teixeira também diz que ganhou vários títulos desde que assumiu e risivelmente, cita o terceiro lugar nas Olimpíadas de 96, como se isso fosse motivo de orgulho. Também afirma que o enriquecimento verificado desde que se tornou presidente da CBF, em 1990 é “perfeitamente compatível” com a sua renda e que nunca teve empresas no exterior, dados extremamente contestados por todos. 

Enfim, creio que Ricardo Teixeira esteja de fato em maus lençóis, ainda mais por ter batido de frente com a poderosa Rede Globo. De fato, espero que seja apenas o início do requiem de Ricardo Teixeira, um dirigente de futebol que assume que gosta mais de turfe, que não freqüenta estádios, que não entrega troféus e não dá expediente na CBF. Quem sabe ele de fato renuncie e se dedique à suas empresas? 

Espero que seja o começo do fim desse tipo de dirigente que não entende nada de futebol, não gosta do esporte, não respeita o povo e usa o dinheiro de uma forma que sempre suscita dúvidas, para dizer pouco. Que seja o fim de Caixa d’Águas, Farahs, Marins, Nabis, Euricos, para dizer os mais famosos. Espero que esse fim esteja muito próximo, não dá mais para suportar isso! 

Se Teixeira renunciar, quem sabe seja o começo de uma limpa em toda essa turma que entende de futebol menos que a minha mãe? Quem sabe vejamos Sócrates, Falcão, Tostão, Casagrande, Neto, Milton Neves, Juca Kfouri, Brunoro, entre outros, comandando nosso futebol. Poderiam até ser um fiasco, mas seriam bem-intencionados. O que, no atual momento, é o que mais precisamos. 

Pílulas de Idéias 

# Muitos questionam o que levou a Globo a bater tão forte em Teixeira. Creio que desacordos no Grupo de Notáveis tenham criado essa desafeição, o que acaba por trazer boas conseqüências. Certa vez, a simples inveja de um irmão nos fez tirar do poder um presidente corrupto... 

# Desta forma, creio que a Globo prestou um grande serviço ao Brasil. 

# O jogo Brasil e Argentina, no dia 5, voltou das 21:45 para o bom horário das 8 da noite (seria melhor às 8 e meia). Claramente, briga de comadres entre Globo e CBF, mas se a briga das duas der nesse tipo de benefício, será uma maravilha! 

# O caso Marcelinho cansou. Agora, o Corinthians precisa liberar o jogador para ele ir para o time que bem entender. O amador dirigente corinthiano Antônio Roque Citadini precisa saber: a escravidão acabou! 

# O Campeonato Brasileiro começou muito equilibrado e Atléticos Mineiro e Paranaense, Palmeiras e Goiás lideram. Times sem muito alarde e elencos medianos. Esse equilíbrio é muito interessante, melhor seria se houvesse um nivelamento por cima. 

# Nenhum time se destacou. Dos jogos que vi, alguns jogadores mostraram qualidade: Lopes e Muñoz, do Palmeiras, Fabinho, do Corinthians, Kaká e Júlio Baptista do São Paulo, Edmílson do Coritiba e Kléberson do Atlético Paranaense. 

# A coisa mais ridícula e estúpida do futebol atualmente é a necessidade dos times usarem calções e meias de cores diferentes. Será que nunca mais veremos Palmeiras e São Paulo, Santos e Cruzeiro, Flamengo e Fluminense, Grêmio e Corinthians, com os uniformes tradicionais intactos e incólumes?  

# Eu estava assistindo ao maravilhoso Provocações da TV Cultura e ao mudar de canal, vi instantes de uma tourada, macabra “atração” da TV Espanha, canal 27 da NET. Pouco depois, o SBT transmitia a Festa do Peão de Barretos. Em ambos, não eu não soube distinguir quem era o ser irracional. Mas tenho minhas desconfianças. 

# O corte de energia elétrica dos moradores que não cumpriram a maldita meta de consumo é a coisa mais nojenta que esse governo já fez nesses oito anos de poder. 

Fala, Internauta! 

# Recebi 14 emails sobre a situação de Marcelinho Carioca. Em nove deles, o leitor se identificou como corinthiano (a saber: Émerson Polacchine, Walter Barbosa, Dante Galindo, Rodrigo Brizola, Sílvia Patrícia, João Carlos Amaral, Suzana Alves, Oscar Ferreira e Fausto Attala). Todos eles, sem exceção, defendiam Marcelinho e queriam a saída de Luxemburgo. Curiosamente, os não-corinthianos defendem a saída do jogador. Disso, extraio: que saiam os dois, pelo bem do futebol. 

# Marco Aurelio Klein, fiel, atento e sempre inteligente leitor, fez algumas observações sobre a coluna da semana passada

# Sobre Roque Júnior: “acho um tremendo peladeiro, ele de capitão da Seleção é uma piada só ao gosto de um amante de brucutus como o Scolari”. Devo concordar, mas não o vejo como um peladeiro, apenas mais um zagueiro mediano. E de fato, Scolari adora brucutus. 

# Sobre Rivaldo: “Rivaldo é dos raros  jogadores brasileiros que dominam todos os fundamentos do futebol... não é pouca coisa”. Também concordo, mas ele precisa ter sangue nas veias, assumir responsabilidades e dizer a que veio, assim como Alex. 

# Sobre Denílson: “muito bom para uma pelada tipo casados e solteiros... por isto joga no Betis e não no Barcelona ou no Manchester United”. Não o vejo como um peladeiro, mas um jogador que nos leva de volta a um passado de molecagem, que os brucutus acima citados feriram de morte.  

# Klein se assustou com o teor da coluna: “por favor, pátria de chuteiras???... é apenas a Seleção de futebol, nada tem a ver com a honra do país, apenas é - ou foi? - uma  importante manifestação cultural”. Eu creio que é a pátria de chuteiras sim. Imagino que o futebol não seja apenas uma manifestação cultural do país. É aquilo que move muitas pessoas e tem muito a ver com a honra do Brasil, sim. O brasileiro já tem baixa-estima, imagine se o futebol vai mal... 

# Sobre as críticas que fiz ao Íbis, Klein diz que foi apenas uma brincadeira do presidente do time pernambucano. Eu achei de péssimo gosto, ao estilo das pegadinhas que emporcalham nossa TV. 

# Klein diz que times como o Íbis existem apesar de Ricardo Teixeira e da Seleção. Eu quero dissociar a Seleção, que é algo imortal e o presidente da CBF, que não desejo que morra, mas que suma. Respeito o Íbis, pois amo o futebol. Mas parece que seu presidente quer é ser falado, como disse o lamentável Getúlio Vargas (ou foi outro lamentável, Jânio Quadros?): “falem mal, mas falem de mim.” 

# Nesta semana, conheci Marlene Buaiz, uma cubana com a alma iluminada. Ela ministra aulas de meditação a adolescentes, o que fez com meus alunos, que adoraram. Também por eles, dedico à ela essa coluna.

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Publicado no Sampa Online ( http://www.sampaonline.com.br )