Médicos estudam relação entre febre reumática e transtorno obsessivo-compulsivo
Junho 25, 2001 

O Projeto Transtornos do Espectro Obsessivo-Compulsivo – Protoc - do Instituto de Psiquiatria da USP desenvolveu estudo com crianças do HC portadoras de febre reumática (doença caracterizada por inflamação em diversos tecidos do corpo, principalmente articulações, com graves conseqüências ao coração e cérebro, e que ocorre em crianças e adolescentes após infecção de garganta não tratada adequadamente, pela bactéria streptococo), para rastrear incidência de transtorno obsessivo-compulsivo - TOC* - nesse grupo.

Foram selecionadas 62 crianças, entre 5 e 16 anos, divididas da seguinte forma: 22 portadoras de febre reumática com sintomas motores (caracterizado por movimentos involuntários de cabeça e membros, chamados Coréia de Sydenham e comum em pessoas com febre reumática); 20 portadoras de febre reumática sem Coréia de Sydenham e 20 crianças sadias.

O estudo evidenciou a presença de TOC em 30% dos casos de portadores de febre reumática, com e sem Coréia de Sydenham.

Segundo Eurípedes Miguel Filho, coordenador do Protoc, há indícios de que pessoas que tiveram infecção pela bactéria streptococcus têm maior propensão genética a desenvolver também TOC. Ele ressalta também que, nos Estados Unidos, a febre reumática foi praticamente erradicada, em decorrência do uso intenso de antibióticos naquele país, o que abre espaço para uma outra discussão: a questão do uso dos antibióticos no Brasil.

*O que é TOC

Doença que atinge cerca de 3% da população mundial, o TOC caracteriza-se por obsessões (pensamentos, idéias, impulsos ou representações mentais intrusivos e sem significado particular para o indivíduo. Esses pensamentos são acompanhados por sensações de incômodo, desconforto ou ansiedade e levam a pessoa a realizar determinadas compulsões ( comportamentos repetitivos e intencionais, realizados mentalmente ou através de ações motoras com o objetivo de reduzir o incômodo ou a ansiedade causados pelas obsessões, conforme certa padronização ou forma estereotipada. As compulsões podem ocorrer também sem a presença de obsessões, especialmente em crianças).

A doença evolui de forma crônica em 40% dos casos e os sintomas mais comuns são obsessões de contaminação, agressão, sexuais, rituais de limpeza/lavagem e de verificação.

Livro de auto-ajuda

O Protoc acaba de publicar o livro "Medos, dúvidas e manias: orientações para pessoas com transtorno obsessivo-compulsivo e seus familiares", organizado pelos psiquiatras Albina R. Torres, Roseli G. Shavitt e Eurípedes C. Miguel.

Primeira publicação brasileira sobre o tema voltada especialmente para o público leigo, o livro traz informações completas sobre a doença, tratamentos, grupos de auto-ajuda e depoimentos de pacientes. Tudo em linguagem simples e clara. Para Adquirir o livro, entrar em contato com a Associação dos Portadores de Transtorno Obsessivo-Compulsivo – ASTOC, pelo telefone 3088 9198.