Conheça Marcelo Andrade, diretor executivo da Millenium ONG, que idealizou o projeto Calçada Limpa.
Novembro 29, 2001

Voluntários da MilleniuemMarcelo Andrade, 35 anos, é diretor executivo da Millenium, a ONG (Organização não Governamental) que idealizou o projeto Calçada Limpa. Conversamos com Marcelo durante um dos eventos promovidos pela ONG que dirige, no Parque Villa Lobos, no qual voluntários da ONG distribuíam à população kits para recolher as fezes dos cachorros.

Sampa Online: Quando surgiu a Millenium ONG?
Marcelo Andrade: A Millenium ONG é uma entidade nova; só tem dois anos e dois meses.

Sampa Online: Por que você criou a Millenium?
Marcelo Andrade: Eu faço parte de Sociedade Amigos de Bairro, do Conselho Comunitário de Segurança, e em função desse trabalho comunitário comecei a desenvolver uma série de projetos. Chegou uma hora que a gente precisava institucionalizar essas ações, até mesmo para conseguir uma abrangência maior, conseguir novos patamares dentro do nosso projeto, e então foi criada a Millenium para propiciar iniciativas ecológicas, de bem-estar social e principalmente atender a sociedade.

Sampa Online: E como surgiu o projeto Calçada Limpa?
Marcelo Andrade: A partir do resultado de um questionário que distribuímos no bairro de Perdizes. O maior problema apontado pela comunidade foi justamente as fezes de cachorros nas calçadas. Resolvemos então desenvolver um Projeto, o Calçada Limpa, que visa conscientizar a população -possua ou não animais- da importância de recolher. 

Sampa Online: Quantos voluntários tem hoje o projeto Calçada Limpa?
Marcelo Andrade: Trabalhamos com aproximadamente 10  voluntários, sendo um deles uma veterinária, outros seis que fazem parte da diretoria e mais uns quatro que entraram em contato e que se apresentaram para colaborar com a divulgação.

Sampa Online: Qual é a reação das pessoas quando vocês entregam esse kit? Qual a reação, em particular, das pessoas que não tem por prática recolher as fezes dos seus cachorros?
Marcelo Andrade: A reação é, noventa e nove por cento das vezes, positiva. A maioria apóia e relata problemas que aconteceram com elas ou com algum vizinho. Mas o mais interessante que até hoje nenhuma das pessoas que abordamos disse "eu não carrego saquinho; eu não recolho". Isso demonstra que as pessoas sabem que o correto é recolher. É por isso que consideramos que esta campanha é o caminho correto para uma sociedade futura estar vivendo em harmonia vivendo com os animais.

Sampa Online: Há algum outro projeto nos planos da Millenium?
Marcelo Andrade: Há um outro projeto que ainda pretendemos fazer que é o projeto chamado "A Praça é Nossa", mediante o qual pretendemos que cada comunidade, através de mutirão, participe e limpe suas praças..

Sampa Online: Mas a comunidade já paga imposto para que as autoridades municipais façam esse trabalho. Porque você acha que a comunidade deveria se envolver?
Marcelo Andrade: Realmente a responsabilidade é do governo de fazer esse papel, mas a Prefeitura não pode mais ser responsável por cada pracinha em toda a cidade com São Paulo. O caminho é a terceirização, a pulverização do poder, esse é um fato que acontece já nós países do Primeiro Mundo. Se as organizações não governamentais do terceiro setor junto com a iniciativa privada desenvolverem esse trabalho então o imposto que pagamos vá suprir outras necessidades ou simplesmente vá diretamente financiar essas ONGs para que elas executem esse trabalho. Uma coisa é realmente certa: vivemos um momento de transição muito difícil, já que um ainda não assumiu e o outro não tem mais como assumir essa responsabilidade. Então acaba ficando esse abandono, essa anarquia momentânea. Mas o que nós estamos fazendo é uma iniciativa que é uma tendência mundial; a comunidade tem que assumir a responsabilidade sobre o que está ao seu alcance, e exigir da Prefeitura que cuide, seja através de seus próprios meios ou através da comunidade organizada em Associações de Amigos da Praça ou Moradores de Bairro, que recebam a verba e a apliquem  onde a comunidade ache melhor que seja destinada.

Sampa Online: Você tem esperança que o Movimento Comunitário no Brasil vai crescer?
Marcelo Andrade: Com certeza! Não só vai como já está crescendo a cada dia; quem participa da comunidade vê isso. Para que a globalização tenha realmente um resultado positivo é muito importante que cada pedacinho da sociedade esteja organizado de forma poder se apresentar de forma positiva perante esse novo sistema econômico e social que está vindo aí pela frente.

Sampa Online: Mas mas reuniões comunitárias a participação é ainda inexpressiva.
Marcelo Andrade: Realmente as pessoas, hoje, não tem muito costume de participar, mas na verdade às vezes a participação em reuniões não é tão necessária. Basta que as pessoas assumas as  responsabilidades do dia-a-dia, como sair com o cachorro e recolher o coco  do cachorro que está desenvolvendo um ato cívico, um ato de cidadania, um ato de voluntariado.

Sampa Online: Caso algum leitor do Sampa Online deseje colaborar com a campanha, como deve proceder?
Marcelo Andrade: Pode entrar em contato conosco. Pretendemos, no próximo ano, desenvolver essa campanha na grande São Paulo. É através do contato que a comunidade faz conosco que desenvolveremos sub-projetos específicos para essas regiões e os incluiremos na agenda do ano que vem .

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