Vizinha do Brooklin enfrenta a Hípica na Justiça
Agosto 10, 2001

Dona Miriam é professora aposentada. Atualmente trabalha em um banco, dá aulas no seu apartamento, "que me custou o trabalho de uma vida inteira para comprar", e coordena o trabalho voluntário em três hospitais na cidade de São Paulo. Após um dia de trabalho, só quer ter o direito de deitar em sua cama e dormir em paz. Mas para Dona Miriam, e para muitos outros vizinhos do Brooklin, sossego era um privilégio impossível de usufruir, devido ao barulho das festas promovidas pela Hípica: "Cheguei a passar mal com aquele bate-bate, e ao ligar pedindo encarecidamente para diminuir o barulho, o diretor de eventos riu da minha cara".

Dona Miriam descobriu, na Regional de Santo Amaro, que a Hípica não tinha alvará para organizar reuniões com mais de cem pessoas. Mas as festas eram contínuas; "teve festa até com a Rita Lee e Jorge Ben Jor. Nesses dias, minha cama tremia e os vidros balançavam". 

As denúncias no PSIU, que resultaram em multa por excesso de barulho, assim como as diligências na Regional não surtiam efeito nenhum. Dona Miriam não teve dúvidas: contratou um advogado e entrou, apoiada pela Sociedade Amigos de Bairro, com uma ação contra a Hípica no Tribunal de Pequenas Causas. Para reforçar sua causa, organizou um abaixo-assinado (apoiado pelo site do Brooklin), recolhendo 350 assinaturas de vizinhos incomodados com o problema.

Na primeira audiência de conciliação não houve acordo. Seu advogado propôs à Hípica efetuar um tratamento acústico (uma orientação que o PSIU já tinha dado à Hípica  em 1996) e restringir o horário das festas até às 23h. Além de rejeitar a possibilidade de acordo, alegando que "eles não faziam barulho nenhum", a Hípica ainda ameaçou os vizinhos, dizendo que iam "vender esse terreno para um shopping center, e aí vai ficar pior ainda: ao invés de ser Hípica vai ser o Shopping Center". Só que segundo afirma a Sociedade Amigos de Bairro o terreno não pertence à Hípica, e sim à Prefeitura Municipal de São Paulo, que o cedeu à Hípica. A concessão acaba este ano.

O Juiz deu ganho de causa à vizinha, decretando que a Hípica não utilize nenhum equipamento de som nos seus eventos.

A Hípica entrou com recurso contra a decisão Judicial. O Dr Sérgio Bragatte, advogado de Dona Miriam, acredita que o recurso não irá prosperar, já que "os argumentos da Hípica para justificar a reforma da decisão são contrários à prova que foi produzida e contrários ao bom direito".

Dona Miriam também está convencida que a Hípica "não tem jeito de ganhar, mas a gente nunca sabe, porque tem muita gente influente lá dentro. Mas vou continuar batalhando".

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