Fiscal da Prefeitura desrespeita anonimato de denunciante e expõe vizinha do Brooklin a ameaças de morte.
Julho 20, 2002

D. Carla mora há quinze anos na rua Brejo Alegre, no Brooklin, zona sul de São Paulo. Através dos anos viu sua rua ser invadida por comércios irregulares, cuja permanência só era possível devido à corrupção endêmica estabelecida  na Prefeitura Municipal de São Paulo.

Cansada do incômodo causado por uma oficina mecânica que se instalou bem na frente da sua residência, decidiu -há um ano e quatro meses- denuncia-la à Prefeitura. Temendo represálias, efetuou a denúncia anonimamente, através do NAC (Núcleo de Atendimento ao Contribuinte) da Administração Regional de Santo Amaro. Quando a atendente perguntou seu nome, identificou-se como Fátima. 

Mas o Agente Vistor  (fiscal) que cuidou do caso revelou sua verdadeira identidade ao comércio denunciado. Dona Carla não consegue explicar como o fiscal descobriu que tinha sido a denunciante, mas acredita que a Regional possua um identificador de chamadas (BINA), através do qual foi identificada. O Eng. Nerilton Antônio do Amaral, administrador regional de Santo Amaro, negou enfaticamente tal possibilidade: "Nem nós nem a Ouvidoria utiliza BINA ou qualquer equipamento similar", afirmou.

A oficina mecânica foi forçada a fechar. No seu lugar, surgiu um novo comércio irregular. Outros comércios das redondezas foram também autuados pelo mesmo agente vistor, que em todos os casos identificou a reclamante como sendo D. Carla, que nega a acusação: "A única queixa que eu fiz foi a da oficina", diz. 

No dia seguinte ao fechamento da oficina, a casa de D. Carla foi pichada:  "Vagabunda" e outros termos foram grafitados na fachada de sua residência. Pouco depois recebeu uma ameaça anônima pelo correio,  que ameaçava a vida de sua filha de sete anos. No dia seguinte, uma nova carta. Desta vez os ameaçados eram seus pais, que moram há mais de 70 anos no bairro.

Temendo por sua vida e pela segurança de sua família, D. Carla , acompanhada por seu advogado, apresentou seu caso na última reunião do Conselho Comunitário de Segurança (CONSEG) do Brooklin. O Delegado Titular do 96DP, Dr. Ubiracyr Pires da Silva, convocou a vizinha a apresentar-se ao Distrito, e abriu um inquérito policial para tentar identificar os autores das ameaças

D. Carla aguarda o resultado do inquérito policial. O agente vistor, junto com outros servidores, foi colocado à disposição, devido a irregularidades constatadas na fiscalização de obras no bairro do Brooklin. 

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