Pernilongos infernizam a vida dos paulistanos
Junho 09, 2004
Os paulistanos que moram perto dos Rios Pinheiros e Tietê convivem, atualmente, com um incômodo que beira o insuportável: milhões de pernilongos que, especialmente ao anoitecer, invadem as residências e atormentam seus moradores.
D. Maria, que mora na esquina da Rua Guaraiúva com a Rua Arizona, no Brooklin, diz que de manhã, no seu jardim, há "uma nuvem" de pernilongos. À noite preocupa-se em verificar que todas as janelas do seu veículo estejam fechadas, caso contrário, "no dia seguinte nem consigo entrar no meu carro, de tanto mosquito".
Leandro (12), Daniel (11) e Everton (11), que curtiam uma agradável tarde de sol na Praça Arlindo Rossi, perto da Berrini, acompanharam a reportagem Sampa Online a uns focos de vegetação a poucos metros do local onde brincavam. Ao mexer na vegetação (foto à direita), levantou-se uma nuvem de pernilongos. "No finzinho da tarde", segundo Daniel, "a gente tem de ir embora daqui de tanto mosquito".
Luciana, que mora na comunidade Jardim Edith, do lado da praça, "nunca mais viu o caminhãozinho da prefeitura; com o frio, desapareceu". Apesar dos seus escassos recursos, tem de comprar remédio anti-alérgico para sua filha de cinco anos, que é alérgica às picadas, "e gastar numa pomada que custa R$ 18,00, fora o repelente que tenho de comprar". Indignada, questiona: "Cadê a [prefeita] Marta nessa hora? Ela quer voto? Eu não voto nela. Em vez da Marta inventar de fazer buraco eu queira que viesse cuidar de nossa comunidade".
Moradores da Rua Arthur Ramos, no Itaim Bibi, também reclamam do problema. Na última reunião do Conselho de Segurança desse bairro, um dos moradores dessa rua, o Sr. Antônio, afirmou que na semana anterior esteve no gabinete da Subprefeita e até lá "estava cheio de pernilongos".
A Prefeitura esclarece
Segundo a Vigilância Sanitária da Subprefeitura de Pinheiros, há um constante trabalho de vigilância quanto à proliferação do Aedes aegypti, conhecido como mosquito da dengue. As armadilhas em vários locais de procriação mostram que não há crescimento da população dessa espécie de mosquito, mas a vigilância é constante.
Quanto aos pernilongos, a subprefeitura esclarece que o popular "caminhãozinho" só é utilizado no combate ao Aedes aegypti. O Cúlex Quinquefasciatus, que não transmite qualquer doença e é o que atormenta os paulistanos, é combatido com "fog" (inseticida) na beira do rio. Mas este método combate o mosquito adulto, não as larvas.
Como o ciclo de vida médio do Cúlex é de dez dias, e no frio as larvas não se reproduzem, é possível prever que nas próximas semanas a população adulta terá perecido, e não será substituída por uma nova geração de pernilongos. Talvez os paulistanos voltem a desfrutar de um breve período de sossego.
Onde denunciar
Com a descentralização administrativa promovida pelo governo Marta Suplicy, as denúncias quanto à presença de mosquitos tem de ser feitas na subprefeitura que administra o local afetado. Eis uma relação das 31 subprefeituras (clique no link para abrir a página correspondente):
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