Shows no Credicard Hall perturbam o sossego da vizinhança
por Vivian Palmeira
Março 13, 2007

Alexandre Milanês mora na rua Engenheiro Antônio Fashion, vizinho à casa de shows Credicard Hall, na zona sul de São Paulo. Alexandre e muitos outros vizinhos não agüentam mais as confusões nos dias de evento. “Pessoas invadem as ruas para estacionar e nós, moradores, temos dificuldades de chegar em nossas casas. Muitas vezes levamos mais de 30 minutos para andar 500 metros”.

Os moradores também se queixam da sujeira que os camelôs deixam nas ruas e do barulho que as equipes de produção fazem para transportar equipamentos de som e montar palcos externos. “Os palcos não são montados durante o dia, e sim à noite”, conta André.

A insegurança em dias de evento também preocupa a vizinhança: os ‘flanelinhas’ usam a rua como estacionamento, e depois roubam os carros. “Não precisa ser um grande show. Isso acontece terça, quarta, quinta, qualquer dia. Se houver uma formatura, há roubos. Nós não podemos nem receber visita e ficar tranqüilos com o carro na rua”, diz ele.

Os vizinhos já entraram em contato com a direção do Credicard Hall e nada foi feito. “Agora eles nem nos atendem mais”, conta André.

Em reunião do Conseg (Conselho Comunitário de Segurança), realizada na semana passada, o capitão Ben-Hur Araújo Junqueira neto, comandante da 1ª Cia do 22º Batalhão da Polícia Militar, disse ter ciência do número de roubos e furtos que acontecem em decorrência dos shows.

Na semana passada o capitão esteve reunido com os responsáveis pelo Credicard Hall e outros órgãos, para avaliar as condições para a realização de um show no dia 11. “Nos reunimos para traçar os possíveis problemas que poderiam ocorrer com o grande número de pessoas que estariam presentes”.
O capitão acredita que uma das soluções para o problema seria incluir o custo do estacionamento no valor do ingresso. Isso foi feito em uma única oportunidade, e os resultados foram excelentes. Entretanto, a experiência não foi levada adiante.

Ele se colocou à disposição dos moradores para marcar uma reunião com a casa de show, mas diz que o problema não se restringe ao Credicard Hall. “Não é só o Credicard, são os pontos de estacionamento, o Teatro Alfa, o Expo Transamérica. O que deveria ser feito é um cadastramento dos moradores para que no dia dos shows nós fechássemos suas ruas. Só entraria se fosse morador”.

Chiclete com Banana

No último domingo (11) aconteceu o show do grupo baiano Chiclete com Banana, com a participação de mais de 12 mil pessoas. Segundo a Polícia Militar, ao menos 50 foram roubadas.

Como prometido pelo capitão Ben-Hur, algumas medidas foram tomadas e a Rua Engenheiro Antônio Fashion foi bloqueada. “Os carros que estavam estacionados permaneceram no local, mas o principal problema foram os pedestres”, conta ele.

Segundo morador, um trio elétrico foi instalado em uma das ruas no entorno. “Havia muitos jovens bêbados. Urinavam na rua. Chamamos até o capitão Ben-Hur para retirá-los de lá”.  Ele também não ficou feliz com o fato de somente sua rua ter sido beneficiada pela medida. “Foi especial para a nossa rua; as outras ficaram abertas”.

Para André a polícia não tem culpa, a responsabilidade é do Credicard Hall e da prefeitura. “A prefeitura é omissa e concedeu o alvará do pode tudo para o Credicard Hall”.

Ele também conta que quando construíram a casa de show o encanamento de várias residências no entorno estouraram. O Credicard Hall indenizou os proprietários que residem no local, mas no caso de André, que mora de aluguel, nada foi feito. Milanês desconfia que a casa possui Alvará de Funcionamento irregular. “Hoje qualquer um consegue um alvará, basta ter dinheiro e influência política. Eu quero ver esse documento para saber se eles cumpriram os requisitos para o funcionamento”.

Nota da redação: A autorização para construção do Credicard Hall e a licença de funcionamento foram concedidas no governo Celso Pitta.

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