Futebol
por Luiz Fernando Bindi
Setembro 21, 2001
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Picerni: um Super-Técnico?
Oi, gente, tudo bem?
O líder do Brasileirão
é o Palmeiras de Celso Roth. Jogando na defesa, dando chutão para cima, com um
futebol feio e desagradável de se ver.
Na Seleção, vemos o
“pai de todas as retrancas”, o honesto Felipão, mas que não gosta do
futebol verdadeiro, e sim de algo parecido com isso, um primo do rúgbi, talvez.
Jair Picerni, quando
vai ao programa Super-Técnico, da TV Bandeirantes, sempre me parece simpaticíssimo,
com seus cabelos horrivelmente tingidos, gravata esgarçada e sotaque caipira
humilde.
E como o São Caetano
joga bonito. Joga para frente, de forma quase irresponsável, mas como é
bonito. Ele manda o time atacar, manda fazer gol. Ele gosta é de drible, como
declarou no Lance! do dia 18 de setembro.
Não dá para comparar
o jogo simples dos times de Picerni, com o marketing de Luxemburgo ou Felipão,
mas são esses que ganham o respeito da torcida e até mesmo dos cronistas
esportivos.
Há quase vinte anos,
Rubens Minelli não aceitava jogadores com menos de um metro e oitenta e via em
Marião, zagueiro tão longilíneo quanto Jô Soares um exemplo de jogador para
estar na área. O pior: Marião chegou à Seleção Brasileira. Era o prenúncio
da mediocridade que hoje vive o nosso futebol.
Como diz Picerni, no
meio dos super-marketeiros, ou melhor, super-técnicos, devemos cultuar as raízes
do futebol brasileiros, que são ainda de muita categoria e qualidade. Vejamos
alguns jogadores da Seleção Sub-17: o lateral Alberoni, os meias Leonardo e
Diego e o atacante Caetano são de grande qualidade. Até que um técnico os
tire do time porque eles não “voltam para marcar” ou “não têm disposição
tática”. Aí, eles somem e precisamos agüentar cabeças-de-bagre.
Pílulas de Idéias
# Polêmica à vista:
reivindico Evair na Seleção! É um garçom como ele que o Brasil precisa.
# Vendo Juan, Lopes,
Pedrinho e Roger jogando, chego a chorar de imaginar Cris, Tinga, Eduardo Costa
e Rivaldo na Seleção.
# Absurdo o desejo de
Felipão de convocar Ronaldinho, ainda em recuperação das gravíssimas
contusões sofridas para o jogo contra o Chile. Claro sinal de desespero.
# Mais uma vez, queimo
a língua... O Santos vai bem com Cabralzinho. Mas como eu disse, esse time tem
mais estrutura que o vice brasileiro em 95, e Cléber, Léo, Robert, Marcelinho
Carioca e Viola formam uma espinha dorsal interessante.
# Por outro lado, o técnico
santista coloca regras de vestuário e de cortes de cabelo aos jogadores. Não
é por aí.
# Romário xinga,
através de gestos obscenos, a Força Jovem, torcida organizada do Vasco, que
retruca com vaias e faixas depreciativas. Algumas coisas precisam ser ditas:
# 1º Romário
ajuda as organizadas (esse câncer do futebol) com dinheiro. Parou de ajudar a
Força Jovem, foi vaiado e mal-tratado. Muito curioso.
# 2º Romário
já é bem velhinho para ficar fazendo essas bobagens, enfrentando torcedores e
gesticulando como criança.
# 3º Romário
está no ocaso da sua carreira. Ele foi gênio, um dos melhores que já vi. Mas
não estaria na hora de parar enquanto está por cima, como fez Raí?
# 4º O único
fator divertido dessa pendenga é a posição incômoda em que se meteu Eurico
Miranda. Não pode dar razão à Força Jovem, pois o Vasco deve muito dinheiro
a Romário, nem dar razão ao Baixinho, pois a Força Jovem sempre faz a
campanha para “deputado federal” do cartola vascaíno. Muito engraçado.
# Outro dia, um leitor
(Amaro Borges) disse que eu sou bairrista, por criticar Cris e poupar Belletti.
Pois vejam que o grande Gérson (que escreve para o diário Lance!), em todas as
suas colunas, pede Rodrigo do Botafogo na Seleção. Rodrigo é razoável e
Felipão, desesperado, é capaz de convocá-lo. Mas que Gérson está sendo
bairrista, não tenho dúvida. Sem contar alguns jornalistas paulistas quererem
o medíocre França no ataque da Seleção.
# Antônio Roque
Citadini, diretor de futebol do Corinthians, lançou um livro que tem tudo para
ser interessante: “Neco, o Primeiro Ídolo”, sobre o primeiro grande ídolo
da torcida corinthiana. É um trabalho de pesquisa sério que merece ser lido e
observado. Lerei e depois, passarei minhas impressões.
# Na festa de lançamento,
estava presente Orestes Quércia, ex-governador de São Paulo responsável pela
nomeação de Citadini ao cargo de juiz de um dos Tribunais do Estado. O livro
pode ser bom, mas o cartola corinthiano está mal de amigo, hein?
# A Federação
Paulista de Futebol lança o Campeonato Paulista Feminino de Futebol. Seria ótimo,
se não fosse a estratégia machista de draft (seleção) criada pela entidade:
a moça deve ter “cabelos compridos” e bonitos, coxas grossas e seios
volumosos, além de ser “graciosa” e “delicada”. Que absurdo! Beleza,
talento e inteligência nem sempre tem a ver. Caio, do Fluminense, é um
exemplo. Bonitinho, tal e coisa, mas como jogador é fraco. E tem mais: beleza
é discutível. Mia Hamm, americana considerada a melhor jogadora do mundo não
é um exemplo de beleza, assim como as brasileiras Sissi, Kátia Cilene e
Pretinha.
De Fora da Área
# Há muito venho
querendo falar sobre o Voluntariado mas não tive espaço. Agora, surge uma boa
oportunidade.
# Ser voluntário é
lindo, digno de parabéns. Mas tem que ser em silêncio, sem avisar todo mundo,
sem oba-oba, sem modismos.
# Agora, todos querem
ser voluntários, especialmente a classe média que se deu conta que existe algo
além dos muros do Morumbi e das lojas do Iguatemi.
# Outro dia, Milu
Vilela, que comanda um exército de bem-intencionados voluntários, escorregou
feio e disse sentir-se feliz ao ver que o voluntariado é tema nas mesas de
jantar do brasileiro.
# Que brasileiro tem
mesa de jantar? Que brasileiro tem jantar?
# Sensibilidade, dona
Milu. Ser voluntário é isso. Descer do seu lindo Fernando Pires e pisar na
lama, sem gritar, sem avisar. É só fazer. E pronto.
Fala, Internauta!
# O leitor Silas
Pereira, de São José dos Campos, diz que o Palmeiras ter trocado Alex por
Pedrinho foi um ótimo negócio. Eu concordo plenamente, afinal Alex é
sonolento, apesar de genial. Pedrinho não é gênio, mas é excelente e tem
sangue em suas veias. Coisa que Alex desconhece.
# Matthew Shirts, o
amigo Mateus, sobre meu texto sobre os lamentáveis atentados aos Estados
Unidos, fez uma análise muito inteligente. Ele escreveu que, quando eu falo
sobre a vontade única de vingança por parte dos Estados Unidos, estou
insinuando que os ataques foram merecidos. Jamais farei isso, Mateus. Quem
perpetrou essas mortes são canalhas covardes que não mostram o rosto. Mas os
Estados Unidos têm que deixar sua arrogância de lado e assumir que muito da
culpa é deles também.
# Amo meu pai profunda e eternamente. Existe alguém por quem nutro um amor de segundo pai, um carinho menos intenso, mas igualmente imorredouro. Parabéns, amigo Edson Brasil Gabriel.
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