Brooklin com "i"
por Silvio Ribas
Agosto 12, 2001

Lua cheia de sonhos azulou a noite sobre o Brooklin
Na capital do capital do Brasil um pedacinho d'alma tedesca
Ruas calmas, prédios adormecidos, casas geminadas
Vizinhos sem nome
Um olhar busca o horizonte enfumaçado do amanhecer
Esse olhar colhe solidão, fecha-se ao não e completa
Frases incompletas
Esse olhar vela o sono de quem me aquece e enternece.

Há música na vida e no nome desse Brooklin
Mas seu silêncio pode amedrontar como o trovão para criança
Aqui amores se inspiram, mas agendas e bioritmos colidem
Aqui gatos se enfeitiçam pelo encontro tardio
Aqui o caos na esquina preocupa.

Os caminhos de ontem trazem o doce hoje
Os carinhos são só aperitivos do cotidiano
Melancolias e dúvidas se desfazem em beijos.
Esse velho Brooklin novo sem pontes para ilhas...
Seu i verde-amarelo traz mais cores, sabores e odores
Mente verdadeiramente
Mimetiza com estilo.

Capturam céus da Berrini torres espelhadas
Lentas nuvens passeiam no seu horizonte vertical
Anil seqüestrado, santo amaro marginal, águas espraiadas
A lembrança da favela na mais cara avenida
Paris attends, NYC waits, meu, nosso olhar.

Ruas com nomes importados da superpotência
Olhos chinos, cabelos louros e festa de rua
Do rio cinza vem a pressa da cidade
Dos gigantes corporativos vêm gravatas e taillers
Aqui moram meu querer e meus passos
Aqui flano o destino por trilhas com nervuras e segredos
Até florescer meus pensamentos sem fel em papel

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