Instituto Moreira Salles, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo e Pinacoteca de São Paulo promovem ciclo de debates sobre a Semana de Arte Moderna de 1922

Março 15, 2021

A Semana de Arte Moderna será tema do Ciclo de Debates 1922: Modernismos em Debate, que acontece entre março e dezembro de modo online. Os encontros serão realizados uma vez ao mês e terão a participação de 41 convidades. A atividade é organizada em conjunto, de forma inédita, pelo Instituto Moreira Salles, pelo Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP) e pela Pinacoteca de São Paulo, e se propõe a promover uma revisão crítica da Semana, contextualizando-a historicamente e examinando outras manifestações similares em diversas partes do país.

O programa inclui debates nas quatro áreas representadas no evento modernista: arquitetura, artes plásticas, música e literatura. Além disso, tratará de investigar os motivos históricos e culturais da ausência da fotografia e do cinema na Semana. Outros pontos de reflexão serão o interesse de modernistas pela cultura popular e os discursos nacionalistas que emergiram no período e tiveram desdobramentos políticos e ideológicos de espectro variado.

O primeiro encontro, "Histórias da Semana: o que é preciso rever", acontece no dia 29 de março, a partir das 18h, e tem a participação das pesquisadoras Ana Paula Cavalcanti Simioni, Ivana Ferrante Rebello, Regina Teixeira de Barros, além do pesquisador Frederico Coelho e da historiadora e crítica de arte Aracy Amaral (veja a programação completa abaixo). O evento será transmitido gratuitamente pelos canais de YouTube e Facebook das três instituições.

Participam pesquisadores de diferentes estados, com o objetivo de comparar pontos de vistas, ampliar o conceito de modernismo e discutir as especificidades dos diversos movimentos que despontaram no Brasil entre os anos 1920 e 1940. Além de reunir especialistas em arte moderna, participam artistas contemporâneos, que discutirão o teor ideológico presente na representação de corpos negres e indígenas nas obras do período.

Para Heloisa Espada, curadora do IMS, a Semana de 22 não representa tudo o que ocorreu em termos de modernismo no Brasil. "Queremos mostrar ao público que ela na verdade é um dos eventos, que é preciso perceber que muita coisa importante aconteceu fora do Sudeste." Para Fernanda Pitta, curadora da Pinacoteca, trata-se de pensar a Semana de maneira "menos paulistocêntrica e mais plural. Queremos 'provincializar' a semana e perceber o significado e alcance de outras manifestações do moderno no Brasil."

Para Ana Gonçalves Magalhães, diretora do MAC USP, um dos objetivos dos encontros "é trazer para discussão pontos cegos": "Há coisas que deixamos de ver, e outras que não foram tratadas, e que são problemáticas para a Semana", diz, citando como exemplo o que acontecia nas regiões Norte e Nordeste do país na época. "Quando a Semana de 22 emerge, tínhamos acabado de sair do ciclo da borracha, que fez com que Manaus fosse quase uma cidade cosmopolita no século XX. Que cidade é aquela, quem são os atores ali? Há colegas que estão trabalhando sobre isso já há alguns anos, vamos ouvi-los."

O seminário acontece no ano anterior ao do centenário da Semana de Arte Moderna justamente para nutrir as pesquisas das três instituições para 2022, quando todas farão eventos em torno da efeméride.

1922: Modernismos em Debate é organizado por Ana Gonçalves Magalhães (MAC USP), Fernanda Pitta (Pinacoteca), Heloisa Espada (IMS), Horrana de Kássia Santoz (Pinacoteca), Helouise Costa (MAC USP) e Valéria Piccoli (Pinacoteca).

Serviço

Encontro 1 | Histórias da Semana: o que é preciso rever

29 de março, segunda-feira

Mesa 1
18h - 18h30 | A Semana de 100 anos, com Frederico Coelho (PUC-Rio)
A chegada do centenário da Semana de Arte Moderna, realizada no dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922 no Theatro Municipal de São Paulo, faz com que o evento e seus desdobramentos – isto é, o Modernismo no Brasil – radicalize o aspecto de arquivo do movimento proposto a partir de São Paulo. Como todo arquivo – este, quase borgeano – seus documentos se transformaram ao longo do tempo, a partir de escolhas e perguntas produzidas por diferentes pesquisadores de cada época. No âmbito do centenário da Semana (e do bicentenário da Independência) em um país em ebulição como o Brasil de 2022, o arquivo do modernismo deve ser reinventado à luz de novas perguntas? Será possível rever as narrativas tradicionais sobre o tema – personagens principais e secundários, marcos fundadores, textos canônicos, pautas políticas – à luz das transformações teóricas e estéticas do contemporâneo? Qual Brasil emergirá desse arquivo que faz, ao mesmo tempo, a síntese e a expansão das memórias ligadas à Semana de 1922?

18h30 - 19h | Encontros sobre o modernismo, Regina Teixeira de Barros (curadora independente) entrevista Aracy Amaral (USP)
Nesta mesa, Aracy Amaral, autora de livros sobre o modernismo no Brasil e organizadora de livros e exposições sobre artistas modernistas, será entrevistada pela historiadora Regina Teixeira de Barros para falar sobre sua trajetória como pesquisadora do período e fazer uma tentativa de balanço sobre o sentido do modernismo às vésperas das comemorações do centenário da Semana de 1922.

19h - 19h30 | debate

19h30 - 19h45 | intervalo

Mesa 2
19h45 - 20h15 | Mulheres modernistas no Brasil: os muitos lugares dos gêneros, com Ana Paula Cavalcanti Simioni (USP)
Na Semana de Arte Moderna de 1922, três mulheres artistas estiveram presentes: Anita Malfatti, Regina Gomide Graz e Zina Aita. Enquanto a primeira foi alçada a uma condição de centralidade na história da arte brasileira, as demais mereceram menos atenção. Enquanto o reconhecimento obtido por Anita e, posteriormente, Tarsila do Amaral, parecem fazer do modernismo brasileiro bastante aberto à participação feminina, o obscurecimento das outras duas artistas merece também ser problematizado. A apresentação pretende discutir as relações entre modernismo e gênero no Brasil, em suas pluralidades e diversidades.

20h15 - 20h45 | Minas Gerais, um modernismo em surdina: Zina Aita e Agenor Barbosa, com Ivana Ferrante Rebello (Unimontes)
Em 1920, a pintora belo-horizontina Zina Aita fez duas exposições, uma no Rio de Janeiro e outra em Belo Horizonte. Com técnicas inovadoras e um colorismo excêntrico, Aita chamou a atenção de Manuel Bandeira e Ronald de Carvalho, que a convidaram para participar da Semana de Arte Moderna, em São Paulo, em 1922. Além de Zina Aita, o aguerrido festival de arte contou com a participação do poeta mineiro Agenor Barbosa. Eles são exemplos de como o modernismo se desenvolveu em Minas Gerais antes de 1922.

Construída a partir do final do século XIX, Belo Horizonte foi a primeira cidade moderna planejada do Brasil. A nova capital trazia linhas urbanísticas arrojadas, inspiradas na Paris da belle époque e na cidade de Washington. Suas avenidas largas e progressistas, no entanto, foram inicialmente habitadas pelo povo mineiro interiorano, afeito à tradição e ao passado glorioso das Minas auríferas. Nos cafés da jovem capital mineira, misturavam-se o ardor pelas novidades que vinham da Europa e o amor pelos velhos hábitos. As revistas e os jornais da época retratavam esse amálgama entre o velho e o novo: sonetos clássicos eram publicados ao lado de trovas de inspiração popular e de poemas e textos feministas. Tais características, assimiladas pelo escritor Cyro dos Anjos, que chegou a Belo Horizonte, em 1920, são assim traduzidas: "O modernismo literário em Belo Horizonte fez-se em surdina, pois a ordem mineira, pesada e conservadora, não apreciava badernas, ainda que literárias".

20h45 - 21h15 | debate

Ao vivo pelo YouTube e Facebook

IMS
youtube.com/imoreirasalles
facebook.com/institutomoreirasalles

MAC USP
youtube.com/macuspvideos
facebook.com/usp.mac

Pinacoteca de São Paulo
youtube.com/pinacotecadesãopaulo
facebook.com/PinacotecaSP

Gratuito
O evento terá interpretação em Libras (Língua Brasileira de Sinais)

Próximas datas e temas

26 de abril – Identidade como problema
31 de maio – Culturas urbanas
28 de junho – O popular como questão
26 de julho – Outras centralidades
30 de agosto – Artes indígenas: apropriação e apagamento
27 de setembro – Fotografia e cinema
25 de outubro – Artes do cotidiano
29 de novembro – Políticas do Modernismo
13 de dezembro – Futuro e passado: legados para o patrimônio

Acesse os sites institucionais para a programação completa.

Outras notícias

CAIXA Cultural São Paulo recebe musical infantojuvenil Menino Mandela no mês da Consciência Negra.
Com texto de Ricardo Gomes e Mariana Jaspe, espetáculo convida a criançada para conhecer a brilhante trajetória de Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul e vencedor do Prêmio Nobel da Paz.
https://www.sampaonline.com.br/noticias/caixa+cultural+sao+paulo+recebe+musical+infantojuvenil+menino+mandela+mes+consciencia+negra.php

Aurora - Uma homenagem à obra de Paulo Mendes Campos estreia dia 27 de novembro no Centro Cultural São Paulo.
Mescla de teatro, sarau, happening, festa e até ópera set, e com direção de Rodrigo Penna, o espetáculo é livremente inspirado nas crônicas e na obra do escritor mineiro e passeia por temas como a condição humana, a ternura, a doçura, o amor e a falta desse sentimento
https://www.sampaonline.com.br/noticias/aurora+uma+homenagem+obra+paulo+mendes+campos+estreia+centro+cultural+sao+paulo.php

Sambistas se apresentam em show gratuito na Universidade Zumbi dos Palmares.
A Universidade Zumbi dos Palmares apresenta no dia 23 de novembro, o show com os 12 sambistas vencedores do concurso de sambas inéditos das comunidades de samba de São Paulo, como parte da programação da Semana da Consciência Negra.
https://www.sampaonline.com.br/noticias/sambistas+show+gratuito+universidade+zumbi+dos+palmares.php

Musical Dom Casmurro ganha duas apresentações gratuitas no Pavilhão da Bienal de São Paulo.
Espetáculo indicado a cinco categorias no Prêmio Destaque Imprensa Digital integra a programação institucional da Fundação Bienal com sessões nos dias 21 e 22 de novembro
https://www.sampaonline.com.br/noticias/musical+dom+casmurro+ganha+duas+apresentacoes+gratuitas+pavilhao+bienal+sao+paulo.php

No Dia da Consciência Negra, MIS recebe a estreia do documentário "Cabo Verde – um sonho possível", seguido de bate-papo com diretor.
O bate-papo terá como convidado o professor Celso Luiz Prudente, diretor do documentário e curador da MICINE.
https://www.sampaonline.com.br/noticias/dia+consciencia+negra+mis+documentario+cabo+verde+sonho+possivel+seguido+bate+papo+Celso+Luiz+Prudente.php

Moderno e acessível, o Teatro Pinheiros One abre as cortinas dia 30 na região do Butantã.
A sala de espetáculos reforça o polo de cultura na Marginal Pinheiros. A programação de lançamento tem humor, clássico e infantil. Noite de inauguração tem coquetel e leitura de texto inédito de Elias Andreato
https://www.sampaonline.com.br/noticias/teatro+pinheiros+one+abre+cortinas+regiao+butanta.php

No feriado pelo Dia da Consciência Negra, Sesc Pinheiros tem programação especial .
Apresentações de dança, oficina de quadrinhos, shows e outras modalidades artísticas estão contempladas na programação do mês para evidenciar a contribuição da cultura afro-brasileira para a sociedade
https://www.sampaonline.com.br/noticias/feriado+dia+consciencia+negra+sesc+pinheiros+programacao+especial.php

Cia. Coisas Nossas estreia o musical O Território do Samba no Teatro Paulo Eiró.
Um elenco de 19 atores e músicos dá vida a uma história costurada por sambas de enredo e composições de grandes nomes do samba da zona norte de São Paulo, como Zeca da Casa Verde, Talismã, Carlão do Peruche e Geraldo Filme.
https://www.sampaonline.com.br/noticias/cia+coisas+nossas+estreia+musical+territorio+samba+teatro+paulo+eiro.php

Vamos que Venimos Brasil promove festival de teatro adolescente em Santo André e São Paulo.
O festival é a versão brasileira do festival criado em Buenos Aires, Argentina, e que integra uma grande rede de teatro latino-americana. A programação contará com espetáculos de grupos de Mauá, Tatuí, São Paulo, Santo André, Jundiaí e Ribeirão Pires.
https://www.sampaonline.com.br/noticias/vamos+que+venimos+brasil+promove+festival+teatro+adolescente+santo+andre+sao+paulo.php

Festival gratuito na Cinemateca reúne mais de 150 marcas autorais, atrações culturais e área gastronômica.
O evento reúne mais 150 marcas criativas e uma programação cultural completa com shows de música brasileira e jazz, espaço para as crianças criado pela Muskinha, exibições de filmes, bate-papos sobre empreendedorismo, oficinas criativas, flash tattoo, pintura ao vivo com artistas e uma área gastronômica com várias opções para todos os gostos.
https://www.sampaonline.com.br/noticias/festival+gratuito+cinemateca+reune+mais+150+marcas+autorais+atracoes+culturais+area+gastronomica.php