Mário Covas
por Luiz Fernando Bindi
Março 06, 2001

O coração do verdadeiro paulista está quebrado, machucado e por incrível que pareça, aliviado.

Mário Covas se foi. Homem lutador, de fibra. Falar que ele brigou até o fim, brigou contra a doença sem esmorecer é cair num lugar-comum que pode ser tornar um mesmismo irritante.

 Dizer que Mário Covas foi um político diferente, que não fazia intrigas de coxia, que não mentia nem tinha medo de ser impopular é algo que todos nós já ouvimos. Falar que Covas era honesto, puro de ideais, coerente, aglutinador e respeitado também esbarra em coisas já ouvidas em algum lugar.

O que eu quero falar é do homem Mário Covas, que a bem da verdade, mal conheci. Durante o início da minha “vida eleitoral”, ou seja, quando comecei a votar, freqüentei o partido ao qual Mário Covas pertenceu e foi exemplo.

E nesse período (quando o Brasil voltava à democracia graças, entre outros, à Mário Covas), tive o convívio mais próximo desse inesquecível político. Um homem simplíssimo, que no meio de uma campanha para presidente, descia à Rua da Consolação, onde havia um comitê eleitoral, para conversar com as pessoas e comer seus adorados pastéis.

Conheci um homem que ouvia inclusive a nós, que tínhamos dezesseis anos. E que pessoa com a estatura de Covas respeitaria a opinião de jovem quase imberbes?

Conheci um homem que não tinha vergonha de usar sapatos puídos, mesmo sendo senador, que vi literalmente pisar no barro do Capão Redondo.

Um homem que era gordo, cabelos desgrenhados e rebeldes. E que a doença carregou para longe essa imagem, mas não a força, a simpática rabugice e a voz forte na defesa da democracia. Concordando ou não, ouvi-lo era sempre um prazer.

Sempre achei curioso o presidente Fernando Henrique chamar Mário Covas simplesmente de Mário. Isso me mostrava o quão humilde Covas foi.

Com sinceridade, choro muito essa perda. Não pelo político, mas pelo ser humano honesto que Mário Covas sempre será. E onde ele estiver, estará tonitruando sua voz de tenor, talvez dando bronca em São Pedro...

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