Futebol
por Luiz Fernando Bindi
Setembro 14, 2001
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Tristeza, nada mais
Oi, gente.
Sem fugir do chavão,
11 de setembro de 2001 é um dia para ficar na história da humanidade e também
ser esquecido.
Estava dando aula
quando minha mãe me ligou, chorando desesperada, dizendo que estavam explodindo
os Estados Unidos, que tinham jogado um avião no World Trade Center e um na
Casa Branca (que ela confundiu com o Pentágono).
Fiquei assustado,
emudecido. E liguei na Rádio Bandeirantes, que transmitia tudo ao vivo.
Imediatamente, a lembrança que vem à memória é de filmes catástrofe, como
Independence Day e Nova York Sitiada.
E confesso, tremi. Eu
perguntava à minha mãe: “e os passageiros do avião?”. “Morreram”, ela
respondia. Chorei pelas mortes, pelo medo que aquelas almas passaram, pela
tristeza de seus pais e amigos.
O competente Milton
Jung (na CBN), exibia uma voz grave e entristecida, misturada a um pasmo que nos
atingia a todos. Pensei numa Guerra Mundial, pensei que haveriam ataques no
Brasil, Alemanha, China, Japão, Austrália. Pensei que o mundo estava perto de
acabar. Infantilidade? Talvez, mas é difícil pensar de forma racional numa
hora dessas.
Fiquei arrasado, muito
triste mesmo. Finalizei meu dia de trabalho da forma que pude e preciso, por
amor aos meus alunos e fui para casa ouvindo walkman, sempre nas emissoras AM, já
que as FMs são horrorosas e simplesmente ignoraram o terrível fato. Já em
casa, assisti jornais na televisão, quando tudo era mais latente, e onde a dor
era mais funda, pois mais crua.
Por que as pessoas se
matam? O jornalista Flávio Gomes disse que baratas não se matam. Por que os
seres humanos se matam? Por que pensam? Por que querem poder?
Agora, os Estados
Unidos querem vingança, querem matar Osama bin Laden, querem bombardear o
Afeganistão, o Irã, o Iraque, o Sudão, a Líbia, o raio que o parta.
Mas não querem saber
de rever sua posição imperial e desonesta. Querem matar outros milhares de
inocentes afegãos, iranianos, iraquianos, sudaneses e líbios. Querem continuar
mandando, fazendo as coisas ao seu gosto, ao gosto do cruel capitalismo que mata
milhões de fome, como se moscas fossem.
Os Estados Unidos, nem
ninguém, mereciam essa tragédia. Mas os americanos precisam olhar para dentro
de seu próprio coração e dar uma arranjada no seu rumo, ver que existe algo
além da prepotência comprada por dólares, Ford, Esso e GM.
Pílulas de Idéias
# Saiu Geninho, entrou
Serginho, saiu Serginho, entrou Cabralzinho. De “inho” em “inho”, o
Santos se mantém na sua sina de timinho.
# Do Santos de 95 (de
onde desenterraram o sumido Cabralzinho), lembro-me da classe de Giovanni e da
boa fase de Capixaba, Camanducaia, Marcelo Passos e Robert. O time jogava
organizado e não foi campeão porque Márcio Rezende de Freitas, juiz da final,
entregou o título ao Botafogo.
# O atual time do
Santos é bem melhor, mas 17 anos de fila são um adversário de respeito, que só
um time acima da média pode vencer. Com equipes medianas e técnicos idem, fica
difícil.
# Dr. Francisco e Dr.
Cláudio Raposo, pai e filho, amigos meus, santistas: lamento, mas a maioridade
será atingida esse ano.
# O técnico do
Palmeiras (Celso Burroth, segundo o amigo Klein) e alguns jogadores dizem que
jogar feio e ganhar é o esquema ideal. Por isso que estamos nessa fase macabra
do futebol brasileiro.
# Celso Roth e Felipão
disseram que o Brasil de 94 foi campeão jogando feio. Não concordo: a Seleção
de Parreira era pragmática, não fazia grandes malabarismos nem mostrava
intimidade com a bola. Mas tinha Romário, Bebeto, Branco, Mazinho, Jorginho, Márcio
Santos e outros jogadores de qualidade no banco (Leonardo, Viola e Ronaldinho,
por exemplo).
# No Brasil de 94, não
víamos chutões nem violência. Não víamos Cris, Roque Júnior, Eduardo Costa
e outros trastes. Aliás, nem na miseravelmente indelével Seleção de Lazaroni,
víamos coisas horrorosas como as supracitadas.
# Sobre o Palmeiras: a
torcida chama o técnico de burro, apesar da primeira colocação no Brasileiro.
Eu não canso de repetir: contra o Universidad do Chile (quem?, perguntará
minha mãe), Roth colocará três volantes e apenas um atacante. Deve ser porque
a Universidad é um time “muito” perigoso.
# O Corinthians não
se acerta. Ganhou do Coritiba na bacia das almas e não conseguiu passar pelo
Colo-Colo na Mercosul. A torcida pede jogadores de nível e reclama da saída de
Marcelinho Carioca. A parceria com a HMTF faz água, Citadini briga com
Luxemburgo.
# A torcida
corinthiana tem muito o que reclamar de seu time. Mas precisa entender que
Marcelinho Carioca faz parte do passado. Reclamar da saída do meia-atacante é
como dizer que domingo o Corinthians jogará desfalcado de Rivellino, Sócrates
e Neto.
# Há dois jogadores
no Corinthians que precisam ser vistos com mais atenção: Gil e Fabinho. São
ótimos!
# Tem mais: Luxemburgo
ser técnico e também ser o responsável pelas contratações do Corinthians não
é bom, pois deixa uma névoa de dúvidas muito forte. Técnicos indicam
jogadores, não contratam atletas. Isso é antiético, isso é Luxemburgo.
# Fontes importantes
me garantem: Celso Roth sai pela Francisco Matarazzo, Wanderley Luxemburgo entra
pela Turiassu. E dessa vez, não é notícia plantada.
# Zizinho, eterno
mestre, que Pelé diz ter sido seu grande ídolo, fez 80 anos nesta semana, com
muita lucidez e inteligência. O futebol comemora e agradece.
# O gol de Nonato, do
Bahia, contra o Atlético Mineiro foi um primor, ainda mais por ter sido
proposital. Um chapéu no zagueiro atleticano Marcelo Djian e um chute de
sem-pulo. Belíssimo.
# Felipão: esse gol
mostra que o futebol-arte está por aí. E não em Élber ou Marcelinho Paraíba.
# Aliás, muitos,
inclusive eu, criticamos Felipão e seu amor pelo futebol-morte. Mas alguém
esperava algo diferente quando ele assumiu? Não era assim no Criciúma, no Grêmio
e no Palmeiras? Então, qual a surpresa?
# Alguns defendem a
convocação de Edmundo (que vem jogando bem no Cruzeiro) para a Seleção. Para
quê? O bom do Cruzeiro, que deveria ser convocado, é Ricardinho, um trilhão
de vezes melhor que o tosco Eduardo Costa.
# O Brasil Open de
Costa do Sauípe sem dúvida é importante para o Brasil e para o
desenvolvimento do esporte no país. Mas Costa do Sauípe é longe demais, os
preços dos ingressos são abusivos para a realidade brasileira e os jogadores são
de segundo escalão. Mas quem sabe com o tempo, os organizadores percebem que
vivem no Brasil e não na Europa.
# Na terça-feira mais
triste do século XXI, morreu José Ermírio de Moraes Filho, ex-presidente da
Federação Paulista de Futebol e conselheiro vitalício do Corinthians.
Certamente, fará falta.
Fala, Internauta!
# Ricardo Pandolfi
disse que a coluna sobre a derrota da Seleção para a Argentina foi “raivosa
e divertida”. Agradeço os elogios.
# Marco Aurelio Klein
fala da informação exclusiva divulgada na semana passada. Ele diz que Mário Sérgio
e Luxemburgo são uma dupla e tanto. E o pior, Klein: ambos se acham reencarnações
de Bela Gutmann, Telê Santana e Rinus Michels.
# Klein diz que Owen,
da Inglaterra, pode ser o nome da Copa. Sem dúvida, o jogador é excelente,
ainda mais num time que o deixa jogar. Figo, de Portugal e Ortega, da Argentina,
são outros bons nomes.
# Ainda Klein: “...Felipão
parece completamente perdido, você não acha?”. Com honestidade, acho que não.
O técnico sempre foi assim: bola pro mato, chutão para ganhar leitão e meio a
zero é goleada.
# O inteligente leitor
Fernando César, aparentemente de Minas Gerais, diz que acuso Cris de ser
grosso, “porque joga no Cruzeiro, se fosse no Corinthians era o máximo.”
Cris sempre foi o máximo. O máximo da ruindade. Saiu do Corinthians como
contra-peso do pavoroso João Carlos.
# O mesmo leitor diz
que Veloso é o melhor goleiro do Brasil. Veloso, do Atlético Mineiro, é ótimo,
mas sempre falha em jogos decisivos e não tem a presença de espírito necessária
aos goleiros (lembram do grande Carlos, de Ponte Preta e Corinthians?).
# O leitor diz que sou
bairrista por não pedir Marques no time. De fato, não peço Marques, pois o
considero fraco, apesar de melhor que seu companheiro de ataque no Galo,
Guilherme, o Jardel Gordo. Se eu fosse bairrista, talvez defendesse os péssimos
Belletti e Roque Júnior.
# César culpa Telê
Santana pela derrota de 82 por ter deixado Reinaldo no Brasil. Além da derrota,
82 foi a morte do futebol lindo que Telê defendia. Não foi não ter levado Leão,
Jorge Mendonça ou Reinaldo que fez aquele maravilhoso time perder. Foi o
imponderável do futebol. E como garante o amigo Klein, o time da Itália era
muito bom.
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