Vizinha do Jardim Marajoara comemora cem anos de vida
Março 23, 2001
por Luiz Fernando Bindi

D. ClariceNo dia 17 de março de 2001 a família Giglio, que reside no Jardim Marajoara há quase sessenta anos, comemorou uma data inesquecível. Em uma churrascaria da região, Dona Clarice Monteiro Giglio, na companhia de mais de cem familiares e amigos (cento e dezenove, ela faz questão de frisar) comemorou 100 anos de vida. Junto dela, que segundo a definição de Wellington Giglio (neto de Dona Clarice), é um “pilar de sustentação” da família, estavam 7 filhos, 25 netos e 19 bisnetos. Foi uma festa que ela mesma classifica de “inesquecível”; o discurso de seu bisneto de onze anos foi uma profunda emoção.

Dona Clarice nasceu em Jacupiranga, pequena cidade no Vale do Ribeira, na região sul do Estado de São Paulo, às 10 horas da manhã do dia 13 de março de 1901. Em 1920, um ano depois da mãe, Maria de Lara Monteiro, ter falecido na epidemia de gripe espanhola que assolou o Brasil, casou-se com o músico Ângelo Zanoni Giglio (que lhe dedicava serenatas), quando o sobrenome Giglio foi acrescentado ao nome de Dona Clarice. Foi amiga de escravas (citou carinhosamente a cozinheira Eugênia), viveu durante cinqüenta e dois anos no Interior de São Paulo, entre a saudosa Jacupiranga e Sorocaba, aproveitando a tranqüilidade da região.

Mas, em 1952, veio para São Paulo. E morar, graças à sua irmã, em simpáticas casinhas do IAPC (Instituto de Aposentadoria e Previdência dos Comerciários) na Rua Frei Canísio, aqui no Jardim Marajoara.

Naquele tempo, a Frei Canísio era mato, o bairro todo era circundado por uma grande chácara, a Chácara Araçatuba, que ficava onde hoje é a Rua Duque Costa. A avenida Nossa Senhora do Sabará, recém-asfaltada, era caminho dos bois que vinham da Pedreira e iam ao Matadouro, que ficava onde hoje é a Escola Municipal Professor Rizzini, na Rua Borba Gato.

Dona Clarice ama a rua em que mora até hoje, mas não esquece da sua Jacupiranga e preferia o Jardim Marajoara quando era mais antigo. Mas ainda hoje, sem precisar usar óculos, sem a necessidade de tomar remédios, com um raciocínio e uma lucidez impressionantes, dona Clarice faz a feira toda semana e cozinha seu próprio almoço. Ainda guarda o gosto pela dança, especialmente a “graciana”, dança típica de sua cidade, onde os pares, enquanto dançavam, declamavam poesias um para o outro.

Dona Clarice, que acorda todo dia às seis e meia da manhã e repousa a partir das nove e meia da noite, é um retrato mais do que colorido da história e das histórias da nossa cidade.

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