Futebol
por Luiz Fernando Bindi
Setembro 28, 2001
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Ronaldinho, ou Felipão à beira de um ataque de nervos

Oi, gente, tudo bem?

Como já havia adiantado na última coluna, Felipão, o "pai de todas as retrancas", convocou Ronaldinho, da Inter de Milão. A meu ver, atitude de desespero do técnico, que pretende jogar toda a responsabilidade nas costas do outrora "Fenômeno". E isso para ganhar do poderoso Chile, oitavo colocado entre dez.

Ronaldinho teve duas contusões idênticas e gravíssimas. Consultei o Dr. Márcio Orlando, fisioterapeuta e ele me disse que a contusão no joelho do atacante chega a acabar com a carreira de muitos jogadores. Ele cita Van Basten como um exemplo típico: com uma contusão semelhante (e menos grave!), o genial holandês desistiu prematuramente de sua carreira.

Depois de muito tempo sem jogar, Ronaldinho vem entrando aos poucos no time de Milão, seguindo orientação médica e graças à calma do técnico argentino Hector Cúper. Jogou poucos minutos contra o time nigeriano do Enyimba, entrou contra os romenos do Brasov e tem treinado muito. Mas não joga por 90 minutos há bastante tempo.

E Felipão convoca um jogador em recuperação para um jogo decisivo de Eliminatórias de Copa do Mundo. O que revela essa convocação? Tenho algumas sugestões:

1. Sandice: se ele pensa em colocar Ronaldinho para jogar por todo o jogo com o Chile, ele está se arriscando a perder o jogo;

2. Irresponsabilidade: se Ronaldinho jogar muito tempo, Felipão pode ser o responsável pelo sacrifício da carreira do jogador;

3. Medo: colocar Ronaldinho em campo contando com a categoria do atacante e assim, vencer o risível time do Chile, que não tem técnico e cujos jogadores recusam convocações sucessivas;

4. Necessidade contratual: no contrato de Ronaldinho com a Nike, há uma cláusula de rescisão no caso dele ficar muito tempo sem jogar pela Seleção. Como considero Felipão um homem honesto, creio que essa possibilidade não existe;

5. Infantilidade: se Ronaldinho foi convocado apenas para dar "medo" nos chilenos, creio que o caso seria convocar Pelé ou o Zé do Caixão;

6. Auto-ajuda: Ronaldinho pode ter sido convocado apenas para criar um clima bom no time para o jogo decisivo. Bobagem seria gastar uma vaga no time só por causa disso;

7. Tolice: possibilidade mais provável. Felipão convocou Ronaldinho por achar que este tem algo a oferecer para o time, que anda entupido de Élber e Jardel.

8. Publicidade: convocando Ronaldinho, Felipão desvia a atenção do time medíocre que ele comanda. Veja só: até esquecemos das horrorosas convocações de Dida, Eduardo Costa e Rivaldo.

São oito possibilidades. Todas elas imperdoáveis para um técnico de Seleção Brasileira. Futebol é outra coisa. É classe, categoria, humildade, amor e fibra. Não é superstição ou desespero.

Se no Brasil não tivéssemos Élber, Jardel, Ewerton, Marcelinho Paraíba e outras tristezas como opções de ataque, não precisaríamos de maluquices como a convocação de Ronaldinho

Pílulas de Idéias

# Cris de novo. Dida de novo. Belletti de novo. Eduardo Costa de novo. Élber de novo. De novidade, França. Que Deus nos ajude!! 

# Evair na Seleção!

# Vai bem mesmo o Santos. É o time que tem demonstrado mais prazer em jogar, parece que se encontrou em campo. Claro que, como disse o amigo Klein, precisamos ver o alvinegro praiano contra times grandes, mas Cléber, Léo, Paulo Almeida, Robert, Marcelinho Carioca e Viola formam uma espinha dorsal de muita qualidade.

# Robert pela esquerda, Marcelinho Carioca pela direita e Viola finalizando. Poucos times do Brasil tem essa qualidade no setor ofensivo da equipe.

# Além do quê: como é lindo o uniforme do Santos, disparado o uniforme mais bonito do mundo.

# Já o Palmeiras começou a fazer água. Não dá para admitir que com a saída de um jogador de qualidade como Pedrinho, o time caia tanto de produção.

# Depois que começou a ser cogitado para a Seleção, o excelente Lopes caiu demais, se escondeu atrás dos marcadores e sumiu, levando com ele o futebol do Verdão. Para ser craque mesmo, precisa ter mais do que habilidade. Senão, vira Alex.

# Mas uma fonte me soprou com exclusividade: André, ex-lateral-esquerdo do Corinthians, caso não possa jogar no Olympique de Marselha, pode vir para o Palmeiras. Seria uma contratação excelente, que colocaria o time de Parque Antártica entre os melhores do país.

# Imagine a cena: um time grande, super-campeão e glorioso, está perdendo por 2 a 0, em casa, para uma equipe simpática, porém pequena. O time grande joga com três volantes e não pode perder. Então, o técnico coloca um atacante rápido. No lugar de um dos volantes? Não, no lugar de outro atacante (incompetente, mas atacante), mantendo a retranca. Perde o jogo, é chamado de burro pela torcida e nem dá bola.

# Eu pergunto: alguém que conheça uma história semelhante discordaria da torcida? 

# É indecente e imoral a dança dos técnicos que aturamos no futebol brasileiro. Outro dia, Ivo Wortmann largou o Coritiba na mão em troca de um punhado de notas (seriam trinta dinheiros?), oferecido pelo Cruzeiro.

# Eis que Wortmann fracassa na fogueira de vaidades que é o time mineiro. O Coritiba, que só perde, demite seu técnico e contrata quem? Ivo Wortmann, de volta e tratado pelo presidente curitibano como "filho". Parece coisa de novela mexicana. Só falta o laquê...

# Ainda os "super-marketeiros". Marco Aurélio fez do Cruzeiro campeão da Copa do Brasil, num milagre contra o São Paulo e é demitido na mesma noite. Agora, volta ao Cruzeiro como salvador da pátria. Será que estamos loucos ou o lamaçal do futebol brasileiro estourou os bueiros e chegou ao nível da rua?

# Mais lodo: o Tribunal de Justiça (hahahaha) Desportiva condenou o goleiro Fábio Costa do Santos, por um jogo, pela cusparada que o destemperado arqueiro deu em Sinval, do Guarani. Um jogo por essa imoralidade?

# Já na Itália, o zagueiro Antônio Carlos, da Roma, numa atitude vergonhosa, deu uma cusparada em Vanoli, da Fiorentina. O juiz não viu, mas a TV flagrou o ato. A Justiça Italiana condenou o zagueiro por quatro jogos. Quatro! As diferenças são claras... 

# Meus amigos geógrafos Fernando Alves, Alexandre Thegun e Fernando Paternost entendem e gostam de basquete. Eu nem entendo nem gosto. Mas saber que Michael Jordan voltará, por amor ao basquete e por uma causa nobre, é de orgulhar quem ama o esporte. 

# Tudo bem que por trás disso, há uma jogada de marketing de revitalização da NBA. Não faz mal. Jordan voltou. Com ele, volta a arte e a paixão.

De Fora da Área

# O Judiciário paulista faz greve e paralisa vias públicas importantes da cidade. Reclamam de quê? Da própria lentidão, da própria incompetência ou do fim de nefastos e históricos privilégios?

Fala, Internauta!

# O leitor Maeb Gispepfu me pergunta por que Dida é convocado e Rogério Ceni não. Eu não faço a menor idéia! Dida é um frangueiro sem ritmo de jogo. Rogério é excelente e vem jogando bem. Ou seja, loucura de técnico.

# Marco Aurelio Klein, interlocutor sempre inteligente, faz algumas observações. Ele diz que no jogo Palmeiras e Grêmio aconteceram mais de 80 faltas, o que o irrita demais. O problema é outro: os medíocres árbitros brasileiros (não tem um que se salve), marcam qualquer coisa, qualquer encontrão. Futebol não é basquete! 

# O mesmo Marco Aurelio Klein diz que prefere as "micagens" do Mesa Redonda, da TV Gazeta à rasgação de seda entre engravatados do Super Técnico. Eu também, apesar que as micagens do Mesa me lembram os Gigantes do Ringue. Mas futebol, às vezes, é assim.

# Silvio Atanes, inteligente jornalista rio-pretano, santista fanático quer saber até onde vai a lua-de-mel entre Marcelinho Carioca e Viola. Segundo Silvio, Marcelinho está sempre com "a peixeira desembainhada, pronta para ser cravada nas costas de alguém". Pois é, Silvio, de fato podemos esperar qualquer coisa desse atleta.

# O dia 25 de setembro é o Dia do Rádio. Eu, que aprendi a amar esse meio de comunicação com a minha querida avó Wally, festejo esse dia como se fosse meu. O rádio emociona e incita a imaginação, informa e diverte. Enfim, nos faz feliz.

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Publicado no Sampa Online ( http://www.sampaonline.com.br )