Cursos na área de artes visuais no Sesc durante o mês de janeiro

Dezembro 11, 2018

Arte de vanguarda e crítica de arte no Brasil; narrativa do livro de artista; origem do cartaz como meio de comunicação do design gráfico moderno; relações dos trabalhos artísticos nas cidades e seus imaginários urbanos; fotografia e arte de Geraldo de Barros e José Oiticica Filho; cerâmica de mulheres artistas latino-americanas; estão entre os temas de cursos e palestras.

Confira a programação completa:

A arte de vanguarda e a crítica de arte no Brasil (1950/1970)
De 14 a 16/1, segunda a quarta, das 19h às 21h30
Inscrição - R$50,00 / R$25,00 / R$15,00

A arte brasileira de vanguarda dos anos 1960/70 caracteriza-se por uma profunda experimentação de linguagem e técnica e por um amplo questionamento de noções que haviam sido capitais para a arte moderna. Se Lygia Clark e Hélio Oiticica, figuras emblemáticas do movimento neoconcreto, iniciam a década de 1960 buscando reformular a relação entre espectador e obra de arte, os artistas da vanguarda neofigurativa trazem o cotidiano para a arte, interessando-se por temas populares, servindo-se de materiais banais e apropriando-se de imagens midiáticas. A decretação do AI-5, em 1968, provoca uma verdadeira fratura no cenário artístico e intelectual brasileiro, levando diversos opositores do regime à prisão ou ao exílio. Jovens artistas reagem à tensa conjuntura política procurando driblar a censura por meio de proposições efêmeras, mas de grande potencial critico. O curso aborda estes assuntos por meio da análise de obras e discussão de textos de críticos de arte atuantes no período.

14/1 - Entre bichos e parangolés: algumas reflexões sobre o neoconcretismo.

O debate entre concretos e neoconcretos; a atuação de Mário Pedrosa e Ferreira Gullar em defesa da arte abstrata de caráter construtivo; atualização artística e afirmação cultural; a crise da pintura de cavalete e a teoria do não-objeto; arte e participação do público; a arte como potência de transformação de comportamentos.

15/1 - Arte engajada e transformação social: a nova figuração brasileira.

As exposições de vanguarda como arena política; o retorno à figuração e a relação entre arte e vida quotidiana; a irreverência como forma de contestação; Ferreira Gular e sua defesa da cultura popular; vanguarda e subdesenvolvimento; o espectador como participador; a representação do espaço privado e o uso do espaço público; as manifestações coletivas e o corpo na arte.

16/1 - Arte e ditadura militar no Brasil. O artista como "guerrilheiro".

Arte e experimentalismo diante da censura; Frederico Morais e a noção do artista como um "guerrilheiro"; arte conceitual e conceitualismo na América Latina; a crítica à ideia de arte como mercadoria; arte pública e proposições efêmeras; a crença no poder revolucionário das manifestações artísticas dos países subdesenvolvidos.

Com Maria de Fátima Morethy Couto, doutora em História da Arte pela Universidade de Paris I - Panthéon/Sorbonne. Professora Livre-Docente do Instituto de Artes da Unicamp.

Poéticas Visuais: A Narrativa no Livro de Artista
De 28/1 a 1/2, segunda a sexta, das 14h às 17h
Inscrição - R$60,00 / R$30,00 / R$18,00

O Livro de Artista surge como linguagem na Arte Contemporânea na década de 1960. Nem sempre aparece no formato do livro tradicional; são exemplares únicos ou pequenas edições ou ainda livros-objetos, que possibilitam reunir arte e literatura, registros gráficos, memórias, notas, desenhos, pinturas, ilustrações; independente do suporte ou técnica utilizada abarca a poética pessoal de cada artista.

O objetivo da oficina tem como premissa a busca de uma poética pessoal na construção de um livro de artista, com o desenvolvimento da narrativa visual a partir do resgate da memória subjetiva de cada um, incluindo registros diários de suas vivências. Como recursos de composição gráfica para a construção do livro serão apresentados o desenho criativo, colagem, técnicas mistas, encadernação de caderno simples e concertina (sanfona).

Com Lauro Monteiro, artista plástico, gestor e produtor cultural. Como ilustrador tem realizado trabalhos para capas de livros acadêmicos, edições e publicação para o SEBRAE/RJ; SESC/SP, dentre outros. Participa do movimento mundial Urban Sketcher, tendo sido orientador de encontros internacionais em Portugal, onde é curador e organizador do projeto Coletivo Brasil, na cidade de Torres Vedras.

Com Marcia Rosenberger, artista visual, editora e arte-educadora. Desenvolve as linguagens da aquarela, fotomontagem e livro de artista. Formada em Artes Plásticas e Pós Graduada em Estética e História da Arte / Fatea-SP. Cofundou e coordenou o grupo Urban Sketchers Santo André entre 2015/16. Participa de exposições individuais e coletivas no Brasil e exterior; além de feiras de artes gráficas e publicações independentes com seu selo editorial Loreley Books.

Cartaz: A imagem pública. História, política, design e propaganda
Dias 29 e 31/1, terça e quinta, das 14h30 às 18h30
Inscrição - R$50,00 / R$25,00 / R$15,00

Os objetivos do curso são três: relatar a origem do cartaz como meio de comunicação fundamental do design gráfico moderno; ensinar como um cartaz pode ser construído articulando-se imagem e escrita, e mostrar imagens de cartazes significativos produzidos no contexto histórico de movimentos políticos, conflitos, protestos e campanhas conscientizadoras. A reflexão e discussão sobre a história da imagem gráfica possibilitará o desenvolvimento de repertório de cultura visual necessário tanto à compreensão e projeto da mensagem gráfica. O cartaz é meio de comunicação prestigiado no cenário cultural das metrópoles contemporâneas, trazendo arte e ideias para o espaço urbano e tornando visíveis as novas linguagens visuais .

Com Carlos Perrone, designer gráfico, formado em arquitetura e urbanismo e mestre em comunicação. Professor de pós-graduação em arte e design. Tem livros publicados: São Paulo por dentro- Guia panorâmico de arquitetura, Senac. Psicodélicas-Um tipo muito louco, Rosari. Fernando e Humberto Campana, Folha de São Paulo.

Arte para uma cidade sensível
De 29 a 31/1, terça a quinta, das 19h às 21h30
Inscrição - R$50,00 / R$25,00 / R$15,00

O curso tem por objetivo refletir sobre como diferentes trabalhos artísticos se relacionam com as cidades e seus imaginários urbanos para pensar os desdobramentos destas obras nos campos simbólicos e políticos nos quais estão inseridos. A partir de uma análise histórica das transformações nas relações entre práticas artísticas e espaço urbano, o curso busca ampliar as referências de pesquisa e de compreensão do papel da arte no imaginário político da cidade e na formação da sensibilidade urbana.

29/1 - O artista é um propositor de ações: matrizes políticas da arte brasileira.
A arte brasileira sempre esteve ligada a utopias de transformação social através do ato criativo. Neste encontro introdutório serão abordadas práticas artísticas matriciais para a compreensão da arte política brasileira. Há nos anos 60/70 o desejo de desmaterialização do objeto, a "saída do quadro" e a utopia de produzir uma arte democrática a ser experienciada e não apenas contemplada. Os artistas já estavam preocupados em reivindicar o espaço da arte na cidade, criando cortes nos espaços e nos tempos urbanos. Na tentativa de repoetizar o cotidiano, dissolvendo a arte na vida, para desconstruir as categorias de arte como algo fechado, criando novas modalidades que mesclavam o tempo, a cor, a situação. Serão apresentados trabalhos de artistas como Flávio de Carvalho, Nelson Leirner, Hélio Oiticica, Lygia Clark, Artur Barrio, Cildo Meireles, Lygia Pape, e eventos como os "Domingos de Criação", "Do Corpo a Terra" e coletivos como o 3NÓS3, Viajou Sem Passaporte, Tupinãodá. A proposta é buscar compreender como esses trabalhos se relacionam com as práticas artísticas atuais e criam um ambiente fértil para essas produções.

30/1 - Artistas, coletivos e a disputa simbólica pelos espaços das cidades.
No final dos anos 90 e início dos anos 2000 vimos florescer uma série de coletivos e iniciativas de artistas em todo o território nacional, trabalhando em rede e realizando suas ações nos espaços púbicos. O surgimento de diversos coletivos foi paralelo a um momento de democratização da internet em todo mundo e uma nova forma de se comunicar e trocar informações. Neste momento havia no Brasil também uma série de políticas públicas para a difusão do conhecimento e projetos do Ministério da Cultura que incentivavam o compartilhamento de material cultural, a cultura do copyleft e da disseminação da informação. Isso influenciou muitos os jovens artistas desta época, que criaram uma série de projetos em rede. Daí vêm muitas das práticas artísticas que tomam o espaço público, pois havia o desejo de se criar uma forma de arte que fosse mais democrática, livre e conectada com a população. Havia muita apropriação e uma liberdade de se criar e se colocar no mundo. Sem as amarras que a autoria poderia criar no seu fazer artístico.

31/1 - Enxergando o invisível: Arte, direito à cidade e resistência política.
A arte sempre se conecta com a realidade em sua volta. Neste momento político no Brasil, há um retorno às ruas com as lutas contra o fascismo e a necessidade de mostrar aquilo que está inviabilizado pelas práticas de comunicação hegemônicas e pelas estruturas de poder. A questão da cultura urbana volta a ter centralidade na esfera pública, pois se mistura às questões de gênero, sexualidade e identidade. Essas são formas de se conectar com práticas que criam contrapontos às estruturas do capitalismo neoliberal. Grupos e artistas também criam obras e intervenções neste contexto. Como a arte pode influenciar os imaginários urbanos? Como a arte pode se misturar aos protestos e produzir sentidos novos? Como a cultura urbana colabora para os movimentos de resistência?

Com Brígida Campbell, doutora em Artes Visuais pela ECA-USP, professora do curso de Artes Visuais da EBA-UFMG. Recebeu o Prêmio Bolsa Produção em Artes Visuais da Funarte em 2014 na categoria produção crítica. Autora de Arte para uma cidade sensível (Ed. Invisíveis Produções, 2015).

Fotografia e Arte: Geraldo de Barros e José Oiticica Filho
Dia 22/1, terça, das 19h às 21h
Ingresso - R$15,00 / R$7,50 / R$4,50

A palestra propõe uma reflexão sobre as fotografias dos artistas brasileiros Geraldo de Barros e José Oiticica Filho criadas entre os anos de 1950 e 1964 as quais, por seu caráter abstrato devido ao seu referente não ser claramente identificável, constituem um desafio ao observador. No caso do primeiro fotógrafo, será analisada a série Fotoformas, exposta no Masp, em 1950. Do segundo, serão analisadas suas Abstrações, Formas, Ouropretenses, Derivações e Recriações - nomes estabelecidos pelo próprio Oiticica Filho para suas diferentes séries fotográficas.

Procura compreender que a autoridade documental da fotografia é questionada através da criação de imagens que se colocam contra a ideia de mimese do real. Além disso, busca definir o conceito de fotografia abstrata a partir de diversos autores, bem como inserir este tipo de imagem dentro de um contexto maior das artes visuais e da própria história da fotografia, a partir de exemplos de outros fotógrafos.

Com Carolina Martins Etcheverry, mestre em História, Teoria e Crítica da Arte (IA-UFRGS) e doutora em História (PPGH-PUCRS). Atualmente realiza estágio pós-doutoral junto ao PPG em História da PUCRS, pesquisando fotojornalismo no Brasil dos anos 1970.

Desvios do Barro: Mulheres Artistas Latino-Americanas
Dia 23/1, quarta, das 19h30 às 21h30
Inscrição - R$15,00 / R$7,50 / R$4,50

Nesta palestra será apresentada pesquisa de doutorado da ceramista Flávia Leme, que partiu das obras de sete mulheres artistas, cujas poéticas estivessem relacionadas às questões de suas raízes culturais, do feminismo e de rituais. A análise da arte da cerâmica ocorreu por um viés diferente dos modelos eurocêntrico e androcêntrico e das tradicionais correlações do barro com artesanato e design.
Deste modo, este estudo destacou algumas práticas da cerâmica contemporânea da América Latina, constatando os desafios da pouca bibliografia vigente sobre o tema, apontou diálogos culturais entre as mulheres artistas e a transcategorização das obras apresentadas, além de apresentar a produção artística da autora, inserindo-a neste contexto.

Com Flávia Leme, artista visual, ceramista e professora de cerâmica na Escola Guignard - UEMG. Doutora em artes visuais no Instituto de Artes da Unesp, é também Mestre e Bacharel pela mesma Instituição e Área. Pesquisadora em artes, com ênfase em mulheres artistas latino-americanas que se utilizem do barro como meio de expressão na cena contemporânea.

Serviço:
Recomendação etária: 16 anos. 30 vagas por atividade.
Tradução em Libras disponível. Faça sua solicitação com no mínimo dois dias de antecedência da atividade através do e-mail centrodepesquisaeformacao@sescsp.org.br.
Informações e inscrições pelo site (sescsp.org.br/cpf) ou nas unidades do Sesc no Estado de São Paulo. Serviço de van até a estação de metrô Trianon-Masp, de segunda a sexta, às 21h30, 21h45 e 22h05, para participantes das atividades.

Centro de Pesquisa e Formação do Sesc
Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – 4º andar.
Horário de funcionamento: de segunda a sexta, das 10h às 22h. Sábados, das 9h30 18h30. Tel: 3254-5600.

Fonte: Sesc