V Encontro dos Consegs aborda informatização do trabalho policial
por Bruno Meirelles
Novembro 19, 2007

A informatização do trabalho de inteligência da polícia do Estado de São Paulo foi apresentada pelo delegado do Departamento de Inteligência Policial (DIPOL), Maurício Correcli. Ele fez uma exposição dos novos sistemas adotados peça polícia na palestra "A Inteligência Policial em benefício da cidade", que integrou o V Encontro dos Conselhos Comunitários de Segurança (Consegs) da Capital, ocorrido no dia 14 de novembro.

"O sistema Fenix é o sistema da nova identificação criminal da polícia civil.  Nós vamos começar em breve a coletar as vozes de toda a população criminal do estado de São Paulo. Então, quando fulano for ligar de telefone celular de terceiro extorquindo dinheiro, será possível identificar quem é o autor. Ele permite até a identificação de uma pessoa que tenha feito cirurgia plástica, pois trabalha com dados imutáveis das pessoas. Nós vamos também em breve desenvolver a identificação de cadáveres e tomada de dados de desaparecidos. O sistema permitirá que uma pessoa de Presidente Prudente que tenha um parente desaparecido, não tenha que vir toda hora a São Paulo. Ele vai em uma delegacia de polícia territorial, e no sistema será feita uma sessão de reconhecimento de desaparecidos com os cadáveres até então fotografados, ordenados por traços característicos, por vestes que o desaparecido usava" explicou ele.

Correcli relatou o funcionamento do novo sistema de pesquisa de impressões digitais. "Ano passado foi feito um levantamento para ver quanto se gastava de combustível nas viaturas do Estado inteiro que vinham do interior trazer planilhas para pesquisa de impressão digital, quantas horas de trabalho de policiais, quanto desgaste de viatura. A partir disso, desenvolvemos o sistema Alfa. Com uma simples impressora multifuncional, qualquer delegacia do Estado de São Paulo pode transmitir ao Instituto de Identificação a planilha onde foram tomadas as impressões digitais, e em de 40 minutos o instituto devolve para pesquisa. Economiza o Estado, e ganha a população, pois o policial militar não sairá da área em que trabalha, e o policial civil renderá em seu trabalho".

O inquérito policial digitalizado também foi destacado durante a fala do delegado do DIPOL. "Em menos de um mês nós podemos dizer que a polícia civil sofrerá uma revolução conceitual. Acabará com o tempo, o papel, a tramitação. A polícia civil desenvolveu um sistema de acompanhamento diário de ocorrência judiciária. O delegado titular do distrito não vai mais despachar um expediente de papel. Todos os boletins que foram feitos no dia anterior serão despachados de forma virtual. Enquanto ele não despachar, o sistema apontará um alerta que ele está com o serviço atrasado. Assim, o delegado seccional verá qual delegado que trabalha adequadamente, qual checa melhor as informações. Ou seja, a nossa atividade prometerá transparência à atividade de polícia judiciária. Nas próximas semanas vai começar uma experiência piloto no departamento de homicídios e em uma das delegacias de defesa mulher da capital".

Ele explicou ainda que o conceito por trás de todos esses sistemas está na organização das informações. "A atividade de inteligência diz respeito à gestão de conhecimentos. É uma metodologia de gestão de informações para que decisões possam ser tomadas por autoridades, e quem decide não pode errar. O filósofo Fracis Bacon disse saber é poder. Mas vamos atualizar essa frase. Às vezes eu tenho uma biblioteca cheia de livros, eu eu não sei o que tem lá. Se eu precisar procurar um livro, eu vou ter que descer a biblioteca inteira. Então o saber bem gerido, esse sim confere poder".

Por fim, estabeleceu uma importante diferença entre a investigação policial e a inteligência policial. "Ocorrido o fato criminoso, a polícia judiciária vai ao passado buscar o que aconteceu. Já a atividade de inteligência deve se antecipar aos fenômenos. E essa antecipação só ocorrerá com a gestão adequada de informações. A investigação policial, portanto, atua de forma reativa. A inteligência atua de forma pró-ativa, ou seja, antes do acontecimento.Nossa atividade está intimamente ligada ao planejamento, e os conhecimentos produzidos potencializam, melhoram as investigações. E em última instância, favorecem a sensação de segurança", finaliza ele.

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