O Eng. José Rollemberg de Mello Filho, do Departamento do Patrimônio Histórico (DPH) da Prefeitura Municipal de São Paulo apresentou, na reunião do Fórum Cultural de Santo Amaro, o projeto para o eixo histórico do bairro de Santo Amaro (entre a Biblioteca Kennedy e o Largo Treze de Maio).

Segundo Rollemberg, o centro de Santo Amaro sempre foi valorizado pelos que cuidam da história de São Paulo e pela preservação dos seus bens. O traçado das suas ruas -que saem em forma de estrela da Igreja Matriz- é um exemplo de traçado colonial, herança dos tempos medievais, que os portugueses trouxeram ao Brasil.

O DPH retomou os estudos sobre o bairro há cinco anos, quando foram solicitados seus serviços para restaurar o Paço Cultural Júlio Guerra (antiga Casa Amarela) que estava muito deteriorado. Surgiu aí a idéia de elaborar um projeto que não só restaurasse a Casa Amarela, o que foi feito, mas todo o centro do bairro.

O Largo Treze de Maio

O Largo Treze, explicou Rollemberg, é o típico largo da cidade medieval, um espaço cuja volumetria é similar a muitas cidades européias. O conceito de largo é anterior à praça; é uma rua que se alarga para receber um edifício, e serve como espaço para acolher eventos que atraem grande número de pessoas (missas, procissões, etc.).

O Largo Treze é o centro de uma região muito grande, que serve aproximadamente dois milhões de pessoas. "Ir ao centro", para elas, não é ir ao centro de São Paulo, mas ao centro de Santo Amaro, que é uma referência de centralidade religiosa, administrativa e comercial.

O projeto do DPH previa a recuperação do Largo Treze, "um lugar feio, perigoso; um esconderijo", transformando-o em um espaço que recuperasse ao menos parte dos atrativos de antigamente, quando se realizavam até festas juninas no local. O desenho do Largo seria realçado por árvores de porte maior com a Igreja Matriz sobressaindo no meio.

Os freqüentadores

O centro de Santo Amaro,  segundo Rollemberg, é "excessivamente popular". Para ter significado, o centro de um bairro não só tem de abrigar a população mais humilde mas também outras camadas sociais, e citou como exemplo o centro de São Paulo na década de 50, onde as diferentes classes sociais -engraxates, funcionários públicos, empresários, etc- conviviam lado a lado. O projeto do DPH prevê que o centro do bairro, que "virou local de uma classe só", atraia também as pessoas que moram no entorno.

Os camelôs

O comércio informal, que segundo Rollemberg existe "até países de cultura mais sólida", apesar de provocar uma ocupação excessiva do espaço público -principalmente entre a Av. Adolfo Pinheiro e a Praça Floriano Peixoto- é um fator de animação popular. A solução proposta pelo DPH prevê a distribuição dos camelôs -após um cadastramento- ao longo do eixo entre a Av. Adolfo Pinheiro e a Av. João Dias. Na Rua Tenente Carlos da Silva Araújo, que não tem um grande movimento viário, as calçadas -hoje bastante estreitas- seriam alargadas, após a desativação de uma das faixas de estacionamento, criando um calçadão onde poderiam se instalar alguns dos camelôs hoje concentrados em outros locais.

O Eixo Histórico

A reforma proposta pelo DPH iria do Largo Treze de Maio até a Biblioteca Presidente Kennedy, e inclui a padronização do piso, com acessos para pessoas com dificuldades de locomoção, o ordenamento dos anúncios, a desativação do camelôdromo da praça Farah Maluf -transformando-o em espaço público de lazer- e a utilização do edifício ali existente em um telecentro (idéia creditada ao Eng.Nerilton Antônio do Amaral, ex-Subprefeito de Santo Amaro). A recuperação dos edifícios particulares seria incentivada através de benefícios concedidos pela Prefeitura.

Implementação

O Projeto, que começou a ser implementado, foi interrompido no Governo Marta Suplicy, e não parece haver -pelo menos no governo do Partido dos Trabalhadores- planos de continuidade. Questionada por e-mail, a Assessoria de Imprensa da Subprefeitura de Santo Amaro não respondeu até o fechamento desta reportagem.

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