Marta Suplicy analisa seus primeiros oito meses de governo.
Setembro 06, 2001

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A Prefeita Marta Suplicy (PT), na visita à Regional de Vila Mariana, fez um extenso discurso, “dividindo um pouco com vocês o dia-a-dia dos problemas que a gente tem que enfrentar”.  Pela importância política do pronunciamento, a produção do Sampa Online decidiu transcrever na íntegra o discurso da Prefeita, tentando ser o mais fiel possível às palavras originalmente empregadas.

Sobre a região de Vila Mariana, e o Mané Garrincha:

“Essa região aqui é uma das regiões que quando a gente vem não sai muito desanimado porque é uma região que a carência não é absoluta. Ao contrário; é uma região que tem uma ampla classe média, tem uma infraestrutura muito completa, tem buracos, tem problemas, tem um certo trânsito, tem tudo isso mas é uma região que tem recursos. A Administração Regional não estava tão dilapidada quanto estavam as outras que a gente teve que assumir, tem umas coisas boas que me envaideceram. A recuperação do Mané Garrincha foi muito importante; duas piscinas foram recuperadas mediante parceria. Agora falta a piscina olímpica, que está fechada porque não arrumamos parceiros, e a Administração Regional não tem recursos. São necessários 2 milhões para recuperação dessa piscina. Vocês imaginam uma piscina ficar detonada a ponto de precisar de 2 milhões para ser recuperada?  Então vamos ter que falar com os grandes empresários da região para ver se tem uma sensibilidade para que se juntem para recuperar essa piscina. Porque é tão importante o Mané Garrincha? Porque é um centro de lazer para a juventude. A gente reclama tanto que a juventude fica na rua, que a juventude vai acabar em barzinhos, depois a juventude acabar fazendo coisas erradas, a gente sabe que o esporte é um dos instrumentos mais eficazes no combate à marginalidade e a gente tem uma bruta piscina dessas aqui é só falta isso para o Mané Garrincha ficar mais aberto. Acho que a comunidade poderia se organizar e tentar recolher o recurso para a recuperação do Mané Garrincha”.

O trabalho da Regional de Vila Mariana

“Em relação a podas de árvores, alvará e tudo isso acho que precisa haver uma grande melhora. Sobre o  tapa buraco, o Jose Américo [NR: José Américo Dias, Administrador Regional de Vila Mariana] ]me colocou que estão sendo atendidas 93% das reivindicações desta Regional; o nível de atendimento está bastante razoável”.

Trânsito

“O problema que permanece é o trânsito e o zoneamento. Trânsito já é mais complicado; nós estamos estudando as possibilidades, mais não é uma coisa fácil. Já soube que há uma parte [da comunidade] que pleiteia tirar os ônibus que atrapalham e substituir eventualmente por vans, mas a gente tem que ver se para o número de pessoas que utilizam esse transporte seria suficiente para o número de vans ou elas causariam mais problemas do que os ônibus. É uma coisa a estudar”.

Zoneamento

“Em relação ao zoneamento esse é um problema que "pipoca" na cidade inteira. Vocês estão acompanhando. Pela falta absoluta de fiscalização –aliás, fiscalizavam [no governo anterior] de outro jeito- nos últimos 8 anos as pessoas e os estabelecimentos entraram em locais onde eles não podiam estar estabelecidos. Em alguns lugares não dá mais para tirar, como é o caso da Gabriel Monteiro da Silva. Lá não tem como fazer: se tirar vai deteriorar a região. Aqui tem vários lugares, na Vila Nova Conceição e em outras áreas, onde dá para retirar, já que ainda não estão totalmente ocupadas com respeito ao zoneamento e nós vamos faze-lo. Mas há uma questão, sempre, de não fazer por canetada. A Administração Regional vai sentar com os comerciantes, com os moradores é isso que a gente tem feito. Todo nosso trabalho tem sido um trabalho que às vezes parece até devagar porque não tem sido um trabalho para fazer factóide".

Ambulantes

"Por exemplo na própria 25 de Março nós podíamos ter ido lá na primeira semana e tirado todos os ambulantes, botar guarda e tal, e daí a uma semana voltava tudo. São Paulo não tem guarda para ficar lá; nós conseguimos aumentar mil e poucos guardar municipais e temos agora mais ou menos 5.000 guardas. Não tínhamos policiamento nas escolas; agora das 800 escolas já temos seiscentos e poucas com um a dois guardas na porta da escola e às vezes tem um carro que faz a ronda na frente. Isso é prioridade para a gente, a Guarda na frente das escola e do parque público; não posso pôr a Guarda fazendo outra coisa. Então nessas questões [a dos ambulantes] a Guarda só vai em ocasiões especiais, para retirar quando a gente acha que depois dá para manter. A  Vinte e Cinco estamos botando como exemplo pelo que cobraram. Foi feito um acordo, mediante o qual o número de ambulantes foi reduzido de 1.800 para  270 com acordo com ambulantes e comerciantes e não saiu pauleira e não saiu nada, está funcionando, o método está certo, você tem que conversar, fazer reunião, você tem que saber para onde essas pessoas vão. Do que adianta tirar os ambulantes dali e não dar alternativa para ele ir, então nós tiramos da Paulista, todas as ruas laterais já estão com ambulantes a gente sabia que eles iam para lá, mas é melhor do que eles irem para a Paulista, agora tem que arrumar outro lugar para eles saírem de lá e irem para outro lugar, que seja um lugar onde tenham clientes. Agora tudo isso é bom ficar claro porque ambulantes, perueiros, essas pessoas estão aí exatamente por causa do desemprego. Ninguém tem vontade de ser perueiro para fugir da polícia do jeito que está sendo, ou coisas mais complicadas. Ou ambulante, que acaba sofrendo a mesma condição; muitos tinham carteira assinada, foram despedidos, é fruto de uma política econômica que realmente colocou o país na recessão, que colocou a Prefeitura numa situação complicada, porque eu não sou responsável, como Prefeita, pela criação de emprego, isso não é da competência da Prefeitura. Mas eu acabo tendo que criar condições para que as pessoas que procuram esses empregos não permaneçam no espaço público, que é o caso dos ambulantes e da grande parte de perueiros".

Perueiros

"Estamos sendo firmes com relação aos perueiros porque em questão a perueiro a tendência é ter quatro anos de guerra. A gente não pode deixar 30.000 perueiros pela cidade, a cidade fica intransitável. Fora que grande número são peruas perigosas, muito precárias, sem nenhum controle de freio e nada disso. Vão ser legalizados os que cabem na cidade, no novo sistema de transporte que nós estamos estudando, toda essa periferia da cidade vai ser servida por peruas. Hoje se você mora na periferia e que ir para dois bairros distantes do que você mora você tem que ir ao Centro e voltar, não tem um transporte que se comunique na periferia; então essas vans vão fazer esse trajeto.
A briga em frente à Prefeitura é de donos de linha que cobravam dos perueiros para entrar naquela linha, é máfia, máfia pura e não querem perder essa boca e vão ficar lá gritando na frente prefeitura. Não vão ser recebidos por mim de jeito nenhum e vou ficar quatro anos brigando até que essa turma entenda que vai ter que procurar outro emprego porque metade deles não vai poder. Nós estamos fazendo um esforço para legalizar; são seis mil para trabalhar nessas condições, estamos estudando a possibilidade quase concreta de mil poderem trabalhar no transporte escolar. Vão passar por um curso de capacitação do dois a três meses, vão ser muito bem escolhidos, vai ser mais uma forma da gente dar emprego e também tratar das criança que estão com dificuldade de chegar na escola porque não tem condução,  esta é outra realidade. Então estamos pensando alternativas, mas bagunça não vai ter".

Ônibus

"Em relação às linhas de ônibus estamos agora fazendo um licitação grande, e também estamos redefinindo as linhas de ônibus também, porque se você prestar atenção na linha de ônibus você vai ver que tem uma fileirinha de ônibus as vezes todos vazios. Porque? Porque tem o filé mignon do ônibus. Nós temos em São Paulo 53 empresas de ônibus, todas disputando o filé mignon e poucas querendo servir à periferia. Então o que é que ocorre? As empresas acabam ganhando mais, usando mais ônibus, perdendo dinheiro, porque não enchem os ônibus. Esse é um sistema completamente maluco, não foi regularizado, não pensaram em sistematizar isso.  Então o que nós vamos fazer? Nós vamos estar revendo as linhas de ônibus, porque tem linha de ônibus que não existe e é importante para determinada região, as Administrações Regionais estão buscando, se vocês aqui da região tiverem sugestão onde tem que ter ônibus, onde tem a mais, onde poderia não existir porque está servindo pouco, onde deveria estar existindo mas não tem, nós vamos redirecionar esses ônibus e dividir a cidade em poucas linhas, serão poucas linhas de ônibus, poucas empresas de ônibus e essas empresas terão a possibilidade de ter um lucro porque elas vão explorar uma linha então vão ter só elas ali, então nós vamos poder exigir que elas tenham qualidade e realmente agilidade, tempo, freqüência para as pessoas esperarem menos  e um enorme investimento em via livre que é o que estamos fazendo que já deu muito certo, por exemplo, na Celso Garcia, que está com a via livre e o percurso economizou 35 minutos só com pequenas modificações que fizemos sem gastar muito dinheiro. Este são alguns dos enfrentamentos que a gente tem que fazer todo dia; é um leão por dia que se mata nessa Prefeitura".

Saúde

"Estamos enfrentando também a questão da saúde, uma questão que aqui [na Vila Mariana] existem alguns problemas, que tem alguns hospitais importantes, no Orçamento Participativo estava lendo agora as reivindicações da região, vamos ver se a gente pode atender, mas é um período de transição complicado. Aqui não está sofrendo tanto, apesar de quem está vivendo aqui acha que está horrível, que podia melhorar, mas a região de periferia está numa situação drástica porque os médicos não querem trabalhar na periferia, porque são regiões às quais às vezes você demora uma hora e meia daqui para chegar lá e correm risco de violência e as pessoas gostariam de ter um “à mais” para poder chegar lá. A gente conseguiu aumentar o salário do médico que estava absolutamente irrisório, de R$ 700,00 para R$ 2.000,00, mas não conseguimos ampliar para quem trabalha mais longe, então isso é uma questão que temos que ir vendo, estudando juridicamente como é que a gente pode fazer, porque não adianta a gente achar que deveria ir porque estamos aí tentando achar que deve mas ninguém vai, tem concurso, tem tudo, mas não adianta, não querem ir. Agora eu acho que um pouco da questão da saúde também começa a se delinear principalmente porque a gente já conseguiu as primeiras equipes, mais de 1000 equipes do médico de saúde da família. O que é isso? São equipes formadas por médicos e enfermeiras que vão aos lugares mais carentes e fazem um cadastramento das pessoas, descobrem as doenças, num primeiro momento isso dá problema. Teve o PAS em São Paulo, e o médico da família é do Município  mas como o Município tinha cooperativa, o PAS, o Estado pegou e fez o QUALI. Agora o QUALI vem para nós também porque vai ser municipalizado. Mas Jatene me levou a visitar, e falei “Puxa, mas que coisa boa, os hospitais vão esvaziar porque com esse serviço de prevenção a turma não vai ficar doente, não vai chegar no hospital no estado que chega". [Jatene] Falou “Não, os primeiros tempos são dificílimos porque você detecta as doenças. As pessoas morriam quando chegavam no hospital; o câncer de seio já estava tão avançado não tinha mais nada o que fazer. Agora não, a gente detecta e tem que atender”.  Então aumentou muito a demanda também e nós ainda estamos vivendo uma situação, que é uma situação também absolutamente equivocada, na qual você tem na mesma fila do hospital uma criancinha com diarréia, um senhor com um enfarte, a outra com uma ameaça de meningite, tudo na mesma fila, com o mesmo grau de reivindicação, de querer ser atendido e a outra com gripe, então gripe e diarréia não deveria estar no hospital, deveria estar no Posta de Saúde, mas o PAS do jeito que funcionava foi tudo desarticulado. Então a questão da saúde é muito mais complicada do que, por exemplo, na educação, porque a educação ela foi abandonada mas não foi desestruturada. Aa saúde foi totalmente desestruturada, inclusive bons funcionários da saúde se recusaram a participar do PAS e foram trabalhar em outros lugares; você encontrava cirurgião em bibliotecas. Dos 10.000 que não aderiram ao PAS, 5.000 voltaram e 5.000 não voltaram, parte porque não quiseram voltar e parte porque era difícil tirar já que, por exemplo, tinha creche que se a gente retirasse o profissional da saúde, a creche fechava,  e eu não posso contratar para creche por causa da Lei de Responsabilidade Fiscal".

A dívida

"O assunto macro mais complicado a Cidade, hoje, é a dívida; disso não tenho nenhuma duvida. Essa renegociação que foi feita "engessou" a cidade de São Paulo terrivelmente. Nós temos que pagar 13% do nosso orçamento mensal para o Governo Federal. Isso equivale a oitenta milhões, quando você pensa que com oitenta milhões a gente podia recapear ruas, fazer creches que faltam, aparelhar hospitais dá para ver a imensidão do que é esse dinheiro que o Governo Federal nos retira para pagar serviços de dívida contratada pelo FMI. Essa é uma situação complicada. A outra [situação] complicada que o Pitta deixou, porque ele sabia que não seria ele que ia ficar, são 2 bilhões que a gente tem que pagar em março de 2002. É aquela que  ele dizia que ia vender Interlagos, Anhembi e Pacaembu. Vendendo Anhembi, Interlagos e Pacaembu dá 500 milhões, não dá 2 bilhões, e não interessa à Prefeitura vender. Mas mesmo que quisesse não dá para nada. Então se a gente não pagar esses 2 bilhões, que a gente não vai pagar porque a gente não tem de onde tirar, e vocês estão vendo o orçamento como está, não tem nada para o investimento. E se não pagarmos os 2 bi os juros vai de 6%, que nós pagamos, para 9%. Isso são os fatores complicados".

A Lei da Responsabilidade Fiscal

"Para isso baixou a Lei da Responsabilidade Fiscal, que não é uma lei feita com má intenção, porque era a festa da uva nesse governo. Mas as administrações do PT nunca tiveram problemas; geralmente a gente entra para consertar, não deixa festival de desastre econômico nas nossas Prefeituras. Agora o que foi, me pareceu, nefasto, foi a situação que colocou São Paulo como uma cidade igualzinha a uma cidade do interior do Piauí. Porque? Nós somos ainda, mesmo tendo perdido tantas industrias, a locomotiva industrial do Brasil. Temos uma receita fiscal que cresce, estamos nos transformando em uma grande cidade de serviços, e nós não temos como pedir empréstimos para a Cidade por causa da Lei nós próximos 10 anos. Então vocês vejam isso: é como se eu tivesse uma firma com uma dívida grande e um enorme patrimônio e eu não pudesse usar o patrimônio para tentar lidar com a dívida. Isso eu até entendo dependendo da cidade que seja, mas São Paulo, gente!  E o que é faz? Nos engessa totalmente. Então eu tenho o Banco Mundial que quer emprestar o dinheiro para a gente, e você vai lá e eles falam “nessa administração nós temos confiança e tal” e  aí esbarra na Lei de Responsabilidade Fiscal. Nem em banco privado, que eles correriam o risco, nós podemos pedir dinheiro. Então é realmente uma Lei que quando a gente fala que tem de ser mudados alguns artigos, não é mudar a Lei inteira, mas é uma Lei que foi feita para todo mundo igual. São Paulo não é uma cidade com os problemas que as outras cidades tem e nem com a produção que as outras cidades tem que deveriam ser estudados caso a caso. Como São Paulo tem esse caso existem outra cidades que tenho visto - pequenas - que estão enfrentando outros problemas que elas tem razão porque não foi feito uma disposição transitória da Lei. Por por exemplo eu chego aqui nesta Prefeitura eu encontro, na saúde, o PAS que a gente vai municipalizar porque deixa de receber 100 milhões do Ministério da Saúde todo ano porque como não é municipalizado não recebe. Vamos então voltar e ir para o sistema único de saúde, não na contra-mão da história. Aí eu tenho problema de funcionários; o PAS tinha 17.000 funcionários que saíram do PAS. Tinha alguns da Prefeitura que ficaram que aderiram ao PAS, e teve alguns que saíram,  esses 10.000 que eu falei, que não voltaram, Então tem que contratar; é uma contratação enorme que a saúde fez para poder funcionar, e ainda está com dificuldade para contratar. Na educação, o que eu encontrei de escola que não tinha diretora! As creches são um problema complicado ainda,  porque nós contratamos primeiro para a educação e para saúde; foi o que a gente viu mais rápido e deu uma resposta mais rápido. Aí percebemos que nas creches que a gente já tem daria para colocar mais 10.000 crianças e que as crianças não estavam lá porque não tinha funcionários. Imediatamente disse: “contrate já“; 10.000 vagas em creches são ouro. Mas não pode contratar, porque já estouramos o nível de contratação pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Nós temos recurso, porque os 30% da educação poderia ir para isso, não podemos contratar! Como é que alguém pode dizer que essa Lei é uma Lei é justa, boa para todo mundo?  Não é!  Para São Paulo é um desastre absoluto. Então estamos vendo tratativas, como é que nós podemos fazer, temos um competente Secretário de Finanças que está trabalhando bem os recursos que nós temos, nós vamos aumentar a arrecadação no ano que vem, mas aqui em São Paulo você aumenta a arrecadação e vai paro o ralo; é  muita coisa, não é que sobra muito dinheiro para investimento. Mas o que eu sinto nestes últimos dois, três meses é que já começou a entrar nos trilhos. A gente já começou a poder aplicar projetos sociais, aqui nessa região não tem porque é uma região mais rica mas nas regiões tipo Brasilandia, Grajaú, Cidade Tiradentes nós já conseguimos um bom número de pessoas cadastradas que já estão recebendo Renda Mínima, Bolsa Escola e Começar de Novo, isto está sendo muito bom, nós vamos até o final do ano cadastrar os 60 mil combinados para começar a receber isso. A gente sabe que na região de São Paulo tem bolsões enormes de pobreza, mas às vezes você tem um baque grande. Por exemplo na região de Campo Limpo, um dos distritos que nós vamos cadastrar, o choque foi que nós cadastramos 15% da população que ganha menos de três salários mínimos. Dentro de um distrito da cidade ter 15% da população que ganha menos que três salários mínimos é muita carência. Isso vai dar um impacto, porque nessa região a Prefeitura vai pôr todo mês 2 milhões de reais; cada família que vai ganhar R$ 117,00 em média. Dois milhões de reais num lugar como Campo Limpo, Lajeado, Brasilândia, é muito dinheiro, dá um impacto enorme na região. O supermercado vai vender mais, vai contratar mais gente, isso vai dar um dinamismo que a gente espera. Eu sempre digo: “Comprem aqui na região. Comprando aqui é que vai gerar o emprego.” isso nós vamos ver o resultado mais para frente, inclusive achei interessante ver, medir porque nós estamos fazendo uma coisa bem feita, para a gente medir o impacto que esses projetos sociais pode ter na dinamização da economia local".

Funcionalismo Público

"Frente ao funcionalismo público tem sido realmente difícil para nós, porque nós do PT temos realmente simpatia pelo funcionário público, não achamos que o funcionário público seja alguém ali largado sem fazer nada. A gente sabe que as Regionais só conseguiram se manter pelo esforço hercúleo do funcionário, muitas vezes tendo que levar papel higiênico, café, sem computador, sem nada, então eu me sinto bastante constrangida de não ter conseguido dar o aumento que tem que dar. A gente pagou 3,60% que era o que o Pitta devia e não tinha pago, depois demos um pequeno aumento, conseguimos aumentar o piso para R$ 370,00, e agora estamos estudando, e eu vou poder falar isso no final de outubro, vali ter a valorização pela carreira , porque hoje na Prefeitura tem muita dificuldade em galgar cargos e poder melhorar através da mudança de patamar, e isso que a nossa secretária de administração Helena Amaral, que trabalhava na FUNDAF e ela fazia realmente a capacitação de funcionário, ela é muito especializada nessa área, e ela vai fazer um programa muito intenso para os nossos funcionários, de capacitação e também de possibilidade de progredir na carreira".

Obras

"Como não tem recursos, foi economizando nos contratos superfaturados. Então, por exemplo, no Leve Leite, com a economia que a gente fez no Leve Leite, a gente colocou almoço e jantar em todas as escolas, e isso fez uma diferença enorme. Agora, não foi dinheiro novo, porque dinheiro novo não tinha, foi a economia no contrato do Leve Leite que permitiu a gente fazer isso. Também  estamos revendo os contratos de obra e aí isso permite começar algumas obras com essas economias".

Limpeza da Cidade

"Eu acho que a questão da limpeza da cidade melhorou muito, não sei se vocês concordam, mas eu ando a cidade inteira e fico olhando qualquer papel e está muito melhor. O que falta na cidade, e eu já pedi para o Arlindo [Chináglia, Secretário de Implementação das Sub-Prefeituras] e ele já deve está arrumando isso agora, são lixeiras, porque eu às vezes vejo a praça e a Prefeitura vai lá e limpa a cada 15 dias, e talvez, talvez não, se tivesse lixeiras poderia ser uma coisa muito mais rápida,  e a gente cobra isso da população e [a população] não tem onde pôr o lixo. Isso nós estamos providenciando, e uma medida tão de bom senso que não sei porque não tem lixeira. Agora entulho isso já dá para desafogar bem, porque quando a gente chegou em janeiro os contratos haviam terminado em outubro. O Pitta não renovou por causa da Lei de Responsabilidade Fiscal: se ele renovasse ele tinha que pôr dinheiro, e como ele não tinha mais dinheiro ele não renovou. Então eu cheguei em janeiro e tinha entulho na cidade inteira desde outubro, o que foi uma dificuldade, e a turma cobrando: quer que o entulho saia naquela semana. Não dá para sair naquela semana!  Demora um pouco as coisas para a gente conseguir: as licitações são muito demoradas, os procuradores são extremamente zelosos, é difícil agilizar uma licitação. Agora estamos conseguindo que algumas licitações se encaminhem, fiquem prontas e que a coisa vai tomando rumo mais ajeitado na administração. Vocês podem tem a certeza que vocês tem uma Prefeita que está com bastante controle da cidade".

Habitação.

"Em geral nós já conseguimos fazer boas coisas. O primeiro ato foi a questão do mutirão. Existiam mutirões em São Paulo que começaram na época da Luiza Erundina, que a população recebeu recurso para construir suas próprias casas. Estavam paradas há 8, 9, 5 anos e nós conseguimos recursos para todos os mutirões da cidade. Então os mutirões estão terminando e vão terminar nesta gestão. O maior êxito na área de habitação, até agora, da COHAB que foi uma coisa fantástica: 70.000 pessoas que pagavam seus apartamentos e já tinham pago os apartamentos três vezes! Onde vai dar para fazer alguma coisa vai ser na Faria Lima, na Água Espraiada, porque aí vai ser Operação Urbana, e na operação urbana a Prefeitura dá um direito de construção a mais, e com esse recurso a gente pode retirar favela. Mas nós não vamos retirar de lá, nós vamos fazer apartamentos ali mesmo, e aí nos vamos poder ter um investimento bastante grande nessas áreas onde tem operação urbana. Cinco milhões e meio de pessoas na cidade moram de forma irregular: 2 milhões e pouco moram em favelas e cortiços e o resto ou em área invadida ou terreno clandestino que foi vendido e as pessoas compraram e agora a Prefeitura tem que ir lá e dar uma solução. A questão da moradia não dá para ter uma solução só com recursos daqui, isso tem que ter recurso Federal, que nós estamos pleiteando, não vamos ser discriminados, e recurso Estadual também. E conseguimos uma coisa boa, que foi uma parceria com o Estado em relação ao CDHU. Vocês tem acompanhado essas histórias de debaixo de viadutos, a questão das áreas de risco, favela que tem pego fogo. O Secretário de Habitação fez um acordo para começar com as áreas de risco porque o CDHU tem 1% do ICMS da cidade - uma barbaridade de dinheiro- que você às vezes nem consegue gastar, e a Prefeitura tem alguns terrenos mas não tem o recurso para pôr. Então essa parceria vai possibilitar a gente dar moradia. Vocês estão percebendo que o que conseguimos fazer e catando dali, tirando dali, pondo dali, porque dentro do orçamento os recursos são extremamente limitados".  

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