Instituto Moreira Salles possui agora o Portal da Crônica Brasileira

Setembro 18, 2018

O Instituto Moreira Salles lançou no último dia 12, no auditório do IMS Rio, um site que reúne a produção de crônicas deixada por autores como Paulo Mendes Campos, Rachel de Queiroz e Otto Lara Resende, cujos acervos pessoais estão sob a guarda do IMS. A ideia é que, a esses cronistas, se somem obras de seus pares. As obras do gênero do escritor Rubem Braga, por exemplo, sob a guarda da Fundação Casa de Rui Barbosa, integrarão o Portal com 816 crônicas.
Segundo a coordenadora de literatura do IMS, Elvia Bezerra, "o Portal da Crônica Brasileira nasce do desejo de revigorar páginas que chegavam aos leitores em periódicos diversos, especialmente nas décadas de 1950 e 1960, quando a crônica teve a sua fase mais prodigiosa". Para retomar esse espírito, além das crônicas acessíveis no site, haverá destaque no topo da homepage para uma "crônica do dia".
Publicadas originalmente na imprensa, as crônicas foram guardadas, muitas vezes pelos próprios autores, em recortes de jornais. Esses documentos estão digitalizados, catalogados e disponibilizados na base de dados do IMS [ literatura.ims.com.br ], constituindo um total de cerca de dez mil textos. Inicialmente, o portal apresentará 2.519 crônicas em recortes de jornais, sendo que parte delas está transcrita, visando à possibilidade de uma reprodução adequada em tablets e celulares. O site será abastecido continuamente com novos textos do acervo do IMS e de instituições parceiras, como a Fundação Casa de Rui Barbosa.
O portal também contará com uma coluna quinzenal do editor do site, Humberto Werneck, intitulada "Rés do Chão". Em seu primeiro artigo, ele faz considerações sobre a origem da crônica e sua chegada, em 1852, ao Brasil. O site trará ainda a gravação mensal de uma crônica, em áudio. A primeira delas é "Meu ideal seria escrever...", de Rubem Braga, com leitura de Eucanaã Ferraz, consultor de literatura do IMS. Ao navegar no portal, o público encontrará também uma série de caricaturas dos escritores feitas por Cássio Loredano.
Para a compilação do material também foi preciso enfrentar os desafios impostos pelos hábitos de cada autor. Um exemplo está no cronista Antônio Maria, que não guardou nada do que escreveu, nem em manuscritos nem em recortes de jornal. Optou-se, então, por incluir seus textos a partir de edições em livros, o que gerou um padrão diferente de descrição. Assim estarão representados, futuramente, outros cronistas na mesma situação de Maria.
O resultado de todo esse trabalho é um site que evidencia a relevância do gênero, o qual imprimia leveza às páginas dos jornais. "Diferentemente do articulista e do editorialista, que nos dão a impressão de estar falando do alto de um caixotinho, o cronista genuíno parece estar de papo com cada leitor, sentados os dois na informalidade de um meio-fio, em clima de deleitosa cumplicidade", pontua Werneck.

Portal da Crônica Brasileira: https://cronicabrasileira.org.br/

Fonte: mariana.tessitore@ims.com.br