Pojeto Molekada XXI
pelo Prof. Rui Alves Grilo
Agosto 20, 2001

Domingo, 19 de agosto de 2001.  Chego por volta das 11 h  à Escola Estadual Juventina Domingues de Castro, no Jardim Alcântara II, próximo à Estrada da Varginha e da Represa Billings. Na quadra, um grupo de jovens joga capoeira. Na entrada, um monte de carteiras velhas e quebradas. A escola está em reforma, por dentro e por fora.

Em uma sala apertadinha e improvisada, conversamos com o Sr. Nilson Gonçalves e a Dona Célia Alves. Enquanto conversamos com um, o outro e alguns jovens e crianças vão cortando pãezinhos e recheando de tomate e alface picada. Logo, a criançada e os jovens começam a forma a fila para pegar o sanduíche  e o suco de laranja. Todo domingo atendem 350 jovens e crianças que vão lá para comer e se divertir com atividades de  capoeira, futsal, axé, teatro, hip-hop, samba e também para reforço escolar e leitura (35 alunos em cada turma).  

O Sr. Nilson Gonçalves, que é o coordenador do projeto,  conta que trabalhava com teatro e se cansou e resolveu ir trabalhar numa fábrica, a Sylvania, na Avenida Sabará. Em 1999, a professora Maria Vilani, conhecida como Vítória Régia, e criadora do Centro de Artes e Promoção Social do Grajaú, convidou-o para trabalhar no Projeto Escola Cidadã, uma proposta de escola aberta à comunidade e que funciona na Escola Municipal de Ensino Fundamental “Dr. Miguel Vieira Ferreira” na Cidade Dutra.  

Quando o projeto já estava bem consolidado, em 2000 foram para a Escola Estadual “Marlene Ádua Fortunato” e,  a partir de 15 de abril deste ano está aqui no Juventina, a convite do Aparecido Bezerra Monteiro, mais como conhecido como Cidão. Junto com o Nilson e a Dona Célia Alves, da Sociedade Amigos dos Bairros de Chácara Conrado e São Marcos, trabalham 26 voluntários. Cada um contribui com o que sabe e o que pode: um faz o suco, outro corta o pãozinho, outro dá aula de capoeira... Os pãezinhos  são doados pelos comerciantes locais.  

O Douglas Aragon, que é sonoplasta, faz a parte técnica garantindo o som. Ele afirma que aprende muito mais do que ajuda: é o contacto afetivo, o trabalho com pessoas e linguagens diferentes... Foi convidado pelo Nilson,  quando fazia parte de um grupo de teatro e se sente muito satisfeito em participar desse trabalho.  

O Cidão diz que o trabalho no Juventina começou no ano passado e, no começo era mais com palestras sobre violência, drogas, prevenção da aids e, também com muita música. Seu maior sonho é gravar um cd, que já está em andamento,  e com o dinheiro construir um centro cultural na região.  O seu grupo de rap  - o FATO EXPRESSIVO – é constituído por ele e mais três jovens da região, que estão desempregados e vivem do que ganham em shows  na periferia. 

Conversando com algumas crianças, de 7 a 10 anos, elas disseram que a atividade preferida era a capoeira e que era legal a escola ficar aberta nos finais de semana. Uma criança de 7 anos disse que o pai mora no norte e ela mora com a tia.  Segundo o  Nilson, o lanche é uma forma de atrair as crianças. Depois, elas vão se integrando às oficinas.  Os meninos disseram que é muito ruim não poder repetir o lanche.  

A Célia contou que, depois da reforma da escola, vão incluir oficinas de carpintaria, de artesanato e culinária aos sábados. Pretendem fazer uma horta nos fundos, arborizar  e ajardinar a escola para dar um aspecto mais bonito e agradável.

A relação da escola com a comunidade vai melhorando e esse caminho é a solução que encontraram para lidar com a violência, pois essa região apresenta um dos índices mais altos de morte por homicídio, na faixa dos 15 a 25 anos.  

Se você quiser colaborar de alguma forma, entre em contacto com Célia Alves pelo fone 5031-5857.

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