Por que a feira da Av. Divino Salvador com a Rua dos Anapurus foi extinta?
Fevereiro 06, 2002

Durante 52 anos, toda quarta-feira uma feira livre instalava-se na esquina da Av. Divino Salvador com a Rua dos Anapurus. Em março de 2001, repentinamente, os feirantes foram informados que não poderiam continuar naquele lugar, sendo transferidos, sem maiores explicações, para as imediações da Av. dos Bandeirantes. Lá ficaram só uma semana, sendo novamente transferidos para sua atual localização, nas imediações da esquina da Alameda dos Aicás com a Av. Jurema. "Eu sou quem manda, e vocês ficam aqui", foi, segundo os feirantes, a afirmação do jornalista José Américo Dias, Administrador Regional de Vila Mariana.

Alguns moradores das imediações não gostaram da novidade, e iniciaram uma "guerra" contra os feirantes, chegando até jogar creolina na rua, na tentativa de impedir a montagem da feira devido ao forte cheiro exalado pelo produto.

Porque a feira foi transferida, sem quaisquer explicações, depois de funcionar mais de cinqüenta anos no mesmo local? A resposta dos feirantes foi "vocês sabem porque", e explicam que uma construtora comprou, aproveitando a desvalorização das casas devido à presença de feira, os imóveis de uma das esquinas da Av. Divino Salvador com a Rua dos Anapurus. Após derrubá-los, construiu um prédio de alto padrão, cuja comercialização resultou em um excelente negócios. Ato seguido, no início da gestão Marta Suplicy, comprou todas as casas das outras três esquinas, ainda desvalorizadas pela presença da feira. Quando não houve mais o que comprar, a feira foi transferida, e começou a construção de três prédios de alto padrão.

Confrontado com os fatos, o Sr. Gilmar Tatto, na época Secretário Municipal do Abastecimento, alegou não ter conhecimento da situação, encerrou o processo aberto em 1985 contra a feira por uma associação de moradores já extinta, transferiu o supervisor da feira, que, segundo os feirantes queria prejudica-los, e a paz retornou a Moema.

Com a transferência do Sr. Tatto para a Secretaria de Implementação das Sub-prefeituras, o Abastecimento foi assumido, interinamente, por um funcionário que, segundo os feirantes, não tem experiência em feiras livres, e deu ouvidos ao ex-supervisor da feira, retornando a pressão para confinar os feirantes em um terreno na Rua Pedroso de Toledo, próximo ao Hospital do Servidor Público. Os feirantes, que rejeitam ao uníssono a proposta, decidiram contratar uma advogada, que obteve, na Justiça, um mandado de segurança para permitir a instalação da feira na sua atual localização.

Quando a situação complicou, os feirantes dizem que José Américo Dias passou o problema para um dos seus assessores, José Roque Eiglmeir, que ameaçou os feirantes: "ou vocês vão prá lá ou acabou com a feira" 

Finalmente a feira foi transferida ao terreno da Rua Pedroso de Toledo, e três prédios de alto padrão foram construídos na esquina da Av. Divino Salvador com a Rua dos Anapurus.

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