Qual é o objetivo do Comitê para a Democratização da Informática? 
Shirlei Marina Soares de Andrade
Junho 22, 2002


Em sentido horário, Andrew Ott, Rodrigo Baggio e Fernando NogueiraMudar a vida de crianças, jovens e adolescentes através da informática e cidadania. Essa é a proposta do CDI (Comitê para a Democratização da Informática), uma ONG brasileira fundada no Rio de Janeiro, em 1995, por Rodrigo Baggio. 
Em entrevista exclusiva ao Sampaonline, Rodrigo contou que a idéia de montar uma ONG surgiu da sua vontade de "ajudar na construção de um mundo melhor". "Em 1993, quando era um empresário da área de informática, fiz a campanha informática para todos. Em 1994, percebi que não adiantava só doar. Faltava o processo educativo para criar uma cultura. Daí que surgiu em 1995, na Favela Santa Marta, no Botafogo, no Rio de Janeiro, a primeira Escola de Informática e Cidadania", disse orgulhoso.
Aliás, é inegável que a proposta de Rodrigo deu mais do que certo. Hoje já são 522 Escolas de Informática e Cidadania, os EICs. Em sete anos de funcionamento, o CDI já atendeu mais de 220.000 pessoas de baixa renda. "E o mais importante é que segundo nossas pesquisas, 87% dos alunos tiveram a vida mudada", afirmou Rodrigo em seu discurso. 
E para dar um "upgrade" na vida de crianças, jovens e adultos, o CDI tem como objetivo capacitar seus alunos em informática, através de cursos de baixo custo. Custo esse que varia de R$ 5,00 a R$ 15,00. 
Além de aprenderem informática, as aulas também procuram discutir conceitos de cidadania, que levam em consideração as necessidades da comunidade. "Não pode chegar de fora e impor. O que nós fazemos é ligar a realidade deles aos conceitos civis. Por exemplo, ensinar a fazer um boletim de ocorrência, uma denúncia ao Procon. As pessoas não sabem que tem esses direitos e não usam", explica Andrew Ott, consultor voluntário do CDI São Paulo. 
Há três meses no projeto "Anjos do Ângela", do EIC da comunidade do bairro Kagohara, próximo ao Jardim Ângela, Ivaneide Melo Mendonça diz que já aprendeu o necessário de informática nos cursos do EIC Kagohara. "Sei entrar na Internet, fazer um cartão, inserir tabelas. A maioria dos empregos exige muita informática. E tendo alguns cursos, sabendo mais, isso ajuda", afirma. 
Investindo pesado nos estudos, Ivaneide também está fazendo supletivo. Além dos cursos, ela acredita que para conseguir um emprego é primordial ter a ajuda de alguém. "Se você não tiver uma pessoa que veja, reconheça o que você sabe, não adianta. O meu ideal é alcançar a mão de alguém, que também me dê à mão".
Outra história bem sucedida que vale a pena contar é a do garoto Francisco Claudionor Lopes Souza, também do bairro Kagohara. Com apenas 14 anos, ele já é monitor do EIC e professor da guarda mirim "Anjos da Zona Sul". Cheio de ideais, quando perguntado sobre o seu futuro, Francisco não hesita: "meu objetivo é sempre ajudar ao próximo e as pessoas que precisam". 

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