Começou a remoção de presos condenados dos Distritos Policias da Zona Sul
Abril 04, 2002
por Glaucia Noguera

A remoção de presos condenados dos Distritos Policias para as penitenciárias do estado de São Paulo foi iniciada nos últimos dias de março e representa um alívio para as autoridades responsáveis e para a população residente em áreas próximas das delegacias. "O primeiro passo de uma longa caminhada está sendo dado", diz o delegado titular do 27º DP, Dr. Enjourras Reno de Araújo.

A medida visa solucionar um dos principais problemas das delegacias: a existência de presos nesses locais transformam investigadores de polícia em acompanhantes de detentos. Isso significa que ao invés de atuarem no combate direto à criminalidade, muitos profissionais são desviados de suas funções para vigiar detentos durante consultas médicas e outras atividades que acontecem fora do DP.

"Temos, por exemplo, alguns presos que estão internados no Hospital do Jabaquara e dois investigadores se revezam a cada 12 horas para acompanhá-los", diz Dr. Enjourras. Segundo ele, desde o início da operação, 11 presos já deixaram o local, mas ainda restam 155. A Coordenadoria dos Estabelecimentos Penitenciários do Estado de São Paulo (COESP), órgão que coordena as prisões do Estado, já autorizou a transferência de mais 24 presos do 27º. "A remoção será paulatina e minha impressão é que dentro de quatro ou cinco meses estaremos com um número ínfimo de presos. Assim, teremos condições de administrar melhor. Hoje, os nossos 18 investigadores precisam acompanhar os presos em consultas médicas e em audiência em fóruns".

Além disso, em dias de visita de parentes, todo o efetivo do Distrito Policial é usado para revista e vigilância. "Contamos com cerca de 20 investigadores que, nestes momentos, são tirados da sua função para fazer papel de polícia judiciária", lembrou o delegado titular do 11º DP, Dr. Valter Bassoli Carvalho, fazendo um alerta. "Haverá uma melhoria, mas a situação não será solucionada. Cerca de 20 presos já foram levados e ainda temos 150. Destes, somente 20 ou 25 são detentos condenados. O restante, portanto, permanecerá aqui até que outras medidas sejam tomadas", completou.

O problema é antigo. Originalmente, a carceragem dos Distritos Policias teriam de funcionar como locais de reclusão provisórios até o resultado do julgamento dos presos em flagrante. No entanto, devido à superlotação das penitenciárias, alguns presos condenados em regime fechado permanecem nas delegacias.

Os Conselhos Comunitários de Segurança (CONSEG) tiveram um papel importante na campanha pela remoção dos presos. "Desde julho do ano passado, recolhemos mais de 8 mil assinaturas em um abaixo assinado", diz Luís Carlos Durães, presidente do CONSEG do Brooklin. Mas a meta dos Conselhos Comunitários é maior. Segundo Durães, o ideal seria desativar a carceragem para que os presos aguardem seu julgamento em centros de detenção provisórios, como é o Cadeião de Pinheiros. "Sem os presos neste espaço, a população e o comércio ficam mais tranqüilos", completa.

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