Conheça o Capitão Salvador Madia, comandante da 4ª Companhia do 12º Batalhão da Polícia Militar
Maio 09, 2002
Glaucia Noguera

Capitão Salvador MadiaQuem entra na 4ª Companhia do 12º Batalhão da Polícia Militar, localizada na Avenida Quarto Centenário, para tratar de assuntos relacionados à segurança nem imagina que do outro lado do balcão pode estar um exímio cozinheiro. Aos 39 anos, pai de dois filhos, o Capitão Salvador Madia revela ao Sampa Online sua paixão pelas panelas, sua capacidade de inventar receitas e do gosto pelo futebol. Único santista em uma família de palmeirenses, ele não deixa de citar a importância da participação da comunidade na resolução dos problemas de segurança do bairro e deixa um convite. "Gostaria que cada morador viesse passar 15 minutos conosco, para conhecer o nosso trabalho", disse. O telefone comunitário da Companhia é 3046.0300.

Há quanto tempo o senhor trabalha aqui?
Estou aqui há sete anos. Fiquei quatro anos como sub comandante aqui e depois passei a comandar a 4ª Companhia.

E nesse período já deu para notar muita mudança?
Muita. Essa Companhia era praticamente esquecida. Mas hoje eu garanto para você que conseguimos colocar em prática um modelo de tratamento de policiais e no atendimento ao público. Garanto para você que para cada reclamação que eu receber, vou receber cinqüenta agradecimentos. Antes, isso era invertido: tínhamos cinqüenta reclamações e um elogio.

Então a participação da comunidade também tem aumentado...
Com certeza. O prédio em que nós estamos era de madeira e, com a ajuda da comunidade, construímos de alvenaria. Cada pessoa tem o mesmo valor aqui: teve gente que deu dez tijolos, outros deram R$ 30.000,00. Esse é o caminho.

Agora entrando na parte pessoal, o senhor é casado?
Sou casado há 13 anos com a Ilka, com quem tenho dois filhos: o Felipe e o Frederico. O Felipe tem 11 anos e o Frederico, 5.

E o que senhor gosta de fazer no final de semana?
Eu gosto de encontrar os amigos, fazer um churrasco... Na verdade, eu gosto muito de cozinhar. Gosto muito de conversar, tomar minha cerveja, comer meu churrasco e jogar bola. Isso é outra coisa que gosto de fazer apesar de jogar mal.

Cozinhar? Como o senhor aprendeu a cozinhar? Foi uma necessidade?
Meu pai cozinhava, a minha mãe cozinhava e eu aprendi observando o que eles faziam. Cozinheiro bom odeia que alguém toque na comida durante o preparo, então eu só olhava. Quando eu vim morar em São Paulo, mudei para a casa dos meus tios aqui, então a gente cozinhava. Depois eu casei e meus filhos são muitos fãs da minha comida. Eu até brinco com eles, falo que vou abrir um restaurante.

O senhor é descendente de italianos?
Meus quatro avós eram italianos.

Então a especialidade é comida italiana, ou não?
Às vezes as pessoas me falam que o meu forte é o macarrão, mas para mim o macarrão é uma coisa simples. É como se fosse arroz e feijão e se eu pudesse, faria todos os dias. Adora macarrão de todos os jeitos possíveis e imagináveis. Mas sou muito chato para isso. Sou eu quem compra o tomate, a cebola, escolhe a carne... Não sou adepto de nada enlatado. Eu gosto de fazer churrasco, frango grelhado na chapa. Faço também umas comidas diferentes, comida caipira, pois eu sou do interior de São Paulo, nascido em Sorocaba e criado em Itapetininga. Mas tem um detalhe: eu cozinho e limpo a cozinha. Do jeito que eu pego uma cozinha eu devolvo. Não deixo uma panela suja.

O Sr já inventou alguma receita?
Costumo criar receitas, sim. Eu leio revistas, leio site de culinária, mas mexo na receita conforme o meu gosto. Gosto muito da cozinha do Sílvio Lancelotti. Outro dia ele fez um arroz à moda dos "cowboys", uma receita que ele trouxe dos americanos. Eu fiz uma adaptação dessa receita, fiz o mesmo prato, mas do meu jeito. Foi impressionante! Saiu tão bom, que todo mundo queria saber como era feito. É uma espécie de feijoada branca, só que ela é temperada com mel e pimenta. E quando eu conto pra todo mundo que eu coloco mel eles acham estranho

Sua esposa deve gostar dessa sua queda pela cozinha.
A Ilka adora. Ela sempre diz "não gosto de cozinhar, cozinho mal. Depois que eu casei e pensei que iria me especializar, você acabou com tudo isso". Ela me liga e pergunta: "você vai chegar a tempo de fazer qualquer coisa?" Eu já acostumei.

Ter família italiana significa que o senhor torce para o Palmeiras?
Toda a minha família é palmeirense, meus pais irmãos, avós. Mas eu sou santista. Essa paixão pelo Santos é inexplicável. Acho que foi a convivência com os meus tios e eles me ajudaram a torcer para o Santos. O mais engraçado é que o meu filho mais velho é fanático pelo Santos e o mais novo é fanático pelo Palmeiras. Se o jogo é Santos x Palmeiras o jeito é não ligar a televisão.

E essa bandeira do Japão que o senhor tem em cima da mesa? Representa algo especial?
Fui fazer um curso no Japão. Quem monitorava não era a polícia, mas uma agência japonesa. Eu fiquei apaixonado por aquele país e comentei isso pra eles. Lá, todo mundo é educado, culto, muito simpático. Eu não tinha consciência daquela educação. a gente tinha uma idéia de que eles eram muitos secos, mais pelo pouco tempo que a gente ficou lá eles nos trataram com carinho. Isso não quer dizer que lá não existem problemas, mas há escolas para todo mundo de graça, médicos para todo mundo de graça. Eu trouxe muitas coisas do Japão, entre elas um vídeo-game, uma xícara de saquê, uma lanterna japonesa. Tenho vontade de qualquer dia levar a minha esposa para o Japão. 

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