Como abaixar o valor do condomínio? Síndica do Marajoara 3 dá sua receita
Julho 26, 2006
Após pouco mais de um ano no cargo de síndica do condomínio Marajoara 3, na zona
Sul da cidade, Ana Franzini (foto à direita, clique para ampliar) comemora resultados surpreendentes: quitou uma
dívida de quase R$ 90 mil, realizou inúmeras obras, tem um saldo em caixa
equivalente a dois meses de arrecadação e, ainda, tornou realidade o sonho de
todo condômino: abaixou o valor do condomínio.
Qual o segredo? "Persistência, muito trabalho e principalmente honestidade",
responde Ana, que é engenheira eletrônica e após trabalhar diariamente em uma
multinacional americana, dedica várias horas do dia a exercer o cargo para o
qual foi eleita. E tanto esforço, compensa? Um imóvel similar ao que ela
adquiriu há dois anos por R$ 95 mil hoje vale aproximadamente R$ 170 mil. Tudo
devido às reformas administrativas e várias obras realizadas no último ano. "E
após a reforma das fachadas, pintura e a impermeabilização das garagens vai
valorizar mais 30 ou 40 por cento, segundo estimativas de corretores da região",
afirma.
A idéia de candidatar-se ao cargo surgiu em uma reunião da individualização do
gás. O síndico apresentou a empresa que ia realizar o serviço, e informou os
custos: cada morador pagaria R$ 135,00 o medidor e R$ 3,20 o quilo de gás.
Questionada sobre o preço, a Administradora foi taxativa: "eu garanto que esse é
o melhor preço". Não era. Após efetuar uma pesquisa, ainda na condição de
moradora conseguiu o medidor a R$ 70,00 e o quilo do gás variando de R$ 2,70 a
R$ 2,95.
Convencida que a faixa condominial era extremamente cara, criou um "business
plan" de como administrar o condomínio, e após uma campanha porta a porta junto
à atual sub-sindica de um dos prédios, Tânia, foi eleita para o cargo com ampla
maioria dos votos.
Após sua eleição como síndica, Ana demitiu o zelador e enviou carta de rescisão
a todas as empresas até então contratadas, e começou a procurar quem realizasse
os serviços necessários ao condomínio por preços inferiores, mas mantendo um
elevado nível de qualidade. A Administradora também foi trocada.
Nos trinta dias de praxe para o cancelamento dos contratos até então vigentes,
foi feito um processo licitatório para contratação de novas empresas. Os
próprios moradores colaboraram visitando as empresas e solicitando orçamentos.
As três empresas finalistas em cada área apresentaram suas propostas aos
condôminos, que decidiram qual contratar. Apesar de reconhecer que é
centralizadora, Ana afirma que gosta "de trazer pessoas para me ajudar a
decidir". Segundo Ricardo Collela, que mora no condomínio, Ana "modificou o
comportamento de vários moradores com relação ao condomínio e resgatou o que
havíamos perdido... o interesse em tomarmos decisões conjuntas que beneficiam
diretamente nosso patrimônio"
O resultado não demorou para refletir no fluxo de caixa. "De R$ 52 mil por mês
pagos à empresa prestadora de serviços na gestão anterior, reduzimos o valor
para R$ 26 mil", disse. Redução similar foi obtida em quase todas as áreas. Três
meses depois todas as dívidas tinham sido quitadas, e taxa condominial foi
reduzida entre 15 e 20 por cento. Ainda assim, não houve necessidade de rateios
extras para efetuar diversas melhorias no condomínio. Foram instalados um
sistema de interfonia digital e um sistema de vigilância eletrônica, com 30
câmeras, cujas imagens são gravadas; todas as áreas internas dos edifícios foram
pintadas; a entrada do condomínio foi reformada e vários problemas na área
hidráulica sanados.
Para consolidar um profundo processo de
moralização implantado no condomínio, certas medidas foram adotadas. Atualmente,
toda obra ou serviço tem de ter pelo menos 3 cotações, que são guardadas em uma
pasta. E para evitar fraudes, "ninguém assina cheque sozinho"; os cheques são
assinados por pelo menos dois membros do corpo diretivo. E qualquer "benefício"
que as empresas oferecem ao síndico é revertido "para bem do condomínio".
Ana acredita que mesmo em tempos de mensalão, sanguessugas e tantas outras
falcatruas, "é possível mudar", e mostrando às pessoas que é viável agir com
honestidade talvez o exemplo contagie. "Temos de exigir de quem governa
honestidade, integridade e participação", enfatiza, e baseada na experiência da
sua gestão conclui: "Se continuarmos corajosamente persistente no foco
principal, posso garantir que o sucesso é perfeitamente possível !"
Envie um e-mail para Ana Franzini.
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