Sociedade Veteranos de 32 - MMDC promoveu ato de protesto contra a mudança do nome Túnel 9 de Julho
Dezembro 16, 2005

Fábio Marcos Bernardes Trombetti, Célia Marcondes, Vereador Aurélio NomuraA Sociedade Veteranos de 32 - MMDC promoveu, na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Seção São Paulo. um protesto contra a mudança do nome Túnel 9 de Julho, batizado durante a gestão da prefeita Marta Suplicy como Daher Elias Cutait.

O Dr. Fábio Marcos Bernardes Trombetti, em nome da OAB, expressou que o Dr. Daher Elias Cutait "merece e deve ser homenageado", já que foi um "paulista e um brasileiro que muito legou a todos nós", e esclareceu que a OAB se coloca "em tom conciliatório" para ouvir todas as partes, favoráveis ou não à demanda.

O coronel da reserva Ubiratan Guimarães, que em 2 de outubro de 1992 comandou a invasão da Polícia Militar na Casa de Detenção, no que ficou conhecido como "Massacre do Carandiru", e que foi condenado, em junho de 2001, a 632 anos de prisão pela morte de 102 presos e cinco tentativas de homicídio, expressou que tem "o maior carinho pela família Cutait", e um dos filhos do Dr. Daher Elias Cutait operou sua esposa. Mas o coronel Ubiratan disse que não pode ser esquecido um episódio marcante da revolução, onde aconteceram "os combates mais renhidos, mais encarniçados, que foi no túnel de Mantiqueira". É por isso que "quanto a gente vê o Túnel 9 de Julho vem à memória a luta de nosso irmãos que pegaram em armas para defender a democracia e a nossa pátria". Guimarães afirmou que o nome dado ao túnel "não pegou", e exemplificou sua afirmação dizendo  que uma reportagem do Diário de São Paulo há uma semana informava que "o chafariz do túnel 9 de Julho será colocado novamente em funcionamento". Guimarães enfatizou que o "Dr. Daher Elias Cutait, pelo trabalho que fez, pela projeção que tem, merecem uma homenagem para perpetuar seu nome, mas em um complexo hospitalar, já que ele deu a vida pela medicina".

O Deputado Estadual Adriano Diogo (PT/SP), após esclarecer que é paulistano e "tem o maior respeito pela memória da revolução do 32", afirmou que o túnel, na época, não tinha denominação: "o que tinha denominação era a Avenida Nove de Julho", disse. Diogo informou que o Dr. Cutait, além de participar ativamente da revolução, teve seu hospital recém construído (o Sírio-Llibanês) seqüestrado pelo governo Getulio Vargas, sob intervenção federal, durante 19 anos. Adriano Diogo manifestou-se a favor da nova denominação, que homenageia uma pessoa "que tinha total identificação com  revolução de 1932". Diogo enfatizou que "jamais foi nossa intenção afrontar a memória dos paulistas e dos brasileiros combatentes". Lembro que durante sua passagem como Secretário do Meio Ambiente do governo petista fez "de tudo para recuperar o Obelisco, aquele sim o marco principal da nacionalidade do povo paulista", que afirmou estar "completamente abandonado e destruído".

Luiz Sérgio Carraro, ministro da comunicação da República de Vila Mariana, disse que os paulistas ficaram seis anos, após a revolução de 32, para conseguir a vitória moral, e "nos vamos ficar lutando o que for preciso, porque o túnel 9 de Julho será 9 de Julho para sempre". Carraro levantou suspeitas sobre a pintura da placa que foi afixada no túnel pelo então prefeito Paulo Maluf, que estava exposta no evento e onde ainda é possível ler Túnel 9 de Julho: "Houve, no mínimo, má fé de alguém", disse. Carraro também disse que é uma inverdade afirmar que o obelisco está abandonado e destruído. "Eu fui o advogado que ganhei em primeira instância como o IPH, fundado um ano e meio após a reivindicação da reforma paga pela Lei Rouanet". Carraro informou que Galileo Emendabili , o autor do monumento Obelisco Mausoléu ao Soldado Constitucionalista de 1932, "ganhou um premio régio em dinheiro e ganhou dez por cento de toda a obra para acompanhar os trabalhos de restauração. Houve interesse em que o Obelisco fosse reformado com dinheiro público". Finalmente, Carraro sugeriu que o Hospital Sírio Libanês ganhasse como sub-nome "Hospital Sírio Libanês Dr. Daher Elias Cutait".

Célia Marcondes, presidente da SAMORCE (Sociedade Amigos dos Moradores do Cerqueira César) considerou uma "tragédia" e uma "vergonha nacional" a mudança do nome do túnel, e disse que "lutou, e continuará lutando -com todo respeito- até que o túnel volte a ter o nome 9 de Julho".

O Vereador Aurélio Nomura (PV), autor de um projeto de lei que restitui ao túnel seu nome original, afirmou que a memória do Dr. Cutait deve ser preservada, mas Marta Suplicy, "houve por bem, aproveitando essa homenagem extremamente justa, passar uma borracha encima de um marco da memória do paulistano e do povo brasileiro ao tirar do túnel sua denominação histórica". Nomura informou que "conseguimos vencer o primeiro round da batalha, já que conseguimos, através do colégio de líderes, a aprovação [do Projeto de Lei] em primeira votação, sem dúvida influenciados por todos estes movimentos, é sem dúvida no ano que vem nós estaremos colocando a placa honrando novamente aqueles que lutaram por nosso povo".

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