Um "negócio lucrativo": crianças arrecadam R$ 25 milhões ao ano pedindo esmolas nos faróis
Agosto 16, 2007

Diariamente, um pequeno exército de crianças e adolescentes invade as ruas de São Paulo, oferecendo balas e produtos similares ou exibindo sua habilidade nos malabares. A atividade gera R$ 25 milhões ao ano, segundo Floriano Pesaro, que comanda a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social.

Estatísticas da Secretaria, resultado do monitoramento efetuado em 180 cruzamentos da cidade, demonstram que de cada dez carros, quatro dão esmola ou compram algum produto. Mulheres acima de 55 anos, com criança no carro, são as quem mais contribuem. "Especialmente na hora de levar ou buscar as crianças na escola", esclarece o secretário.

Engana-se quem pensa que ao dar esmola está contribuindo com as famílias dessas crianças: a maior parte fica nas mãos de aliciadores profissionais. "Por trás de toda criança trabalhando, há um adulto comandando", afirma Floriano, para quem "dar esmola ou comprar produtos na rua é perpetuar a miséria". Para provar sua afirmação, o secretário cita um grupo de pedintes que atua no cruzamento da Av. Henrique Schaumann com a Av. Faria Lima (no distrito de Pinheiros): "Já é a terceira geração que vive da mendicância nesse local. A mãe, hoje avó, levava a filha, que hoje tornou-se mãe e que, por sua vez, leva sua filha às ruas".

Combate à pobreza

A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) é responsável pelo comando da política de assistência social na cidade de São Paulo. "Não temos a pretensão de resolver a problema da pobreza", explica Floriano, "que tem a ver com desenvolvimento econômico e é resultado de um país que não consegue crescer, que não tem educação, com problemas graves de saúde, estrutura, etc.. ".

A tarefa é gigantesca. "São Paulo é a cidade que concentra a maior quantidade de pessoas pobres do continente. São mais de três milhões de pessoas que vivem com até meio salário mínimo per capita, que vivem mal, que não têm área de lazer, que não têm espaço de convivência, que vivem em condições de pobreza concentrada". Para tornar a situação mais explosiva, a população aqui em São Paulo não é homogênea: "em outras regiões do Brasil a pobreza é mais distribuída: a maioria é pobre. Aqui, a pobreza convive lado a lado com a riqueza e essa pobreza concentrada causa enorme prejuízo a todos nós, gerando conflitos inter e intrafamiliares, gerando famílias desestruturadas, casos de incesto, mães com filhos de vários maridos, etc.".

A Secretaria atualmente oferece à população dois programas sociais: o "São Paulo Protege", direcionado tanto para crianças e adolescentes em trabalho infantil ou que vivem nas ruas, adolescentes que cumprem medida judicial em meio aberto e a população adulta em situação de rua, e o "Ação Família", cuja finalidade é acolher e assistir famílias da periferia com programas de transferência de renda.

Floriano comemora os números: "Em 2005 havia aproximadamente três mil crianças trabalhando nos cruzamentos da cidade. Hoje há aproximadamente mil e seiscentas. Elas vêm de Kombi do Grajaú, do Taboão da Serra, da zona sul em geral. Nós queremos contatar as famílias para tirar essas crianças das ruas e devolve-las ao lar". Floriano está trabalhando agora junto à Policia para prender os aliciadores.

Os moradores de rua também são alvo dos programa sociais da Prefeitura. "Nos dois últimos anos nós tiramos mil e setecentas pessoas da rua, a maioria com problemas ligados à saúde mental e à dependência química". Entretanto, a cidade ganha mil novos moradores de rua por ano, dos quais quase setenta por cento não são de São Paulo: "A maioria chega de Minas Gerais, do Paraná e do Mato Grosso do Sul", afirma o secretário baseado em estatísticas coletadas pela Secretaria.

Como colaborar

Caso você queira contribuir para a melhoria das condições de vida das famílias das crianças exploradas nas ruas da cidade:

Vídeo

O vídeo abaixo (clique no vídeo para assisti-lo) foi produzido pela Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social para ilustrar o destino da esmola dada nos cruzamentos da cidade.

Para contatar a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social visite a página http://portal.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/assistencia_social


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