Por que o Rio Pinheiros está tão poluído?
por Vivian Palmeira
Decembro 20, 2006

No começo do século passado o rio Pinheiros servia de cenário para os programas de domingo de muitas famílias paulistanas. Pescadores e banhistas se reuniam às margens do rio que, além de favorecer atividades de lazer, também contribuía para o desenvolvimento econômico e industrial da cidade de São Paulo. Nele circularam as embarcações de café que marcaram o progresso da capital.

Atualmente, os 24 quilômetros que seguem desde a confluência com o Tietê até a Usina Elevatória de Pedreira lembram um aterro sanitário.

Poluição no Rio Pinheiros Poluição no Rio Pinheiros

Porque o Rio Pinheiros está tão poluído? Há solução para este problema? Mauro Guilherme Jardim Arce, Secretário de Energia, Recursos Hídricos e Saneamento do Estado de São Paulo respondeu, em entrevista exclusiva ao portal Sampa Online, a essas perguntas.

 “Infelizmente a quantidade de lixo carregado para o rio nos períodos de chuva é imensa”, diz o secretário de Energia, Recursos Hídricos e Saneamento do Estado de São Paulo, Mauro Guilherme Jardim Arce.

Mas não é somente a chuva a responsável pelas águas poluídas do rio. O secretário lembra que há outros fatores que contribuem para a situação de degradação do Pinheiros e alguns deles dizem respeito a responsabilidade da população: “Os próprios moradores montam redes clandestinas de esgoto e lançam seu lixo no rio”.

A causa da demanda irregular de esgoto é efeito do desenvolvimento habitacional desordenado. Em três anos cerca de 300 mil pessoas se instalaram em Áreas de Preservação Permanente (APP). Arce explica que essas áreas não são próprias para habitação, e o poder público está impedido pela legislação de prestar serviços de saneamento, e isso acaba comprometendo também o abastecimento da cidade. “Quem mora lá acaba jogando seu esgoto nos mananciais”, diz o secretário.

Além do lixo lançado pela própria população, fábricas e caminhões despejam entulhos e produtos químicos nas águas do Pinheiros. “Temos fábricas guardando o esgoto e despejando nos finais de semana”, conta Arce.

Municípios vizinhos também usam os rios que correm por São Paulo para se desfazer do seu próprio esgoto. Arce cita o caso de Guarulhos, "um município com um milhão de habitantes que joga o esgoto sem tratamento no Capuçu do Alto, que chega no Tietê. Como resultado, nós tiramos 7 milhões de metros cúbicos de material em 4 anos".

Na opinião do secretário o problema do rio Pinheiros é um grande desafio, que não se resolve em curto prazo. Ele reconhece que a manutenção é de responsabilidade do poder público, mas acredita que a solução esteja na conscientização da população. “Polícia não resolve. A solução seria educar a nova geração. Qualquer papel que a pessoa joga na rua vai parar, inevitavelmente, no rio”.

Atualmente a Secretaria de Recursos Hídricos e Saneamento do Estado vem trabalhando em obras de reforço das encostas dos rios, e na implantação do Interceptor Pinheiros (IPI6), uma obra que integra a segunda etapa do Projeto Tietê. Serão quase 12km de túneis que coletarão o esgoto despejado diariamente no rio Pinheiros, na região que vai de Santo Amaro ao bairro de Pinheiros, e o encaminhará às Estações de Tratamento de Esgotos (ETE’s).

Há esperanças de um futuro melhor? O secretário afirma que sim, e prometeu: “O Pinheiros vai ser o primeiro rio, da bacia do Alto Tietê, a voltar a ter peixes” (clique e ouça).

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