Seis Boletins de Ocorrência de furto qualificado registrados no 96DP chamaram a atenção dos policiais do Distrito: todos tinham o mesmo endereço, um prédio de excelente padrão sócio-econômico na Rua Indiana, no bairro do Brooklin, zona Sul de São Paulo. Uma investigação para esclarecer o mistério foi iniciada.
Os moradores do prédio não esperaram os resultados da investigação da Polícia para fazer justiça pelas sua próprias mãos: duas empregadas domésticas foram demitidas -sem qualquer prova- por suspeita de furto. Os furtos, entretanto, continuaram.
Após um paciente trabalho de investigação, os
investigadores chegaram finalmente à delinqüente: uma senhora abastada, carro
importado na garagem, esposa de um membro do alto escalão de uma famosa
sociedade secreta, que alegou estar enfrentando dificuldades. "Dificuldades
no padrão dela", esclarece o Delego Titular do
Distrito, o Dr. Uribacyr Pires da Silva.
Mesmo admitindo sua culpa, a ilustre ladra negou-se a declarar o destino dos objetos roubados, na sua grande maioria jóias de alto valor. O inquérito, que já acumula 93 páginas, prosseguiu até localiza-las: o setor de Penhoras da Caixa Econômica Federal.
Com ajuda da Justiça, os policiais conseguiram impedir o leilão no qual as jóias seriam arrematadas. A Caixa Econômica Federal, alegando que também era vítima no caso, relutou bastante em devolver as jóias, mas acabou cedendo. As vítimas foram convidadas a comparecer à Delegacia, onde puderam reaver os bens que lhes foram subtraídos. "A vítima quando vem aqui não vem simplesmente fazer um BO; ela quer o prejuízo dela sanado", afirma o Dr. Ubiracyr.
A autora dos furtos, que ainda continua morando no prédio onde cometeu os crimes, foi indiciada e aguarda julgamento em liberdade. A pena para o caso varia de 2 a 8 anos de prisão.
E as empregadas demitidas? Foram contratadas novamente. "Fizemos questão de reparar uma injustiça", concluiu o Dr. Ubiracyr.
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