Televisão
por Elmo Francfort Ankerkrone
Maio 11, 2001
Índice das matérias já publicadas
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Os Heróis da TV
Oi pessoal! Hoje de novo estou
aqui para lembrá-los de mais uma curiosidade de nossa televisão: os super-heróis.
Aqueles que os telespectadores mirins adoravam imitar... Só que não falarei
aqui dos heróis "enlatados", como Super Homem, Batman e outros... Vou
falar dos heróis 100% brasileiros. Na outra semana já falamos do mais
conhecido deles, o Vigilante Rodoviário. Agora apresentaremos uma nova galeria
de heróis.
De capa e espada
Sabem
o Zorro? Bem, o Brasil também tinha o seu...Só que não era bem o Zorro, mas
sim um cavaleiro mascarado, codinome Falcão Negro. Através da
TV Tupi, canal 3, por quase uma década o Falcão Negro combateu o crime em seu
reino medieval. E como não existia uma rede única, só uma padronização
geral, existiam diversos "Falcões" pelo Brasil. Em São Paulo José
Parisi e no Rio de Janeiro Péricles Leal. Da mesma forma que Carlos Miranda no
"Vigilante", José Parisi era não só o personagem, mas também o
diretor da série. [à direita, foto do Falcão Negro. Capa do disco "As Aventuras do Falcão
Negro". Discos Continental - 1962].
Nos fundos do "Palácio do
Rádio", no Sumaré, eram gravadas as cenas do Falcão Negro. Era um espaço
bem pequeno, onde hoje é a portaria da ESPN Brasil, ali na esquina da Rua
Piracicaba com a Rua Catalão - paralela à Alfonso Bovero. E neste pequeno
terreno, uma espécie de "quintal" da TV Tupi José Parisi lutada com
seus inimigos. Se improvisava uma região montanhosa, fazendo grandes montinhos
de terra em meio a todo àquele espaço. Minha mãe se lembra até hoje
quando meu tio a levou até o fundo do terreno para mostrar onde se fazia o
"enorme" cenário da série, como aparentava na TV. A projeção
ficava ali perto, no fim do corredor.
Em 18 de setembro de 1990, no
extinto programa "Canal Livre" da Bandeirantes, fizeram uma entrevista
com Parisi e ele afirmou que "a equipe da Tupi era louca... Uma vez
quiseram que o Falcão Negro lutasse com um urso de verdade. E eu não quis!"
Caso vocês não saibam, José Parisi ficou na Tupi até sua falência em 1980,
sendo que dirigiu muitas novelas, entre elas a primeira versão de "O
Direito de Nascer" (1964).
Alô,
alô Sumaré!
Falando em Sumaré, não dá
para deixar de lado o personagem de Wilson Vianna, o Capitão Aza,
que sempre bradava os telespectadores com o refrão de abertura de seu programa:
"
- .. Alô, alô Sumaré! Alô, alô Embratel! Alô,alô Intelsat 4!".
E o Capitão Aza, com Z para diferenciar, tinha um grande capacete onde existia um logotipo do personagem desenhado: era a letra A, com duas asinhas apoiadas nela. O mais curioso de tudo isto é que, décadas depois, quando a apresentadora Angélica - antes de ir para a Globo - passa da Manchete para o SBT lança seu programa com a marca do "A com asinhas", que virou até símbolo de sua linha de produtos até hoje. Que originalidade, hein? [À direita, anúncio do Capitão Aza. Arquivo Canal 1.]
Na nave do Capitão 7
E a Record não ficava atrás não. Na mesma década dos grandes heróis da Tupi, lança o moderníssimo Capitão 7, com Ayres Campos e sua assistente, que era interpretada pela então garota-propaganda da Record, Idalina de Oliveira. O Capitão 7 tinha sua nave, onde observavam as atitudes dos demais humanos na terra, inspirado em séries de heróis americanos (com certeza!). Quando encontrava alguém em apuros, descia da nave, vestia seu capacete - que até parecia um pouco o do National Kid -, e sua inconfundível roupa com um 7 no meio e um raio atrás deste. O número 7 era por causa do canal, é claro. Assim todos associavam o Capitão 7, como o "herói da Record", "herói do 7".
Foto do Capitão 7. Arquivo CCSP (1955) |
Era preto e branco na época,
mas para que os curiosos saibam, a roupa na verdade era da coloração azul e
preta... "Eu vi! Eu toquei na roupa do Capitão 7!" Digo isto porque
fui na exposição TV 50 Anos, pouco divulgada e que aconteceu em
setembro de 2000, no Museu da Caixa Econômica Federal na Sé. A exposição,
organizada pela APPITE (dos pioneiros da TV) deixou exposta roupas de
personalidades, entre elas a que me referi aqui.
O Herói do Sertão
Tirando
alguns detalhes, os heróis brasileiros no fundo eram iguais aos americanos. Só
existiu um que iria contra esta regra: o herói 100% brasileiro mesmo! "Jerônimo,
o herói do sertão"! E a série passou na televisão brasileira
diversas vezes, na década de 60 e 70 na TV Tupi e na década de 80, no mesmo
canal 4, agora TVS/SBT. Foram diversas versões diferentes. Sendo que na última,
a da TVS, o "sertão" era tão bem feito, que ninguém imaginaria que
era em Cabreúva, uma região cheia de verde. [À direita, capa
da revista de número 1 de Jerônimo, o Herói do Serão (1957). Arquivo Canal
1.]
Jerônimo nasceu na Rádio Nacional do Rio de Janeiro, criado por Moisés Weltmam. Este tenha sido o mais marcante seriado de heróis da rádio brasileira. Jerônimo sempre andava ao lado de seu fiel companheiro, Moleque Saci, e de sua amada, Aninha. Ele sempre percorria os sertões do Brasil, sempre se envolvendo nas aventuras perigosas que encontrava no meio do caminho. Ouça aqui um trecho de um episódio de Jerônimo na Rádio Nacional. Era inconfundível sua leveza com a pistola e também o berro:
- Jerônimoooooooooooooooooooo!!!!!!!!
Resquícios da O.V.C.
É difícil de acreditar, mas
sobrou no incêndio da Globo paulistana, em 1969, um único registro das grandes
produções da O.V.C (Organização Victor Costa), dona da TV Paulista, antes da
Globo comprar. Hoje, na Cinemateca Brasileira esta preciosidade está guardada.
E sabe do que se trata? De uma série de heróis brasileiros feita em 1960 pela
Paulista, já com o uso do video-tape, é claro. E esta série se chama Águias
de Fogo, onde aviões caça "atuavam" no ar e na terra se
desenrolavam as missões e historinhas dos integrantes da Aeronáutica e da FAB
(Força Aérea Brasileira).
Heróis do Rádio
E destacamos aqui também dois programas
de heróis da rádio brasileira. Em 1956, pela Rádio Nacional (RJ), As
Aventuras do Anjo fazia sucesso, sempre iniciado pela frase:
"- Meliantes, Tremei!
No ar, aaaaas Aventuras do Anjo!"
A série contava a história de
um milionário bonitão, interpretado por Álvaro Aguiar, e seu fiel
assistente Metralha (Osvaldo Elias), que sempre se envolviam em episódios
perigosos e, no final, acabavam desvendando os mistérios e prendendo os
bandidos. Este seriado era não só protagonizado, mas também escrito por Álvaro
Aguiar, ficando no ar por 17 anos. Ouça um trecho aqui.
Outra curiosa série era "Acredite
se quiser! As Américas em guerra!", produzida por Robert Ripley
nos Estados Unidos. Este programa era veiculado por uma rede de emissoras
ligadas aos países aliados, em plena 2ª Guerra Mundial, incentivado às crianças
ao dever cívico. Ouça um trecho do episódio “A
Mulher Americana e o Esforço de Vitória”.
Outros Heróis da TV
A TV brasileira possuiu muitos
heróis. No Tupi carioca, eles tinham o Capitão Estrela para
defender as crianças dos malvados - e é claro que este programa era
patrocinado pelos Brinquedos Estrela. Tinha também o Capitão Furacão,
da TV Globo carioca. No início da TV Gazeta, com a chegada das cores,
nasce o Capitão Arco-Íris, com seu capacete vermelho. Foram
tantos heróis que aposto que esqueci boa parte deles nesta coluna. Só
ressaltei aqueles que mais marcaram as famílias brasileiras, principalmente as
paulistanas.
Se você sabe de mais algum
outro herói e quiser nos contar, me escreva! Terei o prazer de publicar
mais detalhes esquecidos de nossa televisão. Estarei esperando seus e-mails,
leitores e leitoras! E como diria o americano Capitão Planeta: "O
poder é de vocês!" Me escrevam!
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