Especialistas debatem Segurança Condominial e dão dicas de como proteger seu patrimônio
Abril 09, 2003
O Tenente José Elias de Godoy, um dos maiores especialistas em Brasil em segurança em condomínios, que junto com com Saulo C. Rêgo Barros é o autor do "Manual de Segurança em Condomínios " (Editora Igal),, falou à comunidade sobre o assunto na última reunião do Conselho Comunitário de Segurança (CONSEG) do Itaim Bibi.
Oitenta e um por cento das pessoas, segundo pesquisas efetuadas, adquirem imóvel em condomínio por causa da segurança. "Mas o condomínio não é tão seguro quanto a gente pensa que é", afirmou o Tenente Elias, e as notícias publicadas nos últimos quinze dias nos jornais sustentam esta afirmação: "Quadrilha invade condomínio na Bela Vista", "Assalto em condomínio em Atibaia", "Bando invade prédio no Brooklin", "Arrastão no prédio em Tatuapé", "Bando faz arrastão em condomínio de luxo no interior (Salto)".
Para o Tenente Elias "não existe segurança total, cem por cento", mas há medidas para minimizar riscos.
Segurança física das instalações
O condomínio tem de ter muros altos, grades, portões, tem de ser e permanecer fechado, tem de ter guaritas apropriadas, com telefone desbloqueado
para que o porteiro possa acionar as autoridades. Os interfones tem de estar em
perfeito funcionamento, inclusive dentro dos elevadores. Também é
recomendável a utilização de radio-comunicadores para comunicação funcional
e de eventuais emergências. Uma iluminação adequada também é essencial,
eliminando pontos de penumbra, mesmo na área perimetral. A penumbra facilita a
ação do marginal.
Investimento em funcionários
Mas, para Elias, o equipamento mais sofisticado mostra-se inútil se o
funcionário do prédio não
sabe como reagir a uma ocorrência na área de segurança. E, analisando as
invasões de condomínio, constata-se que em quase a totalidade das vezes o problema
tem uma origem comum: falha humana. O investimento, para Elias, começa na
contratação de qualquer funcionário que venha exercer funções no
condomínio: verificação de atestados, SERASA, SPC, antecedentes trabalhistas,
motivo das demissões, etc. O condomínio deve, também oferecer treinamento a
todos seus funcionários. "Esses profissionais muitas vezes são marginaizados, largados na
portaria, mas essa pessoa que está na portaria é que está fazendo nossa
segurança", afirmou Elias. Deve, portanto, ter condições adequadas de
trabalho: local apropriado, com temperatura amena.
Conscientização do condômino
"Este é talvez o lado mais complexo do assunto", segundo
Elias. O condômino, que é o maior interessado
na sua própria segurança, muitas vezes pensa que ao pagar o condomínio já está
fazendo sua parte. Mas é fundamental que o condômino participe das reuniões,
conheça e respeite as normas de segurança. "O morador é cem por cento responsável da segurança
condominial", afirmou Elias, mas é o próprio morador que acaba
marginalizando o funcionário que, exercendo suas funções, faz a segurança
preventiva do condomínio. É comum o condômino criar caso quando um parente é
detido na portaria para registro de acesso, desestimulando o funcionário e
comprometendo todo o sistema de segurança. Elias citou o caso de um condômino
que ficou extremamente irritado com um funcionário quando este, segundo as
normas de segurança do prédio, negou permissão ao entregador de pizza para
efetuar a entrega no apartamento do condômino. Poucos anos depois, o condômino
elegeu-se síndico do prédio, e na primeira oportunidade demitiu aquele
funcionário, só por vingança. Até fora do condomínio o morador é
co-responsável pela segurança da sua moradia: em muitos casos os assaltantes
rendem o morador fora do condomínio e entram junto com ele. Apesar dos
equipamentos de segurança, a portaria é o ponto mais vulnerável do
condomínio.
Terceirização
Para Francisco Machado Sobrinho, do
Sindifícios (Sindicato dos Empregados de Edifícios e Condomínios Residenciais, Comerciais de São Paulo, Zeladores, Porteiros, Cabineiros, Vigias, Faxineiros, Serventes e
outros), há um fator que eleva, e muito, a insegurança condominial: a
contratação de funcionários terceirizados, sem qualquer
treinamento, que desconhecem as normas de segurança do condomínio e, devido à
alta rotatividade, os próprios moradores. "Bandido não pula cerca
elétrica", disse Sobrinho, "ele entra pela portaria". A suposta
vantagem de evitar encargos trabalhistas com a contratação de funcionários
terceirizados é, muitas vezes, ilusória. "Muitas dessas empresas não pagam direitos trabalhistas, somem do mapa
após um tempo e o
prédio acaba sendo acionado na Justiça e pagando a conta", afirmou
Sobrinho, para quem o porteiro, fundamentalmente, tem de ter relação fixa com
o condomínio. "O caminho é investir no homem, que está
fazendo a segurança", finalizou.
Rede de Segurança
William Woo, delegado de polícia há 12 anos e atualmente Vereador da Câmara
Municipal de São Paulo, também enfatizou a responsabilidade do morador
na segurança condominial. "Muitos condomínios tem botão de pânico, mas
há aqueles que o esquecem no apartamento ou o deixam largado no carro",
disse. Outra medida recomendada por Woo é que a portaria do condomínio tenha a
relação de telefones dos prédios vizinhos, para, em caso de movimentação
suspeita, possa alertar ou até solicitar ajuda aos vizinhos. A instalação de
uma câmera de TV dentro da portaria, "para ver se o porteiro foi
rendido ou não" foi outra das medidas
recomendadas por Woo, apesar da objeção de membros do Sindifícios,
preocupados com a falta de privacidade do funcionário. Por último, Woo
alertou: "Se bem que a portaria é a primeira barreira do condomínio, há
uma segunda barreira aos criminosos: a porta do seu apartamento", e
aconselhou a adoção de medidas para impedir ou dificultar a entrada de estranhos
ao imóvel de sua propriedade.
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