O Capitão Salvador Madia, comandante da 4ª Companhia do 12º Batalhão da Polícia Militar, responde à comunidade
Maio 10, 2002
Glaucia Noguera

O Capitão Salvador Madia (conheça-o), comandante da 4ª Companhia do 12º Batalhão da Polícia Militar, respondeu às perguntas efetuadas recentemente por alguns internautas que acessam o site do Brooklin e assinam o Boletim do site. 

Capitão Salvador MadiaMoradora da Rua Abaçaí diz que uma espécie de cortiço está sendo montado a 100m de sua casa. O local (antes uma casa abandonada) seria um ponto de drogas, mas a polícia nada faz para retirar as pessoas de lá. 
Em primeiro lugar, é preciso localizar o proprietária da casa e pedir para que os atuais moradores sejam tirados de lá. No momento em que a casa é invadida, o problema passa para a esfera judicial. Caso esteja havendo envolvimento das pessoas com drogas, a PM pode atuar. Mas é preciso deixar claro que só podemos adentrar à casa em caso de flagrante. Nenhum policial pode invadir uma residência, seja ela uma residência invadia, alugada ou própria. É o morador que tem de permitir a entrada do policial. Acho que seria interessante entrar em contato com o Conselho de Segurança (CONSEG) do bairro para localizar o proprietário para reintegração judicial.
 

E quanto aos guardas noturnos que ameaçam aqueles moradores que não querem pagar pelo serviço. Existe uma lei para tirá-los da rua?
Todo o guarda noturno deve ser cadastrado na delegacia de polícia. A primeira coisa que um morador deve fazer ao contratar um guarda noturno é ir à delegacia para cadastrá-lo. Na nossa área, o responsável por isso é o 96º DP. No momento em que se faz o cadastro, é analisado a ficha de antecedentes criminais da pessoa. Caso um morador se sinta ameaçado e constrangido, deve prestar queixa formal na delegacia de polícia. Enquanto não é registrada a queixa, a PM não pode atuar. O que ocorre muitas vezes é que as pessoas contratam vigias noturnos e conhecem o seu passado criminal. Se o guarda utiliza arma, ele está sujeito a uma abordagem policial como qualquer outro cidadão. 

O que a polícia poderia fazer para reduzir ou evitar o aumento do número de vendedores ambulantes no bairro?
A polícia militar não tem uma ação direta sobre os vendedores ambulantes, a não ser que haja algum tipo de constrangimento e esse constrangimento vier seguido de uma queixa formal. Por exemplo, um ambulante que jogou água no vidro de um automóvel sem o consentimento do dono e depois quer cobrar. Nós fizemos várias operações no ano passado, tirando vários ambulantes dos cruzamentos e levamos para a Delegacia de Polícia. Lá são consultados os antecedentes criminais da pessoa e, se não houver nada, ela é liberada e volta para o cruzamento. A fiscalização para esse tipo de problema cabe à Prefeitura, que sempre solicita o apoio da PM.
 

O que a polícia pode fazer com relação ao aumento do número de ocorrências (furtos e roubos) em prédios empresariais do Brooklin? Percebe-se que o policiamento aos finais de semana não é tão ostensivo.
Vale lembrar que esse policiamento exercido na nossa área é feito baseado no Infocrim, um programa de computador adotado pela polícia para obter o índice de criminalidade em cada região. Nós seguimos à risca os dados mostrados pelo computador e por isso é tão importante que a pessoa registre qualquer ocorrência, por menor que ela possa parecer. Se verificarmos um número maior de ocorrências em um determinado local, deslocamos um número maior de policiais.
O que acontece na região da Luiz Carlos Berrini é que a maior parte dos furtos acontecem durante a semana. Nos finais de semana, a avenida fica praticamente vazia e os registros de roubos que ocorrem naquela área são muito pequenos em comparação aos registros dos bairros.
Mas a incidência de roubos na Berrini vem diminuindo de mês para mês, o que mostra a ação da polícia. Já desbaratinamos várias quadrilhas, principalmente aquelas especializadas em roubos de notebooks, celulares e roubos de carros das Agências dos Correios.
 

Qual é a iniciativa que a polícia tem diante da favela da Água Espraiada? É possível fazer um levantamento do número de pessoas que vivem ali e de suas necessidades?
O levantamento do número de moradores e outras estatísticas não cabe a nós, mas temos contato com a líder comunitária e sabemos das necessidades dos moradores. Também fazemos batidas policiais freqüentemente. Respeitamos os moradores daquele local como qualquer outro morador da região de nossa responsabilidade. O baixo poder aquisitivo não significa que ele seja necessariamente um infrator. 

Morador da Baltazar Fernandes com Miguel Sutil diz que já ligou várias vezes para o 190 para denunciar furtos e roubos de carro, assaltos e até seqüestros. Mesmo assim é difícil ver policiais circulando pelo local enquanto eles andam aos montes pelas principais avenidas. Pergunta: "Será que os policiais fazem vista grossa para esse tipo de crime e ficam em avenidas movimentadas só para aparecerem? Por que não colocam policiais à paisana circulando nestas ruas. Garanto que iam fazer mais de 5 prisões por dia ou será esse o problema? Tenho medo de me identificar porque a fama da PM é de prender quem não deve".
Ao ligar para o 190, a pessoa tem uma resposta imediata e uma viatura se dirige ao local. Esse morador poderia participar das reuniões do CONSEG e registrar suas queixas também nesses encontros. Também poderia ligar diretamente para a Companhia ou vir aqui pessoalmente para registrar esses dados. Quanto aos policiais à paisana, isso cabe à Polícia Civil. A Polícia Militar, que tem por função a prevenção, é fardada. Mesmo assim, se os índices de registro de ocorrência naquele local for realmente alto, o policiamento será deslocado. Gostaria de lembrar que na semana passada (a entrevista foi realizada no dia 2 de maio), fizemos um flagrante de roubo naquele local.

A Polícia já estudou a experiência de parceria com a SOJAL (Sociedade de moradores do Jardim Lusitânia) feita para melhorar a segurança do bairro? Não existe nenhuma chance de ser aplicada no Brooklin Velho?
Chance há. O que acontece é que no caso da SOJAL houve, em primeiro lugar, uma organização por parte de todos os moradores da região. Eles realmente se uniram e depois foram trabalhar com uma parceria da polícia militar. Hoje em dia, temos em andamento projetos semelhantes na nossa área, um dos quais é na região da Luiz Carlos Berrini. O segundo projeto é para a região de Moema, que está sendo liderado pelo condomínio Parque dos Príncipes. O local concentra 10 prédios residenciais. Quando todos se unem e se conscientizam, o primeiro e mais importante passo é dado. Depois disso, os moradores poderiam entrar em contato com a Polícia Militar para ter informações a respeito de colocação de base e deslocamento de policiamento.
 

A polícia pode inibir os donos de cachorro a saírem com seus animais para fazer as necessidades na calçada? Existe alguma lei, é algum tipo de infração? Como a população poderia ser reeducada?
Lei não existe. O que existe é um decreto municipal para que todo cidadão recolha a sujeita do seu animal. A PM não pode fazer nada quanto a isso. Só vamos agir no caso de um cachorro feroz, solto na rua, perto de crianças e de pessoas que não tem como se defender. 

Quais as medidas que a Polícia pode tomar para melhorar a segurança dos moradores do Brooklin Velho? Morador diz que os assaltos têm acontecido com freqüência durante as madrugadas e que já dispõe do caixa eletrônico 24 horas que estava instalado na rua Padre Antônio José dos Santos.
Uma das soluções que poderiam ser tomados com relação aos caixas eletrônicos seria instalá-los perto dos postos policiais e das delegacias. Assim, haveria segurança 24 horas. O próprio usuário também poderia ajudar a prevenir ocorrências desse tipo: não parar nos caixas eletrônicos em determinados dias e horas ou se estiver sozinho. Outra medida seria fazer o saque rapidamente e ir embora, não ficar contando o dinheiro. Esse tipo de atuação facilita a ação do marginal e dificulta a ação da polícia. 

Moradora gostaria de pedir ronda noturna na região das ruas Furnas, Arandu, Grapecica, Nova Independência. Também pede vigilância às 3ª feiras, durante a feira livre nessa mesma região. Segundo ela, um grupo de elementos alcoolizados mexem com as senhoras que vão para a feira. Gostaria de saber também quem é responsável pela coordenação de trânsito nesta região, pois o cruzamento da Arandu com a Padre Antônio José dos Santos continua sem sinalização eficiente.
Volto a insistir na importância dos registros das queixas. Só saberemos desse tipo de constrangimentos, se eles forem registrados. Mas vamos verificar o local.
Já o trânsito em São Paulo é de responsabilidade da CET, órgão que constantemente está presente nas reuniões do CONSEG. Essa seria uma oportunidade de encontrá-los.
 

Por que não estender as blitz com as motos na Berrini também para os carros? Morador diz que já viu vários carros sem placa ou com as placas escondidas.
A blitz sempre é estendida aos carros. Acontece que existe maior incidência criminal por parte dos usuários de motos. Conseguimos deter vários carros que foram roubados, principalmente carros dos Correios.
 

Quando haverá um policiamento que iniba os guardadores de carro na região da Berrini? Eles chegam a colocar caixotes para "vender" vagas próximas ao cartório da Nova Independência.
Já estivemos várias vezes no local, mas muitos moradores da rua e os próprios funcionários do cartório foram contra a ação da polícia, porque disseram que era a única forma que aquele menino tinha para ganhar dinheiro e não partir para o mundo do crime. Uns são contra; outros, a favor. Isso nos dificulta.

Quais as medidas que serão tomadas para evitar o crescente roubo de notebooks que está ocorrendo na região da Berrini?
Esse é um ponto isolado na nossa área, não é uma coisa que está surgindo em todo São Paulo. Estamos cadastrando os locais com maior incidência de roubos, colocando o dia, a hora, o local e estamos agindo. Recentemente, desbaratamos uma terceira quadrilha. Ouve até troca de tiros e um meliante foi alvo de três disparos por parte dos policiais. O flagrante foi registrado no 96º DP.

Nota: O Conselho Comunitário de Segurança (CONSEG) do Brooklin reune-se terceira Terça Feira de cada mês no Colégio Anhembi-Morumbi, rua Guararapes, 329, das 20h00 às 22h. As reuniões são abertas à participação da comunidade. Caso deseje participar, entre em contato com Luis Durães, presidente do CONSEG.

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