Comissão técnica sugere ações de emergência para reparação de erros da obra na Rebouças que oferecem risco à população
Janeiro 17, 2005

As duas faixas exclusivas de ônibus da avenida - entre a Faria Lima e a Cardeal Arcoverde - serão interditadas na próxima semana para reconstrução imediata de 200 metros críticos da galeria construída em 2004.

O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) constatou que há risco eminente de solapamento do asfalto nas faixas exclusivas de ônibus da avenida Euzébio Matoso (dois sentidos), no trecho entre a Cardeal Arcoverde e a Brigadeiro Faria Lima. A causa: erro de execução da galeria de drenagem construída por conta da obra do túnel Jornalista Fernando Vieira de Melo em 2004. Para a realização das obras de reconstrução de 200 metros da galeria - trecho crítico - será necessária a interdição das
faixas de ônibus ao longo deste intervalo viário, que compreende 400 metros, por aproximadamente 30 dias. Segundo o secretário municipal de Infra-Estrutura e Obras, Antonio Arnaldo de Queiroz e Silva, a operação deve começar nos próximos dias. Há necessidade de tempo para preparar um esquema de orientação da população para as mudanças no trânsito local. 

Outros erros na obra da Rebouças foram apontados na tarde desta quinta-feira (13), em entrevista coletiva, pela comissão técnica independente formada por determinação do prefeito José Serra, após inspeção feita por ele às obras no túnel da Rebouças no dia 5 de janeiro. A Comissão é formada por representantes do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, Instituto de Engenharia São Paulo e da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Ao lado do secretário, participaram da coletiva o presidente da CET, Roberto Scaringella; o professor Kokei Uehara, da Escola Politécnica da USP; Eduardo Ferreira Lafraia, presidente do Instituto de Engenharia São Paulo; Marcos Tadeu Pereira, diretor técnico do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT); o engenheiro Julio Cerqueira Cesar Neto, do Instituto de Engenharia São Paulo; José Rodolfo Martins, da Escola Politécnica e da Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica (FCTH); e o engenheiro Winston Hisasi Kanashiro, da FCTH. 

"O estudo apontou que em alguns pontos a galeria foi mal feita", disse o secretário Antonio Arnaldo. Segundo ele, não houve erro de projeto, mas sim, de execução. "Eu não acompanhei pessoalmente as obras, mas diria que a pressa é inimiga da qualidade", observou.

Galeria

As inspeções realizadas pelo IPT em superfície e no interior das galerias de drenagem instaladas sob as avenidas Rebouças e Euzébio Matoso, entre os dias 5 e 9 de janeiro, apontaram deformações horizontais e verticais das tubulações que excedem o limite máximo especificado pelo fabricante, que é de 7,5%. A preocupação maior é justamente nos trechos entre a avenida Brigadeiro Faria Lima e a rua Cardeal Arcoverde, onde serão iniciadas as obras de reconstrução da galeria, e entre a rua Maria
Carolina e a Faria Lima. Nestes intervalos (que somam aproximadamente 400 metros), as porcentagens de ocorrências de deformações foram superiores a 40%, chegando a 100% em um ponto. Provisoriamente, há presença de toras de madeira para escoramento em trechos onde a galeria está desabando. Este é o fator principal, segundo os técnicos, para o quadro atual de risco eminente de desabamento do asfalto nas faixas de ônibus e, conseqüentemente, de acidentes sérios e fatais. Daí a necessidade emergencial da interdição das faixas para a reconstrução da obra nos 200 metros em pior estado. 

Outra ação será o monitoramento constante, a curto prazo, de todo trecho de 400 metros, por técnicos do IPT. "Teremos que voltar ao local e medir se haverá o rebaixamento posterior dessa galeria e se está realizando alguma posição de equilíbrio", afirmou o diretor técnico do instituto, Marcos Tadeu Pereira.

Outras anomalias importantes observadas nos 700 metros de galeria inspecionados foram: remendos na tubulação com descolamento, assoreamento significativos, infiltrações no anel da tubulação, e a presença de nata de concreto e entulho em alguns pontos da galeria. 

O relatório sobre a situação de drenagem do túnel Fernando Vieira de Melo demonstra que a inundação ocorrida no local em 27 de novembro de 2004 se deu em função também da deficiência nas estruturas de macro-drenagem (galerias vizinhas antigas e insuficientes para o suporte de chuvas com intensidade similar ou superior) e de
micro-drenagem local (bocas de lobo, grelhas, entre outros), aliada à não execução de estruturas previstas no projeto original do túnel - sendo as duas principais: a criação de uma lombada na entrada do túnel em cada sentido e a implantação de captações nas áreas dos emboques do túnel. As lombadas significarão um obstáculo para dificultar o acesso da água ao interior do túnel e as captações serão a barreira física inicial, que poderão conter parte da água que atingirá as lombadas. A contínua desobstrução de grelhas, bocas de lobo e sarjetões, e a continuidade do trabalho em conjunto com o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) para interdição do túnel na iminência de chuvas intensas são outras medidas emergenciais importantes sugeridas pelo relatório e que serão realizadas pela Prefeitura para minimizar os problemas na Rebouças.

Segundo o laudo, as inundações locais só serão solucionadas de forma definitiva quando os problemas de falta de capacidade das galerias vizinhas forem solucionados. "Para tanto, seria necessária a ampliação dessas galerias e sua adequação para as vazões solicitadas, equivalente ao Período de Retorno (Tr) de 100 anos, por envolver risco ao funcionamento do túnel, contribuindo ainda para a solução dos grande problemas de drenagem da região", destaca o relatório. 

Uma possibilidade seria a construção de uma galeria ao longo da Rua Sampaio Vidal, atravessando a avenida Faria Lima e seguindo pela Rebouças até o seu desemboque no Rio Pinheiros. Segundo o secretário Antonio Arnaldo, a obra - que não está prevista no orçamento da prefeitura - poderia levar de um a dois anos para ser concluída. "Essa ou outras soluções serão propostas para o prefeito, que pode entender que há outras prioridades na cidade. Em função do orçamento e das prioridades, ele vai decidir", explicou.

Obras 24 horas e sem ônus

O secretário Antonio Arnaldo informou que as obras estão previstas para 30 dias, mas que "a Prefeitura fará o possível para que sejam feitas em menos tempo, trabalhando 24 horas por dia". Ele também explicou que a obra será refeita pela empreiteira que realizou originalmente o serviço, a Queiroz Galvão, sem que a Administração municipal pague nenhum centavo a mais por isso. "A orientação do prefeito é muito clara: aquilo que foi mal feito ou que não foi feito tem que ser
bem feito de acordo com o que foi contratado", afirmou. 

Trânsito

Para o início da intervenção, as duas faixas de ônibus da  Euzébio Matoso serão interditadas no trecho entre a Faria Lima e a Cardeal Arcoverde. Os ônibus passarão a trafegar pela pista da extrema direita em cada sentido (Bairro-Centro e Centro-Bairro), sendo que estas faixas não serão consideradas exclusivas de ônibus. O impacto, segundo Scaringella, será grande, já que nas duas faixas operantes em cada sentido a capacidade de escoamento será de 3.500 veículos por hora, quando a circulação média naquele trecho é de 4.500 veículos/ hora. 

A CET está concluindo um projeto de engenharia de tráfego para resolver ou minimizar o impacto nessa área. Para o presidente da Companhia, tão importante quanto o projeto de tráfego é um plano de comunicação eficiente, que "informe intensamente a população". O ideal é que os usuários daquela região evitem não só esse trecho, mas todo o corredor Rebouças-Euzébio Matoso-Francisco Morato, e, se possível, o bairro. Para os motoristas que não tiverem como evitar a região, a CET sugere e pede, de antemão, para que recorram a alternativas utilizando as pontes Cidade Jardim e Cidade Universitária. 

Fonte: Assessoria de Imprensa da Prefeitura de São Paulo

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