HC debate saúde mental dos refugiados de guerra
Outubro 23, 2001

Num momento em que  o Brasil se prepara para receber refugiados de guerra de países como o Afeganistão, através de ações do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados - ACNUR, o Instituto de Psiquiatria do HC apresenta, em debate no dia 25 de outubro de 2001, às 14:00hs,  os resultados de um trabalho de parceria com o Centro de Acolhida para Refugiados em São Paulo - CÁRITAS/ACNUR, que resultou na implantação de programa de atendimento em saúde mental específico a essa população.
Criado há 4 anos, o programa, que pretendia oferecer assistência  psiquiátrica aos refugiados, teve que ser completamente repensado, a partir do momento em que, ao longo dos três primeiros meses de funcionamento, nenhum dos refugiados encaminhados compareceu ao HC.
Em vista do fato, o Instituto de Psiquiatria resolveu realizar o trabalho in loco. A psiquiatra  Carmen Lúcia A de Santana foi destacada,  dando  início a uma pesquisa qualitativa, que observou e analisou as características desses indivíduos e suas necessidades.                  
Esse estudo, que resultou em sua tese de mestrado e será tema do debate,  indica que uma ação de tratamento,  prevenção ou de planejamento na área de saúde mental  deve estar atenta aos  valores, atitudes e crenças da específicas a essa população, diferente do que conhecemos  no chamado mundo ocidental. 
De acordo com a psiquiatra, a maioria dessas pessoas não apresenta doença mental, e sim um grande estresse, motivado pela perda da identidade, pelo medo e desconfiança, pois chegam em um país estranho e inesperado (o objetivo era aos EUA ou Canadá, geralmente embarcando clandestinamente em navios, porém, quando são encontrados, acabam sendo deixados no porto de Santos/SP, pois, diferente dos países acima,  o Brasil tem uma legislação aberta ao acolhimento de refugiados).
Mensalmente São Paulo recebe cerca  de 30 solicitações de asilo, sendo que apenas a Cáritas já atendeu a 1.400 refugiados.

 
Características do refugiados (Cáritas):           
70% são provenientes da África
75% são do sexo masculino
50 nacionalidades
Têm entre 18 e 40 anos
Falam inglês ou francês
 
Aspectos psicológicos
Crise e perda de identidade
Medo
Desconfiança
Sentimento de superioridade como forma de defesa
Agressividade
Revolta
 
O que enfrentam no Brasil
Cultura estranha
Desemprego
Dificuldades com o idioma
Falta de moradia
Preconceito
O evento é gratuito e aberto ao público em geral. 
Local: Anfiteatro do Instituto de Psiquiatria - 1.andar - Rua Dr. Ovídeo Pires de Campos, s/n. (Dentro do Complexo HC)

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