Menu Cultural de outubro traz gastronomia e artesanato de imigrantes e pessoas em situação de refúgio

Outubro 03, 2025

A edição de outubro do Menu Cultural, evento mensal do Itaú Cultural que une gastronomia a outras manifestações artísticas, propõe uma travessia pelos sabores e costumes de quem cruzou oceanos, fronteiras e desafios para reconstruir a vida na cidade de São Paulo. No próximo domingo, dia 5, das 11h às 17h, a iniciativa leva barracas de comida e artesanato de imigrantes e pessoas em situação de refúgio ao Bulevar do Rádio — espaço ao ar livre entre o IC e o Sesc Avenida Paulista. O público pode visitar nove estandes, de cozinheiros e artesãos de países como Palestina, Síria, Peru, Afeganistão, Camarões e Senegal.

Paralelamente à feira, no 9º andar do IC, às 14h, a curadora do Menu Cultural, a especialista em culturas alimentares Patty Durães, conduz uma roda de conversa com Anas Obaid, jornalista e ativista sírio, fundador do Ponto Zero do Refúgio, coletivo que desenvolve ações socioculturais, artísticas e educativas sobre o tema.


Crédito: Jardiel Carvalho

Costumes e resistência
O Menu Cultural de outubro reúne seis barracas de comida e três de artesanato. Um dos estandes culinários é o do Majâz 1948, restaurante especializado em comida árabe palestina localizado na Vila Buarque. No evento, eles oferecem opções salgadas como os sanduíches feitos com pão sírio recheados de kafta ou falafel, os bolinhos de grão-de-bico.

Vai dar para comer também esfirras, kibes e mjadara, um arroz com lentilha típico que pode ser acompanhado de carne ou falafel, além de salada e molho tahine, feito com a pasta de gergelim que lhe dá nome. Completam o cardápio variadas sobremesas árabes e, para tomar, a bebida autoral intitulada Palestina Livre, feita com chá de hibisco e água de rosas.

A barraca do Chifa de Rua traz as delícias da cozinha peruana e chifa – tradição gastronômica peruana, que combina a culinária chinesa com ingredientes e técnicas peruanas. Comandado por imigrantes peruanos, o restaurante vende o arroz chaufa de frango, frito com cubos de omelete, além do frango, e molho oriental à base de shoyu e óleo de gergelim. Há também espaço para duas versões do famoso ceviche peruano, considerado Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO: o tradicional e o que vem acompanhado de causa, um típico purê de batatas do país, dando origem ao prato causa acevichada.

O purê é também vendido em uma versão vegetariana, que leva ervilha, tomate, quinoa cozida, azeitona preta e creme de avocado no lugar do ceviche. Para beber, mais uma opção superperuana, a chicha morada, espécie de suco feito com milho roxo e especiarias.

A gastronomia do Camarões, país da África Central, é a estrela da barraca do Chez Kenk's Restaurante de Culinária Internacional, cuja sede fica no Tatuapé, na Zona Leste de São Paulo. Eles vendem, por exemplo, o prato mais conhecido do país, o Ndolè, um ensopado com folhas de boldo (que também pode ser espinafre), amendoim, legumes e carne, que nunca falta em festas e outros eventos importantes camaroneses.

O Poulet DG, por sua vez, é um refogado com frango, legumes e banana-da-terra. Tamanha é a importância dessa fruta na culinária local, que é comum comê-la frita, em porções, iguaria que também estará no estande do Chez Kenk's. O público também poderá beber duas opções típicas, o suco de gengibre com laranja e o Foléré, chá gelado feito com hibisco e suco de abacaxi.

Outra representante do continente africano presente no Menu Cultural de outubro é a chef Jessica Ebaku, que oferece em sua barraca, a JK Ventura, delícias da Uganda. Uma delas é a sambosa, que ela define como "prima" do pastel brasileiro: uma massa frita triangular recheada com carne moída e legumes. O chapati é um pão sem fermento feito na chapa ou frigideira que, na versão de Jessica, leva recheio de ovo, cebola, cenoura e tomate. O cardápio salgado fica completo com poções de chips chaps, espécie de disco de carne frito, que acompanha batatas fritas e molho, e o sanduíche magoga, com frango, alface, tomate e cebola. A sobremesa fica por conta dos snowball cookies, feitos com nozes.

As últimas duas barracas de comida desta edição trazem os sabores árabes. Na barraca da Saruja Delícias Árabes, marca fundada em 2016 por uma família síria, que leva o nome do bairro onde moravam na cidade de Damasco, o sanduíche de pão sírio (chamado também de shawarma) retorna, desta vez com recheio de frango, molho de alho, de romã, e temperos importados da Síria — eles são usados em todas as receitas salgadas da marca.

Também dá para comer outras opções muito conhecidas pelos paulistanos, mas com um toque sírio, como kibe e esfirras de carne e queijo. Há várias sobremesas, como o autoral Pedacinhos da Síria, cuja proposta é promover uma viagem por cada sabor do país a partir de doces de tâmara recheados com ingredientes diferentes.

O último estande culinário é o do Samadi Restaurante, empreendimento familiar especializado em gastronomia iraniana e afegã. Inaugurado há alguns meses em São Paulo, o Samadi vende, no Menu Cultural, sanduíches de falafel e kafta, que também podem ser apreciados no prato, sem pão.

O menu também inclui pratos afegãos como o bolani, um pão achatado e frito, e o Man To, bolinho de massa, ambos recheados com carne; as samosas, "pastéis" recheados apreciados em várias regiões da Ásia; e o famoso Kabuli Palou. Também chamado de Kabuli pulai, Kabuli palaw e outros nomes, esse arroz basmati com carne, cenoura caramelizada e uva passa é considerado o prato nacional do Afeganistão, servido muitas vezes em ocasiões especiais. Por fim, o Samadi vende também uma opção pouco conhecida no Brasil, a ayran, uma bebida salgada feita com iogurte natural, hortelã e água. Ela é produzida artesanalmente em casa pelos donos do restaurante.

Artesanato
Provando que o Menu Cultural celebra não só a gastronomia, mas também outras expressões artísticas, o Bulevar do Rádio recebe três barracas de artesanato. Vivendo há mais de uma década no Brasil, a senegalesa Soda Diop, conhecida como "Mama", comanda há anos a Mama Nossa Cultura, loja localizada no centro da capital que já vestiu celebridades como Elza Soares e desfilou nas passarelas da São Paulo Fashion Week em 2023.

Em sua barraca no Menu Cultural, a estilista vende tecidos, roupas e acessórios, como bolsas e turbantes, de seu país e de outros do continente africano. Além de ser uma referência na moda senegalesa em São Paulo, Mama também é conhecida por ajudar imigrantes africanos recém-chegados, hospedando-os em sua casa.

Em 2015, a biomédica e empreendedora síria Fiton Assi criou a marca Jassmin de Damasco para apresentar aos brasileiros o artesanato em couro produzido em sua terra natal. Seu estande na feira terá peças como sandálias, bolsas, mochilas e outros acessórios, que exibem um minucioso e secular trabalho de gravura, representando padrões e símbolos da tradição histórica árabe. Além da beleza, seus produtos também se destacam pela durabilidade e resistência.

A arte da gravura é também o destaque da Nil Arts, marca da artista afegã Frozan Sediqi. Ela produz objetos de decoração e acessórios com a gravura nuristani, técnica de entalhe em madeira do povo de Nuristão, do Afeganistão. No Menu Cultural, ela apresenta um trabalho manual apurado, cujos entalhes representam histórias da cultura dessa comunidade.

Roda de conversa
Paralelamente à feira de comida e artesanato, às 14h, acontece no 9º andar do Itaú Cultural a tradicional roda de conversa. Desta vez, a curadora Patty Durães convida o jornalista sírio Anas Obaid, fundador do coletivo Ponto Zero do Refúgio. No bate-papo, eles abordam memórias que atravessam fronteiras, receitas que carregam histórias e o modo como a cozinha pode ser abrigo, resistência e ponte entre culturas.

Sobre Patty Durães
Pesquisadora de culturas alimentares especializada na influência das heranças afrodiaspóricas na culinária brasileira, com experiência significativa em instituições renomadas como MASP, Itaú Cultural, Sebrae e SESC. TEDx Speaker, autora do curso Muito Além da Boca e foi coordenadora pedagógica da escola Gastronomia Periférica. Atua em projetos para a Cia das Letras e em pesquisas de personagens para uma série da Globo Minas e GNT. Sua paixão é ampliar a compreensão sobre a intersecção entre comida e identidade cultural brasileira. No início de 2024, foi professora convidada do Ray Charles Program, da Dillard University, em New Orleans, e mentora de um projeto de pesquisa em cultura alimentar na Escola de Gastronomia Social do Ceará Ivens Dias Branco.

SERVIÇO:
Menu Cultural – Comida de Imigrante e de Pessoas em Situação de Refúgio
5 de outubro (domingo), das 11h às 17h
Local: Bulevar do Rádio (entre o Itaú Cultural e o Sesc Avenida Paulista)
Às 14h: Roda de conversa com Anas Obaid, jornalista, ativista sírio e fundador do coletivo Ponto Zero do Refúgio – No 9º andar do Itaú Cultural

Entrada gratuita (a consumação é paga)
Em caso de chuva, a equipe vai avaliar a viabilidade do evento externo. A roda de conversa, interna, será mantida.

Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149, próximo à estação Brigadeiro do metrô
Terça a sábado, das 11h às 20h
Domingos e feriados, das 11h às 19h
Informações: pelo telefone (11) 2168.1777 e wapp (11) 9 6383 1663
E-mail: atendimento@itaucultural.org.br
Acesso para pessoas com deficiência física
Estacionamento: entrada pela Rua Leôncio de Carvalho, 108.
Com manobrista e seguro, gratuito para bicicletas.
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Fonte: Júlia Rodrigues - ConteúdoInk

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