Futebol Ética e informação precisam andar juntas. **Antes de qualquer
coisa, quero agradecer o carinho recebido por alguns leitores devido ao
falecimento da minha avó no dia 11. Um beijo especial para os colegas João
Wiegerinck e Eliana Gonçalves e os amigos José Maria de Aquino, Viviane Mazin,
Ernesto Sabbal e Jorge Marmion, do SampaOnLine, que além de editor, se mostrou
um amigo.** Invado um pouco a
seara do amigo Wiegerinck. Na vida profissional, creio ser possível que
possamos agir sempre com a máxima honestidade e humildade. Agir com ética, decência,
retidão de caráter acima de tudo. E na informação
jornalística, seja esportiva ou não, isso claramente não muda. Já me dizia o
mestre Elias Awad que devemos ser éticos sempre, pois trabalhamos com a informação,
às vezes a única que chega às mãos ou aos olhos dos leitores. Um conhecidíssimo
jornalista conta a história que seduziu uma secretária de uma federação de
futebol a fim de conseguir uma informação exclusiva, o chamado “furo”.
Seria isso ético? Seria isso honesto? Não creio. Ser ético deve ser uma linha
a ser seguida, custe o que custar. Felipão, o técnico
da Seleção Brasileira, pelo seu jeito simplório, às vezes fala demais, fala
bobagens e acaba criando inimizades dentro do chamado “quarto poder”. E se
ele pega alguém pouco ético pela frente, acaba em situações mais do que
espinhosas. Antes do jogo em que o
Brasil venceu, às duras penas, a fraca seleção do Chile, o jornal O Dia, do
Rio de Janeiro, publicou uma entrevista do técnico Carlos Alberto Parreira com
o jornalista Márcio Guedes (que foi da extinta TV Manchete). O olho ou chamada
da entrevista dizia que Parreira afirmava que aceitaria um convite para ser
novamente técnico da Seleção. Quem lesse a
entrevista (uma obrigação para o bom disseminador de informações),
perceberia que em nenhum momento, Parreira dizia o que a manchete da notícia
tentava fazer crer ao leitor. Ou seja, era uma chamada sensacionalista, para
criar um frisson. Desde que ouvi a notícia
(e até então, não lera a entrevista), duvidei que Parreira pudesse ser tão
anti-ético, já que ele sempre se mostrou muito digno e honesto. Flávio Prado,
Milton Neves e Paulo Calçade, entre outros, comungavam da mesma opinião. Eis que na coletiva ao
final do referido jogo contra o Chile, o repórter Leandro Quesada, da Rádio
Bandeirantes, numa pergunta a Felipão, diz que Parreira afirmou que aceitaria
um convite assim que ele fosse feito pela CBF. A coletiva, que vinha
sossegada, praticamente acabou. Felipão ficou irritadíssimo (com razão, pois
não sabia da suposta afirmação de Parreira), chamou o técnico de
“esperto”, entre outros adjetivos bem menos elogiosos. Minutos depois, o
apresentador Milton Neves, da Rádio Jovem Pan, leu a íntegra da entrevista no
ar, deixando evidente que Parreira jamais disse o que se afirmava. Márcio Guedes foi ético
ao colocar no seu texto uma “chamada para vender jornal”, como se diz no
jargão? E Leandro Quesada, leu a entrevista antes de fazer a venenosa pergunta?
Se leu, por que fez a pergunta, com que intenção? Pôr fogo numa entrevista até
então chôcha? E se não leu, deveria ter ficado em silêncio. Pelo bem da ética.
Pelo bem da informação. Pílulas de Idéias # Como eu disse, Felipão
fala bobagens. Agora, disse que em 58, 62 e 70 qualquer um era campeão. # Uma asneira bruta, sem dúvida. Em 58, tivemos Pelé e Garrincha juntos! Um goleiro acima da média, zagueiros de altíssimo nível, laterais modernos (especialmente o ofensivo Nílton Santos, o precursor dos atuais alas), um meio-campo esplêndido (com Zito e Orlando), além de um ataque que se dava ao luxo de ter Pepe na reserva de Zagallo, com Didi, Garrincha e Pelé. Só isso. Assim, qualquer um é campeão. De fato. # Felipão disse que
aquele futebol é do “tempo que se amarrava cachorro com lingüiça”. Pode
ser que ele não tenha querido ofender os monstros do futebol. Mas, usando outro
ditado, “em boca fechada não entra mosca”. # Felipão quer ficar
de três a quatro semanas com a Seleção completa, treinando para os jogos
contra as poderosas e temíveis Bolívia e Venezuela. E os clubes, que pagam salários
aos jogadores, ficam desfalcados em momentos decisivos? # A Liga Rio-São
Paulo começa nojenta. A inclusão do Etti “Parmalat” Jundiaí e a exclusão
do São Caetano é imoral. # Os Estaduais estavam
tornando-se anacrônicos e o seu enfraquecimento era inevitável. # Se os Estaduais
fossem classificatórios para a 3ª divisão do Campeonato Brasileiro
e para a Copa do Brasil, seriam muito atraentes e não ficariam esvaziados. # É delicioso ver o São
Caetano vencer, jogar bonito e liderar. O trabalho da diretoria do Azulão é sério
(algo inédito entre nossos cartolas) e pode render grandes frutos. # Mas sem oba-oba! O São
Caetano é pequeno e o peso da camisa é ponto chave em decisões. Mas torço
pelo simpático time do ABC. # Mais uma vez,
Nelsinho arruma briga por onde passa. Lembro que no Palmeiras arrumou birga com
Evair, o maior ídolo dos anos 90 da torcida do Verdão. # Agora, arruma confusão
com Carlos Miguel (que não é flor que se cheire, realmente), Gustavo Nery e
Rogério Pinheiro. Nelsinho é um técnico medíocre –como tantos outros. E a
diretoria tricolor começa a fritá-lo em óleo fervente. # Hélio dos Anjos sai
do Vasco dizendo que tem salários atrasados e Romário denuncia corrupção nas
categorias de base, almejando ser dirigente após o fim de sua carreira. Sobre
corrupção, não duvido, já que a direção vascaína é bem desse estilo. # Fico feliz com a
China na Copa do Mundo. Afinal, é sempre interessante ver países se destacando
no futebol pela primeira vez. Mas se a China fosse um país democrático, que
respeita seu povo e sua história seria bem mais bonito e digno de comemoração. # Estive em Amparo e
vi que o futebol, representado na 6ª divisão do Campeonato Paulista
pelo Atlético Amparo está em último plano na cidade. Procurei uma lembrança
do time pelas lojas da cidade e não achei nada. Por outro lado, camisas de
Flamengo e Grêmio eram comuns entre as do Trio de Ferro da Capital. # É uma pena que isso
aconteça. O clube tem uma bela sede social, um ginásio dos mais bonitos e um
estádio muito simpático. Merecia coisa melhor. Fala, Internauta! # O leitor Paulo
Duarte me pergunta sobre Donizete, do Palmeiras. Para mim, foi uma contratação
mais que pífia. Um atleta que nunca foi grande coisa, ainda mais em fim de
carreira. E por uma fábula de dinheiro. Coisa de empresário. Não dou dois
meses para Donizete sumir do Palmeiras. Ele dá uma desculpa qualquer e vai
embora. # Recebo o email de
Alcione Júnior, que mora na linda Porto Alegre. Alcione é lateral-esquerdo,
com passagem por times pequenos do Rio Grande do Sul. Tem 23 anos, faz faculdade
de fisioterapia e é muito inteligente, coisa rara num jogador de futebol.
# Está sem time, pois
não tem nenhum empresário (ou “bruxo”, como diz o próprio Alcione).
Garante que é veloz e chuta forte de fora da área. Independente de qualquer
coisa, vejo como é triste a situação do nosso futebol. # Por que Misso, Rovílson,
Lino e outras pérolas têm chance e milhares de Alciones estão desempregados?
Os “bruxos” que nos respondam... # Marco Aurelio Klein
diz que se mostrássemos uma fita com a classe de Evair a Felipão, Parreira e
Celso Roth, eles “não iriam entender nada”. Eu acho que seria como se eu
assistisse uma cirurgia de cérebro: até sei do que se trata, mas não faço a
menor idéia de como fazer. # Uma das minhas filosofias de vida é saber que viver é apenas uma passagem a fim de que façamos de tudo para beneficiar os seres. Retoricamente, tudo bem. Mas quando alguém muito querido se vai, nosso coração se aperta e nossa garganta se fecha em soluços. Nos esquecemos das filosofias e apenas lamentamos a distância infinita ora estabelecida. Minha avó Teresa se foi do jeito que viveu: com dignidade. Choro por ela e pelo meu pai, cujo rosto sereno não consegue transmitir o vazio que se instala no coração de um filho que perdeu sua mãe. Depois de 61 anos, ele é órfão. Mas que ele tenha certeza que atrás dessas linhas há alguém que o ama. Convide um amigo para ler esta matéria
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