É bom para o Brooklin ser administrado por Santo Amaro? É bom para Santo Amaro administrar o Brooklin?
Outubro 29, 2001

Pelo projeto de Lei enviado à Câmara Municipal, o Brooklin deixará de pertencer a Santo Amaro e passará a ser administrado pela Sub-Prefeitura de Pinheiros (saiba mais). Solicitamos a opinião de diversas personalidades de Santo Amaro sobre o assunto; eis as respostas.

Eng. Nerilton Para o Eng. Nerilton Antônio do Amaral , Administrador Regional de Santo Amaro (foto), "há aspectos culturais, históricos e até físicos, já que a Av. dos Bandeirantes divide o distrito de Itaim ao meio. O Brooklin também seria dividido, já que o Brooklin velho, por pertencer a Campo Belo, fica em Santo Amaro, e o Brooklin Novo, fica em Pinheiros? São a mesma gleba de terra!".

Luis Duraes, presidente do Conselho Comunitário de Segurança (CONSEG) do Brooklin, acredita que "seria mais interessante que o Brooklin ficasse sob controle da Regional de Pinheiros pois o perfil dos bairros ficaria mais equilibrado. Sem o Brooklin a Regional de Santo Amaro poderia atender melhor as áreas mais necessitadas da região. De qualquer maneira, independente da regional que ira ficar com o Brooklin o que interessa mesmo para a população da região é que os serviços prestados pelas Regionais funcionem com rapidez e eficiência !"

Roberto Manca di Villahermosa, advogado, 28 anos, Presidente da SAJAPE, Sociedade dos Amigos dos Jardins Petrópolis e dos Estados, que tem escritório no Brooklin, pensa que Brooklin tem de pertencer à subprefeitura de Santo Amaro "por uma questão de proximidade; está muito mais próximo a Santo Amaro que a Pinheiros ou Itaim. Acho um absurdo ter de me deslocar até Pinheiros ou até Itaim, bairros que não tem nenhuma identidade com o Brooklin, para resolver algum problema. O Brooklin faz parte da identidade cultural de Santo Amaro".

O Dr. Genesio Vivanco Solano Sobrinho, presidente do Rotary Club de São Paulo - Santo Amaro, não tem quaisquer dúvidas que a resposta a ambas perguntas é "SIM. Segundo estudos em mãos, a primeira questão a considerar é o das bacias hidrográficas e dentre elas, desponta o sistema de drenagem da região, comandado pelo Dreno do Brooklin. Este é um canal artificial que se inicia na jusante do córrego da Enxovia, na Chácara Santo Antonio. Segue canalizado em direção à avenida Chucri Zaidan, e prossegue pela avenida Luís Carlos Berrini em direção ao córrego canalizado da Traição, na avenida dos Bandeirantes. Esse sistema recebe águas de outros pequenos córregos e veios de água, bem como águas pluviais de galerias que perpassam os bairros do Brooklin, Campo Belo, Jardim Petrópolis e Chácara Santo Antônio. Com epicentro na avenida Águas Espraiadas, onde está presente a estação de bombeamento do Rio Pinheiros, também se encontra o piscinão do Jabaquara que se localiza na direção da montante do córrego, possuindo, pois, PAPEL DE GRANDE IMPORTÂNCIA PARA REGULAR O FLUXO DAS ÁGUAS E SEUS MECANISMOS DE DRENAGEM NA DIREÇÃO DO CANAL DO PINHEIROS.  Já por essa primeira abordagem, podemos afirmar que sim, é necessário que se tenha uma e única fonte de administração sobre tal sistema. Ao se dividir em duas ou mais Subprefeituras, a execução de importantes obras de manutenção do sistema e de definição de políticas estratégicas de contenção de enchentes e programas de drenagem: limpeza constante, reformas e readequação dos bueiros e bocas de lobo, das galerias, dos ramais, bem como de políticas de diminuição da impermeabilização e outras obras estratégicas que visem a amenizar e conter a força das águas, podem ficar, ou, quase com certeza ficariam, prejudicadas. Poderemos, ainda, falar dos eixos viários que servem a região e sua interligação, que, também, dependem de uma política de manutenção e reformas unificada. Notadamente em relação às avenidas de fundo de vale, onde sobressai a Avenida dos Bandeirantes, que "corta" a cidade ao meio e divide, historicamente, o centro de São Paulo e a antiga Vila de Santo Amaro. Sobretudo, ressalta o aspecto histórico de Santo Amaro, que, até a metade do século XX, foi um bairro distante, lugar de antigos sitiantes, de chácaras e granjas, com alguns pequenos núcleos habitacionais: Brooklin Paulista, Campo Belo (onde se instalou o Aeroporto) e é claro os núcleos populacionais na periferia de Santo Amaro. O Brooklin Paulista é um dos mais antigos bairros da cidade. Localizado originalmente entre os córregos das Águas Espraiadas e Cordeiro, o Brooklin se desenvolveu basicamente no entorna da Igreja, atual paróquia do Sagrado Coração de Jesus. Foi, então, se desenvolvendo como um vilarejo localizado entre a vila de Santo Amaro e o córrego da Traição, divisa entre o antigo Município de Santo Amaro e a capital. Historicamente, portanto, o Brooklin se formou e se desenvolveu umbilicalmente ligado a Santo Amaro, como seu primogênito. Já em relação a sua vocação econômica e urbanística, e a partir de um estudo, repito, obtido junto à Administração de Santo Amaro, por se constituir em corredor de passagem e pólo gerador da maior parte da zona sul, o agrupamento dos bairros de Santo Amaro, Brooklin Paulista e Campo Belo, deve se constituir em uma única Subprefeitura, na medida em que isto facilitaria a execução de políticas de trânsito e transporte, em especial no que se refere a inexplicável carência de metrô. Este agrupamento servirá para facilitar as políticas de conservação e ampliação da malha viária, bem como dos aspectos referentes à otimização, qualificação e atração de investimentos em uma região que congrega a presença dos mais importantes empreendimentos econômicos da cidade, com destaque para a rede hoteleira, centro de convenções e centros administrativos e financeiros dos setores de ponta da economia mundial com presença no Brasil, o que significa que para além de se constituir enquanto eixo de passagem e pólo provedor de serviço, empregos e bens de consumo da zona sul, constitui-se também em polo gerador que exerce atração em toda a cidade, no país e no exterior. Por isso, considera-se que AGRUPAR ESTA REGIÃO É ESTRATÉGICO PARA A CIDADE COMO UM TODO, DADA A TAMANHA IMPORTÂNCIA NO QUE SE REFERE À ESTRUTURA DE TRÂNSITO E TRANSPORTE E GERAÇÃO DE EMPREGOS E NEGÓCIOS DOS SETORES EMERGENTES E DINÂMICOS DA ECONOMIA NO QUAL SE ENQUADRAM OS BAIRROS DE CIDADE MONÇÕES, PARTE DO BROOKLIN PAULISTA, CHÁCARA SANTO ANTÔNIO, VILA CRUZEIRO, PARTE DO CAMPO BELO E ÁREAS ADJACENTES AO CENTRO HISTÓRICO DE SANTO AMARO. Poderíamos falar, ainda, das áreas verdes preservadas da região. Mas vamos terminar chamando a atenção para o fato de que, culturalmente, as áreas do Brooklin e de Cidade Monções fazem parte de Santo Amaro. Escolas tradicionais como o Beatíssima Virgem Maria, o Meninópolis, o Osvaldo Aranha, o Ênio Voz e outras são escolas de Santo Amaro. Os nomes das ruas, a começar pela avenida Roque Petroni Junior são homenagens a santamarenses ilustres, que construíram o Brooklin e cujos descendentes até hoje guardam lembranças dos tempos em que Santo Amaro era uma vila rodeada de pequenos núcleos populacionais dentre os quais o Brooklin Paulista. Para finalizar, repito, SIM, Santo Amaro é Brooklin e Brooklin é Santo Amaro, são coesos e assim deverão permanecer para o bem da população respectiva que mantém ligações indestrutíveis".

O Dr Gilberto Marques Bruno, advogado, Diretor Secretário do Fórum Permanente de Defesa de Santo Amaro, respondeu: "A questão da divisão dos distritos municipais, que vem sendo amplamente discutida junto ao Fórum Permanente de Defesa de Santo Amaro, (do qual  participei da fundação e fui honrosamente designado Diretor Secretário por iniciativa do CETRASA e da 102.ª Subseção de Santo Amaro da OAB), e, que tive oportunidade de proferir palestra na reunião havida em 16 de outubro p.p., onde tratei da criação dos distritos municipais e a Lei Municipal n.º 11.220, de 20 de maio de 1995, que para muitos parece controvertida, mas que deve ser observada sob o seguinte prisma: O projeto de criação e implementação das sub-prefeituras, de acordo com o meu entendimento, tem como um dos seus objetivos a descentralização da administração pública e, via de conseqüência, a consolidação da automia político administrativa de uma determinada região, seguindo uma tendência moderna de regionalizar a prestação dos serviços públicos, adequando-os as necessidades de cada localidade.
Obviamente, se a questão for objeto de análise sob o ponto vista do Município de São Paulo, administrar a cidade de forma centralizada, como se apresenta na atualidade, é quase que uma tarefa impossível de se concretizar, ainda que se leve em conta que o governante tenha " boas intenções " !
Basta que se tome como exemplo que em São Paulo, temos uma área geográfica, que segundo dados da PMSP, na ordem de 1.509 Km2, dos quais, 107,3 Km2 correspondem ao Distrito de Santo Amaro, conforme o disposto no Anexo da Lei Municipal n.º 11.220, de 20 de maio de 1995, sancionada pela então Prefeita Luíza Erundina de Souza. Evidentemente, diante dos números o Distrito de Santo Amaro absorve aproximadamente 15% (quinze por cento) da extensão territorial do Município de São Paulo.
O que nos dá a visibilidade no sentido de que em tese, a região estaria a contribuir no mínimo em 10% (dez por cento), do volume total da arrecadação tributária da cidade.
Chamando o problema para as perguntas formuladas, tenho que:
A manutenção do Distrito do Brooklin sob a administração do Distrito de Santo Amaro, é de grande importância tanto para Santo Amaro, quanto para o próprio Brooklin, justificando minha resposta no seguinte sentido:
Se o Brooklin, conforme se apresenta o Projeto de Lei voltado a modificação dos limites territoriais dos distritos municipais, fosse agregado ao Distrito de Pinheiros passaria a ficar, sob a responsabilidade e administração deste.
Contudo, sabe-se que historicamente, a evolução do bairro do Brooklin, está intimamente ligada a própria história e crescimento de Santo Amaro e vice-versa, gerando assim, maiores condições até de cunho operacional, para que uma eventual sub-prefeitura, pudesse implementar uma administração coerente, inclusive com projetos de desenvolvimento localizado.
Além disto, se a região de Santo Amaro como um todo, contribui com no mínimo 10% (dez por cento) do volume total da arrecadação tributária do Município, e o " status " adquirido com a implementação das sub-prefeituras, lhe asseguraria inclusive autonomia financeira.
Logo, na hipótese do Brooklin passar a integrar o Distrito de Pinheiros, Santo Amaro sofreria uma brutal redução na arrecadação, pois não podemos deixar de levar em conta, que corredores comerciais como a Avenida Luiz Carlos Berrini, a Avenida Padre Antonio José dos Santos, a Avenida Águas Espraiadas e outras, são áreas de potencial crescimento e como tais, excelentes fontes de arrecadação tributária.
Nessa linha, é de se imaginar que os recursos obtidos, poderiam facilmente ser direcionados pela " sub-prefeitura de Santo Amaro ", em projetos voltados ao desenvolvimento e solução dos problemas da própria região, isto é, não só em Santo Amaro, mas também para o distrito do Brooklin, pois como já dito, existe acima de tudo uma vinculação histórica entre as regiões.
De outro lado, quem poderia assegurar, que na hipótese do Brooklin ser anexado ao Distrito de Pinheiros, cujo bairro não está vinculado diretamente com a história daquela região, que os eventuais recursos arrecadados, seriam efetivamente distribuídos na mesma proporcionalidade da arrecadação, para a implementação de projetos a serem desenvolvidos no próprio bairro do Brooklin ?
Por estas e tantas outras razões, com os olhos voltados para o futuro, e imaginando que as sub-prefeituras se implementadas, serão dotadas de administrações coerentes, cuja transparência terá o condão de traduzir na prática os anseios das respectivas populações, dentro de uma forma democrática de participação da sociedade civil, em perfeita simetria com a administração pública, entendo que " É bom para Santo Amaro manter o Brooklin sob sua administração ", e, " É bom para o Brooklin continuar sob a administração de Santo Amaro " !

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