FIM – Festival Internacional de Mulheres no Cinema celebra a equidade de gênero e a diversidade étnicorracial na programação online e gratuita de filmes, encontros e cursos de sua 2ª edição

Novembro 09, 2020

O FIM – Festival Internacional de Mulheres no Cinema foi criado em 2018 com o objetivo de valorizar a produção cinematográfica feita e protagonizada por mulheres do Brasil e do mundo. Em sua 2ª edição, que será realizada de 10 a 17 de novembro, em formato online, o FIM celebra a presença feminina no cinema e a diversidade de raças em sua programação. Dos 29 filmes brasileiros e internacionais participantes, 45% são dirigidos por mulheres brancas, 45% por pretas e pardas, 7% por indígenas e 3% por amarelas.

“Reunindo filmes dirigidos por mulheres, de diversos formatos e gêneros, o Festival apresenta como possível a realidade que quer ver expressa na sociedade e na indústria cinematográfica: representatividade de mulheres em tela e diversidade étnico-racial”, afirma, Minom Pinho, diretora do FIM.

Serão exibidos gratuitamente dezenove longas, dois médias e oito curtas-metragens que estão divididos nas Mostra Competitiva Nacional, Mostra Internacional, os programas especiais “Lute como uma Mulher” e “Todas as Mulheres do Mundo – Curta Kinoforum”, além de sessões de tributos a grandes mulheres do cinema e da cultura. A grade da programação estará disponível no site www.fimcine.com.br e os filmes poderão ser visto pela plataforma www.innsaei.tv.

O FIM20 é uma realização da Casa Redonda e co-realização do Sesc São Paulo, em parceria com a Associação Cultural Kinoforum. O Festival conta com o patrocínio do Itaú e Diageo, copatrocínio da Avon, por meio do F.A.M.A. – Fundo Avon de Mulheres no Audiovisual e apoio institucional do Instituto Diageo, Projeto Paradiso, Embaixada da França no Brasil, Grupo Mulheres no Audiovisual Brasil, + Mulheres – Lideranças do Audiovisual Brasileiro e Núcleos Criativos Latino-americanos.

Homenagens e tributos

A atriz, diretora, roteirista e escritora Grace Passô é a grande homenageada do FIM20. Aos 40 anos, a mineira radicada em São Paulo coleciona prêmios, não somente no teatro, onde começou sua carreira polivalente, como também no cinema, representando a força da mulher negra e o futuro das artes no Brasil.

Suas múltiplas expressões poderão ser vistas nas obras selecionadas para o Festival. O média-metragem Vaga Carne, no qual atua e dirige – em parceria com Ricardo Alves Jr. –, é uma adaptação do monólogo escrito, dirigido e interpretado por ela nos palcos, encarnando diversas vozes que “se apossam” de seu corpo e colocam em xeque os preconceitos de identidade de nossa sociedade. Prêmio Shell RJ e Cesgranrio de Melhor Texto em 2016, teve sua versão cinematográfica lançada diretamente em streaming em maio deste ano.

Vaga Carne integra a mostra de filmes da artista, junto com o curta inédito República (2020), criado, dirigido e interpretado por ela em sua própria casa, durante a pandemia da Covid-19, e o curta Sem Asas (2019), de Renata Martins. “Estou muito feliz com a homenagem do FIM. Poder comemorar com outras pessoas, ver coisas que fiz reunidas, me dá mais fôlego para criar e, portanto, para viver. E a alegria nunca foi tão importante quanto nesse momento”, declara Passô. Ela participará ainda de uma mesa-redonda a respeito dos movimentos das mulheres negras nas artes e no cinema no Brasil, com mediação de Janaína Oliveira.

A diretora francesa Claire Denis também ganha destaque na programação. Nascida em Paris, criada em Camarões e com familiares brasileiros, é uma cineasta fundamental para o cenário da sétima arte nos últimos 30 anos. “Seus filmes expressam um desejo verdadeiro de conhecer as pessoas, com narrativas sobre a intimidade, sexualidade e o não-pertencimento”, explica Beth Sá Freire, curadora do FIM.

Começou como assistente de diretores como Jacques Rivette, Costa-Gavras e Wim Wenders até trilhar sua própria carreira, que conta com 14 longas-metragens. A 2ª edição do Festival faz um tributo a essa trajetória, exibindo duas de suas grandes obras: Deixe a Luz do Sol Entrar (2017), comédia romântica em que Juliette Binoche vive uma mulher em busca de realização no amor e na vida; e 35 Doses de Rum (2008), a história de pai e filha que vivem uma relação quase fechada ao mundo desde que perderam a esposa e mãe, com Alex Descas no elenco, ator que trabalhou em onze de seus filmes.

O FIM20 apresenta uma masterclass de Claire Denis, mediada pelo educador e especialista Robert Milazzo da Modern School of Film de Nova York e produzida especialmente para o Festival. Diretamente de sua casa, a cineasta fala de seu cotidiano, dos desafios humanos e sociais trazidos pela pandemia da Covid-19, de sua infância em Camarões e das suas origens brasileiras, com ascendentes do estado do Pará. Envereda ainda pela sua obra, destacando a relação com atores, o financiamento de suas produções, as escolhas de temas e curiosidades sobre seus filmes memoráveis.

A 2ª edição do evento celebra ainda o centenário de nascimento da escritora ucraniana, naturalizada brasileira, Clarice Lispector (1920 – 1977). Dois filmes baseados em sua obra e realizados por cineastas mulheres foram escolhidos para abrir e fechar o Festival: o premiado A Hora da Estrela (Brasil, 1985), de Suzana Amaral, e o inédito O Livro dos Prazeres (Brasil| Argentina, 2020), de Marcela Lordy, respectivamente.

Mostras e programas especiais

O FIM20 traz em sua Mostra Competitiva Nacional sete longas-metragens dirigidos ou codirigidos por mulheres, que foram selecionados em meio a mais de 57 inscritos de 10 estados brasileiros. “São sete filmes pelo olhar de sete mulheres, que representam o rico e diverso panorama criativo do país e nos ajudam a compreender as complexidades deste universo chamado ‘Brasil 2020’”, diz Marcia Vaz, curadora do Festival.

Os filmes são: A Mulher de Luz Própria, de Sinai Sganzerla; Aos Olhos de Ernesto, de Ana Luiza Azevedo; Até o Fim, de Glenda Nicácio e Ary Rosa; Hilda Hilst Pede Contato, de Gabriela Greeb; Meio Irmão, de Eliane Coster; Meu Sangue é Vermelho, de Graciela Guarani e Tiago Dezan; e Um dia com Jerusa, de Viviane Ferreira. Caberá ao público eleger o vencedor que receberá um prêmio de R$ 5 mil, destinado à sua diretora.

Além do prêmio de melhor filme pela escolha do público da Mostra Competitiva Nacional, o festival contará ainda com duas premiações especiais para os filmes brasileiros: Prêmio Instituto Diageo de Diversidade e Inclusão, dedicado à reconhecer o filme que valoriza novas vozes e narrativas em tela, e o Prêmio da Crítica, concedido pelo Coletivo Elviras à diretora de destaque no quesito inovação de linguagem, dentre as diretoras que compõem a Mostra Competitiva Nacional.

A Mostra Internacional apresenta um conjunto de cinco filmes recentes, documentários e ficções, realizados por diretoras latinas da Argentina, Chile e Espanha e diretoras negras dos EUA e França, que compartilham conosco suas histórias, reflexões e visões de mundo.

Entre os participantes está Tarde para Morrer Jovem (Chile| Argentina| Brasil| Holanda, 2018), de Domingas Sotomayor. Em 1990, um pequeno grupo de famílias vive numa comunidade isolada abaixo dos Andes. Três jovens vizinhos enfrentam desafios e descobertas da idade em meio ao processo de redemocratização do Chile. Jinn (EUA, 2018), de Nijla Mu'min, aborda a vida de uma despreocupada adolescente, que se confronta com o processo repentino de conversão da sua mãe ao islamismo. Já Abrir a Voz (França, 2018) é um documentário dirigido pela afrofeminista Amandine Gay acerca das angústias, lutas, dores e belezas das negras francesas autodenominadas afropeans – negras de Europa.

A ativista francesa é também convidada para um debate no FIM20. Tendo como fio condutor o seu filme de estreia, ela solta o verbo ao tratar de temas como preconceito étnicorracial e de gênero, sexualidade e os aspectos da diáspora africana que ainda vem acontecendo no mundo desde o imperialismo europeu, com participação das cineastas negras Roberta Estrela D’alva e Viviane Ferreira.

Realizado às vésperas das eleições municipais, o Festival apresenta em seu programa especial Lute como uma Mulher três filmes nacionais de diretoras que demonstram interesse pelas escolhas que serão feitas nas urnas e as mudanças que elas poderão implicar na sociedade brasileira.

Em Eleições (SP, 2018), de Alice Riff, são mostrados os bastidores de uma disputa ao comando do grêmio de uma escola secundarista. Sementes (RJ e DF, 2020), dirigido por Éthel Oliveira e Júlia Mariano, acompanha a onda de candidaturas de mulheres pretas nas eleições de 2018 no Rio de Janeiro, após o assassinato de Marielle Franco. E Espero Tua (Re)Volta (SP, 2019), de Eliza Capai, que estreou na Berlinale com prêmio, relata a ocupação de escolas secundaristas como reação dos alunos às péssimas condições do ensino público.

A mostra Todas as Mulheres do Mundo – Curtas Kinoforum reúne seis curtas-metragens mapeados a partir de edições recentes do Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo, que destacam novos talentos femininos da direção e reforçam a importância do espaço para negras, indígenas, asiáticas, trans e periféricas no audiovisual.

Cursos, palestras e encontros

Além dos eventos com Grace Passô, Claire Denis e Amandine Gay, o FIM20 tem uma extensa programação online de cursos, palestras, encontros e mentorias com grandes mulheres atuantes no universo cinematográfico, compartilhando suas experiências com o público brasileiro, a fim de ampliar as percepções sobre a presença feminina no cinema e contribuir com a formação de novos talentos do audiovisual.

Em parceria com o Centro de Pesquisa e Formação – CPF do Sesc São Paulo e com Núcleos Criativos Latino-Americanos, as Arenas Inspiradoras – Narrativas Femininas no Audiovisual têm curadoria da cineasta Yael Steiner e da produtora Paula Martins. Serão três mesas-redondas sobre os desafios da criação, desenvolvimento, produção e difusão de narrativas de mulheres latino-americanas.

No painel Carne de Mulher, por exemplo, Juliana Rosenthal e Paula Cohen debatem a objetificação da mulher na ficção. Escritoras, diretoras, produtoras e atrizes como Clarisse Abujamra, Sabrina Fidalgo, Idê Lacreta, Mariana Viñoles, Gabriela Aguerre e Gisela Pérez Fonseca integram os demais painéis. As inscrições serão realizadas através do site do CPF do Sesc São Paulo a partir do dia 01 de novembro, com vagas limitadas.

Entre os Cursos desta edição estão Roteiro Cinematográfico, comandado pela cineasta Anna Muylaert, com acesso online via plataforma Navega; Pitching Audiovisual, com a produtora Krishna Mahon; e Olhar Feminino, Representação e Arquétipos no Cinema, com a crítica Lorenna Montenegro. Todos são gratuitos e têm vagas limitadas.

O Paradiso Multiplica, iniciativa em parceria com Projeto Paradiso, também oferecerá cursos gratuitos, que serão transmitidos via redes sociais. São eles: Estratégias Internacionais para o Cinema Brasileiro, com Lidia Damatto; Desenvolvimento de Roteiro, com Helen Beltrame Linné; e Análise de Piloto de Série com Ana Julia Travia.

O FIM20 traz ainda Webinários realizados em parceria com o +Mulheres – Lideranças do Audiovisual ao longo do mês de novembro. O primeiro deles traz Gabriela Manssur, promotora de justiça e criadora da plataforma justiça de saia, apresentando os desafios e propostas do recém-lançado movimento #MeeTooBrasil de apoio às vítimas de abuso sexual no país, principalmente aqueles cometidos por abuso de autoridade, hierarquia no trabalho, superioridade econômica e liderança religiosa ou espiritual.

Serviço
FIM – FESTIVAL INTERNACIONAL DE MULHERES NO CINEMA
2ª edição, de 10 a 17 de novembro de 2020
Informações: www.fimcine.com.br
Plataforma de exibição: www.innsaei.tv | Gratuito
Redes sociais: facebook.com/fimcine e instagram.com/fimcine

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